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quinta-feira, 22 de junho de 2017

Era um fogo sem margens









Era um fogo que vinha,
não vinha, voava,
saltava no vento
e surgia do nada.
Que ardia e se via
na beira da casa
e na berma da estrada.
Que rodopiava
por tudo e por nada
que não crepitava,
estalava.
Era um fogo a lavrar
no que havia a limpar
à porta das portas
e na cama das matas,
desordenadas.
Que tudo crestava
por onde passava
e até as gargantas
fumadas queimava.
Era um fogo sem margens,
sem peias nem meios,
com dúzias de vidas ceifadas.
Era um fogo indecente,
incomplacente,
onde só as crianças
foram inocentes.


Jaime Portela

48 comentários:

Karocha disse...

Uma calamidade Jaime.
E andam todos a mentir , uma vegonha :-(

Bjs

Bfs

Fá menor disse...

«só as crianças
foram inocentes»

Ailime disse...

Boa tarde Jaime,
Um poema muito belo que diz bem da tragédia acontecida.
Beijinhos e bom fim de semana.
Ailime

Andreia Morais disse...

Uma autentica tragédia :(

r: Muito, muito obrigada!

Vanessa disse...

Poema cheio de sentimento, que expressa beleza e tristeza.
Um abraço amigo!

redonda disse...

Terrível o que sucedeu.

Apesar do tema tão difícil pelo que sucedeu, gostei muito do poema.


um beijinho e bom fim-de-semana

Gábi

Célia disse...

Um poema gerado na dor que nos leva a profunda reflexão. Gritamos por misericórdia junto ao nosso Planeta!
Abraço.

Marta Vinhais disse...

Um fogo de destruição, indecente, maldoso....
E depois...continua tudo igual...
Beijos e abraços
Marta

SILO LÍRICO - Poemas, Contos, Crônicas e outros textos literários. disse...

Esse fogo foi de fato,
Uma catástrofe imensa.
Quando se analisa e pensa
Parece um sonho insensato

Ou pesadelo, com o mato
Queimando por área extensa
Como sem cura à doença
Que do inferno era o retrato.

Pobres vítimas indefesas
Ao ver florestas acesas
Por fogo devastador.

Mas contudo há a esperança
Que do percalço a bonança
Venha mitigar a dor.

Grande abraço. Laerte.

Ivone disse...

Amigo Jaime, que triste mesmo, colocastes em versos uma tragédia que, realmente "...só as crianças foram inocentes."

Abraços apertados!

Cidália Ferreira disse...

Tristemente lindo!
Ainda hoje estou em choque. É duro, muito duro :(

Beijos

Pedro Coimbra disse...

O Inferno na Terra, Jaime :(
Aquele abraço, bfds

Rui Pires - Olhar d'Ouro disse...

Uma bela homenagem em forma de poesia meu amigo!

Olhar para estas imagens, surge a palavra horror!

Uma armadilha deixada a céu aberto como tantas outras que existem pelas estradas deste país que por vezes parece de 3º mundo...

Reafirmo o quanto lamento a perda de vidas inocentes mas mais lamento que não tivessem ficado nos seu lugar os corruptos e ladrões deste país, muitos dos que ao longo dos anos também nos desgovernam...

Com um suspiro, termino sendo que tanto fica por dizer...
O meu abraço e paz à alma dos que perderam a vida!

Abraço

Os olhares da Gracinha! disse...

Jaime um bela e triste poesia!!!
Bom fim de semana

Odete Ferreira disse...

Queimam-nos as palavras, por estes dias e para sempre...
Bj, amigo

Carmen Lúcia.Prazer de Escrever disse...

Muito triste Jaime!
Que Deus conforte todos os familiares.
Bjs,obrigada pela visita e um ótimo final de semana.
Carmen Lúcia.

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

um poema muito bem escrito.
a dor, a raiva e a tristeza não tem limite
esta frase tem tudo a ver
"«só as crianças
foram inocentes»
bom final de semana.
beijinhos
:(

luar perdido disse...

Amigo, Jaime, um poema-homenagem-grito com uns contornos que se aninham entre o belo e o triste, entre a dor e a esperança: sim porque essa, essa não morreu na voragem do fogo. Essa vai-se reerguendo aos poucos, fénix renascendo das cinzas - literalmente.
Um poema de luto por vidas e natureza.Um fogo sem margens, um fogo sem clemencia, um fogo sem dó.

faço silêncio ao ler-te, querido amigo, porque de silêncio é o tempo.
Beijo de luar

Tais Luso de Carvalho disse...

