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quinta-feira, 12 de maio de 2016

Deixei de ver nos teus lábios [069]


 

Deixei de ver nos teus lábios
a madrugada
e de respirar um segredo.
Já não leio nos teus olhos
nenhuma certeza
e abraço a espessa fronteira
que sangra de ausência.
Ainda que desassossegados
da mesma poesia sem muros,
mas com tijolos ternamente diferentes,
fomos iguais nas paredes de pele
que arquitectamos tocar.
Mas deixámos de querer
cascas ruidosas no ar,
capazes de provar
a duração efémera do universo.
Ensurdecido pelo trovão
de um contentamento que se desfez,
agora inalo a futura nicotina,
o meu anestésico
na mutação das margens destruídas.
 
Jaime Portela

53 comentários:

Lua Singular disse...

Oi Jaime,
Bem estruturada sua poesia, mas muito triste. Seu amor deixou de amá-lo, perguntou se a si próprio se o defeito fosse seu e ela na sua extrema angústia soltou a nicotina para você inalá-la?
Parabéns Jaime, você escreve muito bem, mas não exagere,do contrário foge da minha simples compreensão.
Beijos no coração
Lua Singular

Brisa disse...

Meu querido amigo...
Vejo amargura nas tuas palavras...mas escrito com um requinte que só tu sabes...

Agradeço-te e tambem te desejo um bom final desemana
Bjo

Suzete Brainer disse...

Caro Jaime,

Um poema belíssimo, rico de metáforas encantadoras
e inscrito do teu caminho belo e singular na poesia.

"Deixei de ler nos teus lábios
a madrugada
e respirar um segredo."
Magnífico!!

Beijo.

Marta Vinhais disse...

Porque o Universo é impiedoso e despedaça as madrugadas feitas de segredos...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

Maria Teresa Valente disse...

Poeta Jaime Portela, sempre muito profundo!
O encanto se perde na ausência...
Abraços carinhosos
Maria Teresa

Cidália Ferreira disse...

Soberba inspiração...Parabéns.. Amei.

Beijo de boa noite
http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

Maria Eu disse...

Terminar um amor pode ser assim, poético.

Beijinhos, Jaime :)

Aline Goulart disse...

Mais um belíssimo poema, Jaime. É difícil quando se tem um amor, ele se acaba no outro. Fica uma sensação de destruição total, mas o tempo passa. E com ele passa essa sensação.
Beijinhos estalados.

VITORIO NANI disse...

Olá, amigo Jaime!
Belo poema, do qual destaco, para mim, o ápice:"Ainda que desassossegados
da mesma poesia sem muros,
mas com tijolos ternamente diferentes,
fomos iguais nas paredes de pele
que arquitectamos tocar."
Um forte abraço!

Gracita disse...

A amargura e a tristeza transcende dos belos versos amigo Jaime
Um desabafo de um coração que teve o seu amor abalado pela ausência do ser amado. Parabéns pela visceral construção poética
Um grande abraço

Mirtes Stolze. disse...

Boa noite Jaime.
Um poema intenso, profundo e belíssimo. Um feliz final de semana meu amigo. Enorme abraço.

Elvira Carvalho disse...

Um poema amargo e pleno de desilusão.
Porque nem tudo é belo e duradoiro na vida. Nem sequer os sentimentos.
Um abraço e bom fim de semana

SOL da Esteva disse...

"...[Já não leio nos teus olhos
nenhuma certeza
e abraço a espessa fronteira
que sangra de ausência.]..."
Quanta dor, Amigo. Poema de grande lamento pelo que se há perdido.
Belíssimo e cru.
Parabéns, Jaime.


Abraço
SOL

Minhas Pinturas disse...

Querido Poeta: Um poeta é na maioria das vezes namorado da tristeza, e nela se inspira e apesar de serem melancólicos seus versos são também belos, pois a beleza existe na inspiração, nas palavras que mostram seus sentimentos. Este seu poema é como todos belíssimo.
beijinhos,
Léah

São disse...

Amigo meu, espero bem que o desencanto seja só liberdade poética e nada mais....


Grande abraço e bom fim de semana

rosa-branca disse...

Amigo Jaime, um poema lindo mas muito triste, que me deixou ainda mais triste. Adorei. Bom fim de semana e beijos com carinho

Ivone disse...

Lindo, embora triste, tudo é efêmero!
Amei ler amigo poeta!
Abraços apertados!

Célia disse...

