Translater

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Nós e as moscas



Dançando no olhar,
a força da palavra divide as coisas aos pares,
e o nervo, narcotizado e incapaz
de perceber as diferenças num tempo lúcido,
distrai-se a cada chamariz cintilante
em que tropeça.

Numa batalha desordenada
de bolsos furados,
tentamos ver orifícios em portas esconsas,
para enfiar chaves perdidas
em caminhos errados
que não queremos saber se percorremos.

Lembramo-nos piamente das vítimas
exibidas nas montras que nos querem mostrar
e nem percebemos
que pertencemos ao rebanho de cordeiros
que se alimentam em prados de fast-food.

Em fila indiana, somos aliciados
como gado manso que apenas abana a cauda
para enxotar as moscas, elas sim,
geneticamente habituadas a mudar de lugar.



Jaime Portela


50 comentários:

Cidália Ferreira disse...

Lool, maravilhoso, o seu poema. Amei Obrigada pela partilha

Beijo e um dia feliz

Beijaflor disse...

Se o gado fosse bravo
Tal como deveria ser
Passariam mau bocado
Já é tempo de aprender!

Bom fim-de-semana

Um abraço

Andreia Morais disse...

Um poema com uma mensagem poderosa! Adorei.

r: Sim, concordo plenamente. Ser-se assertivo é fundamental, caso contrário vamos acabar por referir coisas desnecessárias e que apenas contribuirão para causar mais danos.
Agradeço imenso o feedback *.*

Obrigada e igualmente*

Lua Singular disse...

Oi Jaime,

Bem, os cordeiros no fast-food irão morrer primeiro que nós.
Nós iremos espantar as moscas como? Tenho horror a moscas.
Gostei
Lua Singular

Marta Vinhais disse...

O que dizer perante tal beleza?
Brilhante...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

RN disse...

Olá Jaime, que bom voltar aqui e ler um poema assim... magnífico! Apreciei o cariz crítico, a sociedade atual é cada vez mais um rebanho e menos um bando, que está junto mas livre perante si e perante os outros.
Bom final de semana, um beijinho!

manuela barroso disse...

Mas..."malgré tout"...lá vamos cantando e sacudindo moscas, enquanto no compasso de espera...ironizando a nossa sorte!
E sorri, Jaime!
Bejinho

Diana Fonseca disse...

Olá!!! :)

Se tens Facebook e queres dar a conhecer o teu blogue a mais pessoas, e conhecer outros também, adere a este grupo:

https://www.facebook.com/groups/126383254703861/

Beijinhos,
Diana F.

Pedro Coimbra disse...

Fez-me lembrar Pink Floyd e The Wall.
O filme e o vídeo de Another Brick in the Wall.
Aquele abraço, bfds

Donetzka Cercck L. Alvarez disse...

Belíssimo poema com tantas verdades,amigo Jaime.Uma pérola poética!

Encontrei seu blog na lista de leitura e o sigo.

Mas você nunca mais visitou ou comentou no meu.

Pensei que tinha excluído seu belo espaço.

Se puder,visite,comente e veja se ainda me segue,pois criei esse novo blog depois que o antigo desapareceu sem explicação.

Beijos sabor carinho e uma sexta_feira de paz

Donetzka


Blog Magia de Donetzka

Larissa Santos disse...

Bom dia, Jaime Portela
Fascínio de poema. Gostei bastante.

Bjos
Boa sexta-Feira

Luiza Maciel Nogueira disse...

Já é tempo desse gado fazer seu protesto, não come mais enlatados açucarados mal feitos rs. Adorei seu poema!

Um abraço.

Rui Pires - Olhar d'Ouro disse...

Muito interessante, refletivo!
Abraço

Emília Pinto disse...

E teremos outra opção, Jaime? Ter, se calhar até temos, mas há sempre vozes muito mais altas que as nossas, poderes que nos abafam; a nossa amiga Graça, no seu " grito "também nos leva a reflectir no nosso papel na sociedade, mas...por mais que gritemos, nāo somos ouvidos. A " batalha é desordenada " é desigual; de um lado estão os poderosos onde os milhões abundam e do outro estão os desgraçados de " bolsos furados" que mal têm forças para andar, quanto mais para lutar . E nós, pior que moscas, ficamos de olhos " pregados nas " montras onde nos exibem constantemente a parte mais fraca nesta guerra de poderes. As moscas, não... elas não se prendem em frente às montras com aquele ar de espanto, antes, voam de um lado para o outro procurando paisagens diferente. Mas... porque paramos nós? Porque não trocamos o caminho ? É tão fácil!!? Mas, será que queremos? O espectáculo e gradioso, é cintilante, prende o olhar . A desgraça atrai, Jaime. Parabéns amigo e não desistas de te perder no amor, pois é muito melhor do que ficar a ver determinadas montras. Um bom fim de semana. Beijinhos
Emilia

Franziska disse...

