quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Fugimos [057]

 

Fugimos do ruído trinado
dos passarinhos desmedidos, frutos sublimes
a vibrar margens que distraem o rio que há em nós.
Sigo os teus passos,
que se despojam em silêncio na sombra dos meus,
já ardentes.
Nos abandonos que percorremos,
na esteira de naus com ventos de desejos a remar,
flutuamos na cadência de asas
que planam sem esforço até se aninharem       
no hipocentro da nossa irrupção.
Escuto a desordem dos teus suspiros nus, ofegantes,
acolho os teus desejos silvestres despidos
nas entranhas dos meus.
No zénite da evasão,
no centro perpétuo do nosso pêndulo de Foucault,
explodimos no espaço
da vontade sideral da razão,
com o olhar, até então baço no lume da cobiça,
na voz do sexo que gritava mais fundo,
a fixar-se prisioneiro, recíproco.
E agora descemos, devagarinho, na placidez
da rama de algodão, até escutarmos,
não o ruído, mas a melodia
dos trinados cintilantes dos passarinhos.
Jaime Portela

58 comentários:

  1. Bom dia

    Parabéns pelo soberbo poema. Amei.

    Beijo e um dia feliz.

    http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

    ResponderEliminar
  2. Quantas vezes fugimos de nós!!!
    Gosto de te ler.
    Um beijo

    ResponderEliminar
  3. Oi Jaime
    Linda a sua poesia
    Fala da natureza onde os passarinhos fazem morada, eu não vejo mais passarinhos, pois minha pequena cidade é rodeada de canaviais, mas já foi melhor.
    Vou postar só às segundas-feiras
    Beijos
    Lua Singular

    ResponderEliminar
  4. Como é maravilhoso fugirmos com aquela pessoa que nos significa tanto e encontrar essa melodia que nos serena.
    Absolutamente maravilhoso!

    r: Agradeço imenso as palavras, é mesmo gratificante ler algo assim
    Obrigada e igualmente*

    ResponderEliminar
  5. Olá, Jaime!
    Um belo poema que nos deixa meio fora de órbita, mesmo no momento em que você oportunamente, cita o pêndulo de Foucault:" No zénite da evasão,
    no centro perpétuo do nosso pêndulo de Foucault,
    explodimos no espaço
    da vontade sideral da razão,
    com o olhar, até então baço no lume da cobiça,
    na voz do sexo que gritava mais fundo,
    a fixar-se prisioneiro, recíproco." Este foi momento que mais gostei.
    Fiquei imaginando o pêndulo traçando com areia, sobre os corpos no chão!
    Um forte abraço, meu amigo poeta!

    ResponderEliminar
  6. São demasiafos os " ruidos" lá fora, sao muitos também no nosso interior. São tão perturbadores esses ruídos que mesmo os passarinhos se perdem e, atordoados, voam à procura do aconchego dos seus ninhos. Precisamos nós de fugir, de nos alhear desse turbilhão e seguir o bater calmo do nosso coração. É preciso fazer silêncio para que sintamos o amor que dentro de nós explode de vontade de sair; que venha ele seja de que forma for...com ordem ou desordem, com supiros, gritos, ais e tantas outras emoções mais;continuará com certeza o ruido mas aqui....depois desta fugida, um silêncio de quietude e serenidade se fez. Não fugimos as vezes necessarias, amigo, mas agora é-me impossivel fugir, fugir de te dizer que me surpreendes sempre com a capacidade que tens para "trabalhar "as palavras.
    Como se costuma dizer: " fazes delas o que queres ". Beijinhos e obrigada pelo belo momento
    Emília

    ResponderEliminar
  7. Quando viajamos dentro de nós, encontramos paisagens que gostamos muito ou pormenores que nos deixam desconfortáveis.
    Um belo Poema, Amigo.

    Abraço
    SOL

    ResponderEliminar
  8. Tantas vezes fugimos do que somos, mas no enleio do mais forte desejo devemos despir-nos aos sentidos numa união de sentimentos que na aparente irracionalidade tem em si toda a sua razão de ser.
    Muito bom, Jaime!
    xx

    ResponderEliminar
  9. Eu não fugi heheheh...aqui estou meu amigo a deliciar-me com as tuas palavras...
    Adorei esta frase..." Escuto a desordem dos teus suspiros nus... "
    Um poema de sedução,desejo,paixão e amor... Belíssimo

    Bjo e desejo-te um ótimo fim de semana

    ResponderEliminar
  10. A boa escrita é sempre agradável!
    Mais um bonito poema!
    Parabéns!
    Abraço

    ResponderEliminar
  11. Uma fuga acompanhado da pessoa amada é uma linda partitura onde se desenha as claves do amor. Belo poema Jaime
    Um abraço