Em cada metáfora estacionei meu pensamento e pude ver a expressão exata de um grande amor! Poema realista e tocante!
Abraço.

Mariazita disse...

E sabido que nos piores estados de espírito se produzem as maiores obras artísticas - assim tem acontecido com a música, a pintura, a escrita...
Mas... como tenho sempre presente que "o poeta é um fingidor" acredito que tu, meu querido amigo Poeta, não estivesses num mau momento ao produzires obra de tão elevado nível!

Bom Fim-de-semana
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS

Daniel Costa disse...

Jaime

Admiro a tua poesia, o meu comentário é o seguinte: quando crescer quero ser poeta como o Jaime.
Abraço

Unknown disse...

Olá meu amigo este é mais um de tantos que por aqui estão, adoro poemas feitos labirintos da vida onde nunca sabemos como entramos e como saímos, nem dia nem horas mas marcas sim deixamos muitas e este lindo poema é mais uma marca consagrada.
Tenha um lindo e maravilhoso fim de semana, com beijinhos de luz e paz,

PS:amigo alem do lamentos, dorcontida e o milagre das pantas. acabou de nas cer mais um pedras no caminho(quem as não tem acho que todos nós)

http://quandoanoitcai.blogspot.pt/

Emília Pinto disse...

E neste mar da vida, cheio de marés gostariamos que todos chegassem sãos e salvos ao seu porto de abrigo, mas em muitos lugares nem porto há e muito menos há abrigo; nem sequer há uma mão que os ajude a sair do barco e lá vão eles engolidos por essa onda gigante que nao se compadece. A vida nem sempre é bela, como dizemos, e para muitos ela nunca sorri.Mas nunca devemos deixar de sentir o amor, nunca deixar de querer, e , apesar de desassossegados, nunca devemos deixar de ter esperanças e acreditar no ser humano. As ausências sempre doem, mas algumas superam-se porque há sempre a hipótese de um regresso, outras porém são definitivas e o coração fica como que anestesiado perdendo a vontade de continuar a bater. Mas tudo passa e a dor também. O que não pode passar é essa tua vontade de poetar , Jaime, porque são fantásticas as tuas poesias. Um bom fim de semana. Um beijinho
Emilia

Pedro Luso de Carvalho disse...

Jaime,
Gostei do seu "Deixei de ver nos teus lábios", um poema denso, com ótima estrutura, que tem muito para ser explorado pelo leitor, basta um pouco de atenção. Parabéns, amigo.
Bom final de semana.
Um abraço.

Shirley Brunelli disse...

Falar da ausência é triste, mas, deixa lindo o poema.
Jaime, um abraço!

Toninho disse...

Olá Jaime.
Mais um belo trabalho da inspiração acelerada e profunda.
Que haja angustia, mas há beleza na construção.
Meu abraço e bom domingo.

Andreia Morais disse...

Sempre maravilhoso!

r: Concordo consigo.
Muito obrigada

CÉU disse...

Estive, passei por cá, ontem a, com acento grave, noite para ler o k escreveu, k desassossegou a minha imaginação.
Pare de fumar, poeta... há anestésicos mto mais saborosos e inócuos.
A temática deste seu post, pode ou não corresponder a, com acento grave, realidade, mas não há ninguém insubstituível, acrescentarei.

Agradeço a sua visita e votos, mas a recuperação da minha mão está lenta. ainda estou a fazer fisioterapia passiva. aguardo a ativa, com alguma ansiedade. já me dói o polegar da mão esquerda, mas o facto, e segundo o cirurgião, k não quer k eu escreva, deve-se a um esforço redobrado. esperemos k assim seja..

Bom domingo, Jaime.

beijo, que vou atirar daqui para assentar, só assentar, nos seus lábios, na tentativa de evitar mais alguns cigarros - risos -

Manuel Veiga disse...

o prazer/vício da nicotina com nicotina se cura...
belo poema, Jaime

forte abraço

Arione Torres disse...

Oi amigo, ótimo post como sempre!
vim lhe desejar uma ótima semana, abraços e fique com Deus!!!

Unknown disse...

Um poema que é todo ele amor, ainda que seja um desabafo de quem lhe pressente o afastamento. Porque o amor gera belos poemas, enquanto descoberta, enquanto êxtase do mais puro arrebatamento, enquanto distante e mesmo quando morto, espezinhado, recalcado, azedado, enfim, perdido.
A constatação, aos olhos de um poeta, dá-se na mais subtil alteração dos lábios, mesmo que esses ainda digam as mesmas palavras. A sensibilidade paga-se caro. Vê-se e sente-se muito antes de outros.