Ah, las moscas esas traviesas golosas que se posan sobre todo y que son un modo de llevar enfermedades de un sitio a otro pero como criaturas tendrán algún sentido y sin duda alguna utilidad: a ustded le han servido para compararlas y hasta para enviadiar su libertad. Buena conclusión, sin duda alguna.

Perdona, mis comentarios son siempre algo largos y ya sabe que quien mucho habla mucho se equivoca. Saludos afectuosos y cordiales.¡Hasta la próxima semana! Franziska

Louraini Christmann - Lola disse...

Como canta o grande cantor: "Ei, vida de gado, povo marcado e povo feliz".
Eu canto com o Zé Ramalho, mas também não faço nada. E me culpo por isso.

abraço
Lola

Tais Luso de Carvalho disse...

"Em fila indiana, somos aliciados
como gado manso que apenas abana a cauda
para enxotar as moscas, elas sim,
geneticamente habituadas a mudar de lugar."

Gostei muito, é para ler e pensar. Nasce pois uma reflexão do que somos e como agimos, e como nos guiam...

Beijo, Jaime!
Um bom fds.

Diana Fonseca disse...

Olá!!!

Se tens Facebook, queres dar a conhecer o teu blogue a mais pessoas e conhecer outras tantas, adere:

https://www.facebook.com/groups/126383254703861/

Beijinhos, Diana.

Agostinho disse...

Ora, Jaime,
Web Summit!
IA!

A manada desclassificada
en_ca_mi nha - se,
mansamente!!!,
para a degola.
Lentamente...

A fralda humana é
malcheirosa?,
fatalmente plastificada?
Descartável, portanto.

Por tanto não é nada.
O tanto é um robot!

Gostei, deveras, do teu poema onde moscas não pousam, certamente.
Abraço.

Célia disse...

Aqui refletindo em nós como gado manso em fila indiana... aceitando...aceitando... sem nenhuma reivindicação...
Abraço.

SOL da Esteva disse...

Carneiros, são como gente
Que,na fila, se alinha.
O pensamento dormente
Não os desperte ou atina.


Abraço
SOL

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

JP

pois é...
crítico e no entanto deveras reflexivo
e vamos "deixando andar"
gostei deveras
bom final de semana.

beijinhos

:)

Carmen Lúcia.Prazer de Escrever disse...

Palavras bem verdadeiras Jaime!
Adorei o poema.
Bjs e obrigada pela visita.
Carmen Lúcia.

Teresa Almeida disse...

Excelente poema, amigo Jaime!
É bom espicaçar a carneirada. Interessante mesmo a imagem das moscas!

Beijinho.

Fá menor disse...

Tenhamos a coragem de contrariar a manada!

Bom fim-de-semana, amigo!

Bjos

By Me disse...

Um retrato fiel da actualidade!

"Em fila indiana, somos aliciados
como gado manso que apenas abana a cauda
para enxotar as moscas, elas sim,
geneticamente habituadas a mudar de lugar."

E como mudam de lugar?!?!

Espantoso, esse teu poema, Jaime!

Bom fim de semana

Beijo

Ana Freire disse...

É mesmo! Vivemos organizados, como gado manso... sem questionar tantas coisas que nos querem vender... em função das tendências de uma época... desde o fast-food, ao gadget da moda... e fazem-nos crer... que se os obtivermos... somos gentes de sucesso... e almas felizes... e nós lá vamos caindo na esparrela... com os bolsos furados... aos apelos cintilantes, de um consumismo inútil... acumulando daquilo... que até as moscas questionam... se será ou não de boa qualidade...
Um belíssimo poema, que nos faz reflectir, também nas quadras festivas, que se avizinham... onde o ter... parece ser sempre a necessidade maior...
Gostei imenso, Jaime! Fantástica inspiração!
Beijinho! Bom fim de semana!
Ana

rosa-branca disse...

O estrume é o mesmo, as moscas é que são outras... Embora goste mais dos teus poemas de amor, também gostei deste tão actual. Jaime, bom fim de semana e beijos com carinho

Manuel Veiga disse...

absolutamente absortos a olhar o vazio que reluz como (outrora) os fogos fátuos

e absolutamente descartáveis como p papel celofane que nos venda os olhos.

excelente!

chapeau, caro Jaime

forte abraço

Bandys disse...