Que coisa terrível, Jaime!
Acompanhamos tudo daqui. Um verdadeiro inferno.
Diria do seu poema que você retrata toda a tristeza e agonia, algo indescritível se fomos pensar bem. Descreveu com emoção, nota-se.
Beijo, meu amigo, minha solidariedade a esse povo tão querido dos brasileiros. Nossos irmãos.
Até uma próxima postagem, mais alegre.

Vera Lúcia disse...


Olá Jaime,

Acompanhei pelo noticiário e fiquei estarrecida.
Não pude deixar de imaginar o desespero daqueles que não encontravam saída para a vida. Triste demais!
Você retratou com arte esse fatídico acontecimento. Emocionante!

Meu caro amigo,

Que lindo o que você disse lá para a Vera Lúcia-rsrs.
Também o "velho amigo" Jaime jamais será esquecido, tanto pela atenção, delicadeza e carinho que sempre me dispensou desde a nossa primeira interação, que já vai longe (rs), quanto por suas maravilhosas composições poéticas. Quem sabe não apareço de vez em quando para lhe dar um alô?
Imensamente grata por tudo! Nem precisa dizer que foi um prazer enorme interagir com você.
Sejamos felizes!
Beijo.

SOL da Esteva disse...

Não devia, mas a dor que mostras com o teu Poema, perturba-me.
Não sei se estou a tornar-me demasiado sensível ou se a realidade é demasiado"negra".


Abraço
SOL

Lua Singular disse...

Oi Jaime
Muito triste
Tantas coisas ruins que até acho que o mundo acabará
Beijos
Lua Singular

teresa dias disse...

Olá Jaime!
Um «fogo indecente», uma tragédia.
Linda homenagem.
Abraço.

Graça Pires disse...

Um poema que nos recorda aquilo que nunca mais vamos esquecer. Esta tragédia que foi um "fogo sem margens". Fantástico poema!
Um beijo.

Odete Ferreira disse...

Na tristeza, esqueci de te deixar os parabéns pela construção poética

Reflexos Espelhando Espalhando Amig disse...

Bom dia Jaime.
Como Poeta eu reafirmo como
a Poesia é algo documental de uma época.
Lamentavelmente dor e tristeza
são retratados, porém
é necessário esse registro.
Aqui em casa nós
sofremos com essa noticia
e só nos restaram as preces.
Bom sabado.
Bjins
CatiahoAlc.

Daniel Costa disse...

Jaime Portela
Numa palavra; o fogo, o incêndio de Pedrogão foi simplesmente uma tragédia lamentável. Talvez mais tragédia, para quem, como eu conhece os sítios. Os bonitos sítios. O poema reflecte.
Abraços

Aline Goulart disse...

Que tragédia!
Bonita homenagem, amigo.

Beijinhos...

Teresa Almeida disse...

Creio que esta foto ficará, para sempre, gravada em nós. E a dor que provoca.
O teu excelente poema grava todo esse cenário, sem margem para dúvidas.
Como arde, amigo Jaime!

Beijinho.

Louraini Christmann - Lola disse...

Poesia crua realidade.
Sempre poesia...

abraço
Lola

Lilazdavioleta disse...

É . . . só a crianças estão inocentes !


Um abraço , Jaime ,
Maria

Maré Viva disse...

Um poema que fala de um fogo inclemente, que arrasou e matou de forma indecente, até as crianças que eram inocentes.
Parabéns Jaime, por esta partilha sentida.
Que esteja a viver um Domingo calmo e agradável, após dias de sobressalto vividos por todos.
Abraço.

Minhas Pinturas disse...

As desgraças causadas pela indiferença de governantes sem consciência, que sua poesia cheia de dor retrata a tormenta e o terror que foi esse incêndio. Infelizmente ficara para sempre como um fantasma do descaso na memoria de todos. Que Deus tenha piedade dos inocentes.
beijinhos, Léah

Arte & Emoções disse...

Acontecimento lamentável. É a NATUREZA que reclama pelas agressões que lhe são impostas. Belo poema amigo Jaime. Parabéns!

Abraços,

Furtado

Daniela Silva disse...

Este poema é lindo e triste ao mesmo tempo.

XOXO
http://diamonds-inthe-sky.blogspot.pt

José Carlos Sant Anna disse...

Caro Jaime,
O poema está perfeito. Uma pintura (ainda que dolorosa). Será que um dia os governantes aprenderão que prevenir ainda é o melhor remédio? Não, não aprenderão. Eles sabem. Os recursos tomam outros destinos.
Forte abraço,

Emília Pinto disse...