Bonito, Jaime.
abç amg

Tais Luso de Carvalho disse...

Olá, Jaime, pois eu destaco desse iluminado poema:
"Já não leio nos teus olhos
nenhuma certeza
e abraço a espessa fronteira
que sangra de ausência."

É triste, não? Mas belo.
Gostei do comentário do Daniel Costa, um grande carinho e reconhecimento feito às suas inspirações, Jaime!

beijos!

Ana Tapadas disse...

Devo dizer que a sua poesia melhora a cada poema publicado!

Beijinho

Graça Pires disse...

As margens destruídas. O rio da desilusão a transbordar da voz. A mesma voz que anunciou: "Deixei de ver nos teus lábios a madrugada".
Muito belo, Jaime.
Beijo.

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

JP

um poema levemente diferente do seu cunho pessoal.
embora seja um poema de amor é também de desalento e melancolia.
estrofes cuidadas e bem dileneadas.
gostei!

saudações poética.

:)

By Me disse...

Nada é eterno! Nem nós , nem os sentimentos, nem coisa nenhuma! Com o passar do tempo, paulatinamente, é sempre a perder!

Beijo JP

Boa semana !

Graça Alves disse...

Muito bom, como sempre
beijinho

Arte & Emoçoes disse...

A ausência realmente maltrata, mas como dizem os mais entendidos,vão-se os anéis e ficam os dedos. Lindo e metafórico poema Jaime.

Abraços,

Furtado

Fá menor disse...

Pode haver reconstrução das margens... assim lhe obedeça um querer.

Boa semana, amigo!
Bjs

Magda Carvalho disse...

Sempre com excelentes poemas!

http://retromaggie.blogspot.pt/

M. disse...

Belo poema! A mudança faz parte da vida e também do amor!
Beijinhos, boa semana :)

Maria Rodrigues disse...

Amargura e tristeza, sentimentos que ensombram o coração.
Nostálgico e belo poema
Um abraço
Maria

A Casa Madeira disse...

Cada um se apega no que pode... depois de não mais
conseguir ler nos olhos...
Lindo.

Teresa Durães disse...

"fomos iguais nas paredes de pele
que arquitectamos tocar."

muito bonito!

Ana Freire disse...

E está provado... por vezes a ausência de uma pessoa presente, consegue ser tão dolorosa, quanto a ausência de uma pessoa... que por qualquer razão, já não divide o nosso espaço... ou a nossa vida...
Um poema muito belo, que aborda este sentimento de desencanto...
Beijinho! Continuação de uma boa e inspirada semana!
Ana

Zilani Célia disse...

OI JAIME!
O ENCANTO SE ESVAI E COM ELE A CUMPLICIDADE, FICANDO SÓ AUSÊNCIAS.
LINDO, AMIGO.
ABRÇS
http://zilanicelia.blogspot.com.br/

GarçaReal disse...


Que maravilha de poema.

Leio amargura, tristeza, saudade, exemplarmente bem descritos.

Bom resto de semana

Bjgrande do Lago

saudade disse...

Algo se esconde nas tuas lindas palavras.... não deixa de ser um excelente poema.....

Beijos de...
Saudade

Jaime Portela disse...

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Caros amigos
Obrigado pelos vossos comentários. Voltem sempre.
Entretanto, acabei de publicar novo poema. Espero que gostem.
Continuação de boa semana para todos.
Saudações poéticas.

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Odete Ferreira disse...

Neste poema de desencanto, a beleza dos versos sobressai!
Bjo, Jaime :)

Ailime disse...

Boa noite Jaime,
Um magnifico poema que deixa transparecer algum desencanto ou amargura, mas é nestes momentos que a poesia mais brilha.
Beijeinhos e bom fim de semana.
Ailime

manuela barroso disse...

Novo rumo na tua mensagem poética
outra arquitectura com aquela harmonia que me deixa saudades.
E quando se destroem margens, plantam-se flores...
Beijinho, caríssimo Jaime

Agostinho disse...

"Deixei de ver nos teus lábios".
No primeiro verso o poeta diz ao que vem e no final admite a sua maceração. Coisas de amor.
Abraço.

Zilda Oliveira disse...

Cada pessoa nos vê de maneira única, que não condiz com o que realmente somos! Gostei da poesia! Bjs