    ResponderEliminar
  12. OI JAIME!
    MUITAS DAS VEZES EM QUE QUEREMOS FUGIR NÃO NOS É POSSÍVEL E ATÉ O TRINADO DOS PÁSSAROS NOS PARECE RUÍDOS, ATÉ QUE, PASSAM A SER MÚSICA PARA NOSSOS OUVIDOS ENTÃO, ESTE É O CLIMAX, O MOMENTO QUE TÃO ANSIOSAMENTE PROCURÁVAMOS.
    LINDO.
    ABRÇS

    http://. zilanicelia.blogspotcom.br/

    ResponderEliminar
  13. Uma bela e delicada explosão de sentidos, neste apaixonante poema...
    Parabéns, pelo magnífico trabalho, Jaime! E por fugas como esta... que nos permitem ficar mais próximos de nós mesmos...
    Abraço! Continuação de uma excelente semana!
    Ana

    ResponderEliminar
  14. A natureza é pre(texto) para expressar o lirismo e a sensualidade que conduzem ao amor... Belo poema, meu amigo...versos vívidos e calorosos...

    Um abraço,
    Genny

    ResponderEliminar
  15. Uma viagem aos segredos do corpo... O nosso e o do outro...
    Um tumulto, um turbilhão... e no fim de tudo, uma sensação de paz...
    Obrigada pela visita
    Beijos e abraços
    Marta

    ResponderEliminar
  16. Oi Jaime!
    Esta fuga com amor, nesta cumplicidade maravilhosa, torna a viagem incrível.
    É onde se pode escutar a mais delicada e linda das sinfonias!
    Amei teu belo poema, amigo, escreve divinamente!
    Um grande e afetuoso abraço, e um ótimo final de semana!
    Obrigado pela partilha e pelos comentários!
    Mariangela

    ResponderEliminar
  17. É maravilhoso escutar os passarinhos cantar, dar o nosso refugio...
    Linda poesia amiguinho!Amei!!!

    Que seu dia seja maravilhoso, bjs.

    ResponderEliminar
  18. Lindo e sensual,um poema repleto de amor e que a natureza os premia após à entrega,com os gorjeios dos pássaros.
    Adorei Jaime.
    Bjs,obrigada pela visita e um ótimo final de semana.
    Carmen Lúcia

    ResponderEliminar
  19. Fico impressionada com a tua excelência poética
    e a inspiração na tua criação passeando pelo
    erótico-sensual com um lirismo raro, meu amigo!
    Adoro ler-te, Poeta!!
    Beijo.

    ResponderEliminar
  20. Não consegui entender esta poesia, mas haverei de voltar.
    Quem sabe se parando nestes pensamentos ouvirei os passarinhos ou talvez mesmo me sinta o desejo de voar.

    ResponderEliminar

  21. Humm... "pêndulo de Foucault"... Poesia com cultura geral. Tive que dar uma chegadinha até o tio google para me informar a respeito-rs.

    Belíssimo poema, amigo Jaime, com uma sensualidade de encantar.

    Seus poemas impressionam pelo talento, beleza e sensibilidade com que são construídos.

    Ótimo final de semana.

    Abraço.

    ResponderEliminar
  22. Acho que nesse poema vc se superou, Jaime. É belíssimo!

    Bom fim de semana para vc também.
    Beijo.

    ResponderEliminar
  23. uma vibrante subida aos céus e uma amaragem bem sábia - melódica e suave ...

    poema de amor muito expressivo

    abraço, caro Jaime

    ResponderEliminar
  24. Oi amigo, desculpe a ausência, aos poucos estou voltando.
    Te ofereço dois presentes, fique à vontade para pegá-los se quiser:
    http://arionetorres.blogspot.com.br/2016/02/o-jardim-da-vida.html

    http://cantinho-dos-baixinhos.blogspot.com.br/2016/02/pinturas-de-criancas-4-

    fevereiro.html

    Tenha uma excelente semana, abraços e fique com Deus!!

    ResponderEliminar
  25. Belo poema: deixa fluir os sentidos, como flui a vida em suas manifestações mais profundas... Abraços.

    ResponderEliminar
  26. Abençoado final de semana!!! Beijokas

    ResponderEliminar
  27. Já te disse anteriormente, noutras encarnações blogosféricas: escreves muitissimo bem !!!!!

    Abraço com votos de bom fim de semana

    ResponderEliminar
  28. (essa do pêndulo de Foulcaut nem de propósito...)
    Meu querido amigo Jaime, é sempre um prazer recebê-lo na minha "CASA", com ou sem post novo. Quero ver se consigo publicar uma vez por mês. Anteriormente, até fazer a paragem por causa do meu livro, publicava duas vezes por mês, alternando poesia com prosa. Agora disponho de menos tempo...
    O meu próximo post vai ser um poema. Vamos ver se o Jaime gosta...
    Eu gostei muito deste seu poema, uma extraordinária viagem dos sentidos que, depois de um grande turbilhão, no final me transmitiu uma enorme sensação de serenidade.

    Votos de excelente fim de semana.
    Beijinhos
    MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS

    ResponderEliminar
  29. Que lindo poema.
    http://retromaggie.blogspot.pt/

    ResponderEliminar
  30. Belíssimo poema amigo!Obrigada, fiquei feliz com sua visita!
    Um abraço
    Amara

    ResponderEliminar
  31. Lindo poema, Jaime, onde o final é perfeito, é sublime...
    Beijos, querido amigo!