E o fogo veio...alguém o chamou, alguém o incentivou a vir e depois o vento raivoso fez erguer e espalhar as terriveis labaredas como avisando mais uma vez que exige que o ouçamos; há muito a mãe natureza pede socorro, há muito que rios e oceanos reclamam o que todos os dias lhes é tirado, há muito que bichos se movem desorientados de um lado para o outro, pois o homem também lhes rouba o seu habitat; choramos todos nós, choram as vitimas de tanta calamidade, choram os bichos, as árvores, choram os rios agora com as suas águas negras de dor e as margens cobertas com as cinzas daquelas vidads ceifadas pelo fogo indecente, inclemente, fogo que o homem chamou, continua a chama e assim, por tudo e por nada, continua a matar.
inocentes, amigo, só as crianças e... o fogo também. Afinal não tem culpa de nada, o fogo!
Beijinho, Jaime e hoje o teu rio está mais triste, está negro de luto
Emilia

Smareis disse...

Muito triste Jaime esse incêndio.
Eu assisti pela TV.
Seu poema foi construído perfeitamente.
Uma boa semana!
Um beijo!

Ana Tapadas disse...

O poema é muito belo...sobre uma verdade tão trágica!

Beijo amigo




PS: prezo a amizade. Só me afasto um pouco do blogue devido ao trabalho e afazeres...
Outro beijinho

Ana Freire disse...

Uma imagem... que foi magistralmente traduzida em palavras... e as últimas palavras... dizem tudo... só as crianças foram inocentes...
Culpados... se calhar todos nós, um pouco... que não cobramos responsabilização dos nossos políticos... e das entidades que eles criam e que falham redondamente os seus objectivos...
Este foi o resultado das políticas de vários governos... que desmantelaram os serviços florestais... que criaram sistemas de comunicação que vão abaixo numa verdadeira situação de emergência... que determinam que uma esquadra tenha apenas 3 elementos naquela zona... sendo que um deles, tem de ficar na esquadra a atender telefones... que não tem meios aéreos de combate aos fogos, por estarem inactivos, ou em reparação, ou presos por meandros contractuais de qualquer espécie... eu sei lá... nem tenho palavras...
A imagem fala por si... e as suas palavras, Jaime, foram a legenda perfeita!
É revoltante que 64 pessoas tenham perdido a vida... para tudo, muito provavelmente, continuar praticamente na mesma... neste negócio dos incêndios... e dos meandros dos interesses que giram em torno deles... dado que a grande maioria, são de origem criminosa... e o tempo dirá... se este também não o terá sido... cada vez mais, me convenço que não terá havido nem trovoada seca, nem molhada, que causasse tudo isto...
Beijinho! Continuação de uma boa semana!
Ana

Aleatoriamente disse...

Deus do Céu Jaime! Fico aqui a pensar nisto.
Foi horrível saber tal acontecimento.
Teu poema retrata com precisão o sentir.

Beijinho meu amigo querido

Arco-Íris de Frida disse...

Foi horrível essa tragédia... sem palavras para tanto sofrimento...

Beijos, Jaime...

São disse...

Não existem inocentes: só mesmo as crianças, com bem dizes!


ESperemos que desta vez haja resultados práticos, que aproveitem estar tudo queimado para reorganizar tanto a construção de casas como a plantação de árvores .

Que se não repita esta tragédia inominável de sessenta e quatro pessoas terem morrido calcinadas .

Abraço, meu querido amigo,Parabéns por este teu poema, que é um grito de alma

Graça Alves disse...

Muito bonito este poema.
Beijinhos

Jaime Portela disse...

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Caros amigos, obrigado pelos vossos comentários. Voltem sempre.
Entretanto, acabei de publicar um novo poema. Espero que gostem.
Continuação de boa semana para todos.
Saudações poéticas.

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Ailime disse...

Boa tarde Jaime,
Um poema magnifico que realça bem a tragédia que se abateu naquela zona do País!
De triste memoria.
Um beijinho,
Ailime

Brisa disse...

Oá meu querido amigo Jaime
Penso,que já disse tudo... Mas nunca é demais dizer que as tuas palavras alcançam todos os momentos...

Bjo

Diná Fernandes de Oliveira Souza Souza2 disse...

Olá amigo Jaime,
Um poema triste de se ler, mas de versos sensíveis e bonitos, a imagem dói só de ver, imagine quem viveu o desespero de ver seus entes queridos e amigos sendo dizimados pelo fogo. Doridas lembranças para quem ficou.
Abraços e obrigada pela visita.