Nesta
mansidão agreste,
vivemos
entre exércitos de más-línguas
e
legiões amorfas a acreditarem no que parece.
Suspendemos
o alento com o credo na boca
entrincheirados
na virtude que não temos
e disparamos
aromas
com
o sabor torto a fel, direito a todos.
Vivemos
sem nada palpável
entre
as mãos do presente e o corpo do futuro,
numa
trágica aparência de anjos
à
espera que os demais tudo resolvam.
E,
nesta inutilidade
de
só vermos nos outros o pecado marcado na pele,
sem
vermos os ciscos nos próprios olhos,
ninguém
tem culpa de nada e, por isso,
todos somos suspeitos.
© Jaime Portela, Março de 2021