Há montanhas de genes invisíveis
que se movem dentro de nós
até nos soterrarem sem vida.
Há dias em que não percebemos
o que de noite vemos
de olhos abertos no escuro.
Há uma guerra sem tréguas
na vida que em paz nos há de açoitar
no instante da morte.
Somos borboletas erráticas
por entre fogos punitivos
que por vezes são vazios de sentido.
Frágeis como teias,
suportamos fardos escondidos
nas ideias feitas de pecado.
Frutos maduros de dogmas,
não sabemos de onde vimos
nem para onde vamos.
Entregamo-nos à existência
sem sabermos para quê,
mas na guerra desta dúvida
há mais luz do que na paz do consenso.
Jaime Portela