Ola Jaime,
Lindo e profundo.
beijos

Graça Pires disse...

Podemos ser muito mais que um rebanho de cordeiros, mas quase sempre optamos por ficar no nosso canto a deixar que as coisas aconteçam...
Um poema com uma mensagem cheia de actualidade. Gostei imenso.
Uma boa semana.
Um beijo.

Liliane de Paula disse...

Olá Jaime, você tem razão.
As crianças são calculistas.
Acho que faz parte.

Da poesia não comento, porque não entendo de poesias.
Se bem que ache que a vida, as vezes precisa de uma boa dose de poesia.

FILOSOFANDO NA VIDA disse...

Um belo poema amigo! Um poema profundo e que retrata a importância de mudar quando preciso for. Abraços, tenha um inicio de semana com muita paz.

Anete disse...


Um poema profundo e realista, com muita reflexão.
Obrigada pelo comentário no Fragmentos Poéticos.
Um abraço

Unknown disse...

Boa tarde, Jaime. Aceitar sermos aliciados sem uma atitude para rompermos o que nos tortura, no mínimo é desumano.
Não podemos ser como "gado manso".
Parabéns.
Tenha uma excelente semana.
Beijos na alma.

O Puma disse...

Excelente meu caro
Abraço

Anónimo disse...

Vaquinhas de presépio dizendo amém à tudo, até pq, dizer algo para quem ouvir?
Versos soberbos Jaime!
Desejo ótima semana e deixo um fraterno abraço!

Arte & Emoções disse...

É como diz o ditado: "Quem cala, consente" Belo e profundo o teu poema Jaime.

Abraços e uma ótima semana para ti e para os teus.

Furtado

POESIAS SENSUAIS E CONTOS disse...

Reflexivo pensar. Parabéns pela poesia amigo poeta. Uma maravilhosa semana

Bell disse...

Bem reflexivo !!!

bjokas =)

Cecilia disse...

Belo poema que cai bem em nossa realidade, somos soldados do próprio mundo em que vivemos, muitas vezes não podemos ser donos de nossas verdades. Bela reflexão.
Nossa vida é uma eterna batalha. Vamos refletir.
Seja bem-vindo para conhecer meu Sintonize Cultura.

Berço do Mundo disse...

Que poema forte, meu amigo. Acordou o seu lado Aleixo? Mas gosto de poemas impactantes. Bravo!
Abraço e boa semana
Ruthia d'O Berço do Mundo

P.S. Nada tenho contra o peixe, só não como carne. Se me disser onde mora, quem sabe um dia não lhe bato à porta?

_ Gil António _ disse...

Li e reli. Uma palavra: BRILHANTE. Gostei muito do seu blogue onde a poesia é um fascínio. Fiquei seguidor
.
{ Suporta o coração a ilusão, o ódio, o desamor }
.
Deixo cumprimentos e os votos de uma Quarta-Feira muito feliz.
.

luar perdido disse...

Um poema com uma profundidade visível e palpável. Há quem seja "carneiro a caminho do matadouro", vitima mansa e cordata de regras que nem sempre se entendem. Ainda assim, vão, vamos, cordatos e resignados, para um matadouro onde já nem as moscas mudam de lugar, mesmo que, geneticamente, habituadas a mudar.

Belo e profundo poema a "pôr o dedo na ferida" num tempo em que, parece, ninguém querer saber de nada - apenas que a vida escoe -, será?

São disse...

Façamos como a formiga no carreiro de José Afonso: mudemos de rumo!

Abraço grande, meu caro amigo

Ailime disse...

Boa tarde Jaime
Uma critica bem actual muito bem poetizada.
Gostei imenso!
Um beijinho.
Ailime

Betonicou disse...

Oi Jaime! Obrigado pela vista caro amigo. Por enquanto não temos atualizações no Curvas, retas e esquinas. Como sempre amigo, você não se cabe... Sempre acho seus escritos, de grande bom gosto e de muita profundidade. Deixo um grande abraço!

Jaime Portela disse...

*******************************************************************************
Caros amigos, obrigado pelos vossos comentários. Voltem sempre.
Entretanto, acabei de publicar um novo poema. Espero que gostem.
Continuação de boa semana.
Saudações poéticas.
*******************************************************************************

Graça Alves disse...

Uma crítica poética.
Muito bom!
Bj

solfirmino disse...

Olá. Jaime. Vim te desejar boas festas e um ótimo 2018. Que a poesia possa ser o melhor em nossas vidas. Obrigada pelas visitas. Abraço