Acreditamos que há sempre,algures,uma cândida lupa que nos espia,apesar de nos esquecermos de tal sentinela(de contrário,sentimos um frio na espinha que nos impõeuma pose mais favorável).Acreditamos, até,que há uma sapiência omnipresenteno labirinto onde todosnos podemos perder,ao ponto de pensarmosque os obstáculos são provaçõesdeliberadas pelo olho da lupa.E nós, vindos do póe que ao pó havemos de voltar,fazemos de contaque não somos apenas passarinhos reclusosque gostam de cantarengaiolados no espaço de penase no tempo carcereiro.Fingimo-nos eternos,enganamo-nos vivos,e até inventámosque o inverso não pode ser verdadeiro.
Jaime Portela