    ResponderEliminar
  32. "Ouçamos os trinados dos passarinhos ..."omita Poesia !

    ResponderEliminar
  33. Uau! Que lindo. A sensualidade versada numa medida perfeita. Palmasssss!
    Sempre tão bom te ler!

    Querido amigo, muito obrigada pela doce presença em meu cantinho tão simples.

    Um lindo domingo pra ti!
    Beijo meu!

    ResponderEliminar
  34. Nas viagens - fugas - podemos encontrar o que nos agrada e o que nos desagrada. Pêndulo de Foucault, bem a calhar.
    Seus poemas são soberbos.
    Desculpe-me não tê-lo comentado antes, mas o meu computador estava infestado de vírus e eu não conseguia abrir janela alguma.
    Beijo e Bom domingo,
    Renata

    ResponderEliminar
  35. Um engenho poético que o engenheiro docemente tece!
    Lindo.

    Bj

    ResponderEliminar
  36. As vezes só nos resta a fuga para um lugar paradisíaco e imaginário...

    Um grande abraço!

    ResponderEliminar
  37. Um turbilhão de sentimentos que vai da explosão à bendita calmaria, em passos poéticos de excelência. Muito belo! Abraço.

    ResponderEliminar
  38. E aproveitando a evasão de passarinhos outras aves descem as margens do rio onde em breve se ouvirão gorjeios . De pacificidade!
    Sempre uma surpresa , Jaime ! :)
    Beijinho

    ResponderEliminar
  39. Para encontrar o equilíbrio, até fugir do gorjeio dos pássaros se torna necessário! O silêncio se torna grande aliado em certos momentos.
    Uma ótima e produtiva semana, amigo Jaime.
    Beijos.

    ResponderEliminar
  40. A fuga dos amantes... embrulhados na veia poética de um sentir vivo e festivo... O lírico de mãos dadas com o sensual e erótico... e essa descida lenta, tranquila e musical... Belo remate! Bela construção poética! O requinte ao mencionar Michel Foucault!

    Beijo, JP!

    PN

    ResponderEliminar
  41. O rio que há em nós. A cadência das asas. A evasão. O regresso a nós mesmos quando o coração deseja... Um bom poema, Jaime.
    Beijos.

    ResponderEliminar
  42. JP

    este poema é uma viagem ao paraíso que termina na placidez dos corpos.

    os suspiros nus ficaram ali tão bem...e com uma sensualidade qb. este poema é um hino ao amor e à paixão.

    uma boa semana.

    um beijo

    :)

    ResponderEliminar
  43. ~~~
    Parabéns ao vate romanesco,

    desta vez, sensual e erótico...
    ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

    ResponderEliminar
  44. Como sempre um excelente poema.
    Abraço, amigo.
    Irene Alves

    ResponderEliminar
  45. Que lindo Jaime.
    Já pus no meu mural.

    E infelismente o "Umberto" deixou-nos :-(


    Bjocas e boa semana.

    ResponderEliminar
  46. Sentimentos tão bons reflectidos nas tuas doces palavras.
    Tem o resto de uma boa semana...
    Beijo de...
    Saudade

    ResponderEliminar
  47. "Fugimos" para nos encontrarmos, inteiramente. Gostei muito do poema.
    Boa semana, Jaime! Beijo.

    ResponderEliminar
  48. Jaime, gostei muito de ler esta sua cadência poética. Destaco a imagem "na placidez da rama de algodão". Muito bonito.

    Um beijinho

    ResponderEliminar
  49. Amigo, Jaime, poema perfeito... Suspiros, nus, ofegantes, o fogo da cobiça... Uma reciprocidade de desejos... Lindo.
    Também gostei da lembrança que fez a Umberto Eco, uma grande perda essa semana.
    Uma ótima semana amigo, beijo doce.

    ResponderEliminar
  50. No zénite da evasão,
    no centro perpétuo do nosso pêndulo de Foucault,
    explodimos no espaço
    da vontade sideral da razão,
    com o olhar, até então baço no lume da cobiça,
    na voz do sexo que gritava mais fundo,
    a fixar-se prisioneiro, recíproco.

    Lindo e muito profundo Jaime.

    Abraços,

    Furtado.

    ResponderEliminar
  51. Fugir para encontrar o prazer, quando até os trinados dos passarinhos atrapalham,é quando queremos ouvir somente os barulhos do amor.
    Parabéns pelo pulsante poema.
    Léah

    ResponderEliminar
  52. Por aqui já regressaram as andorinhas

    Abraço

    ResponderEliminar
  53. Boa noite,
    Um poema muito belo onde eclode a volúpia da paixão.
    Bjs
    Ailime

    ResponderEliminar
  54. ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

    Caros amigos
    Obrigado pelos vossos comentários. Voltem sempre.
    Entretanto, acabei de publicar novo poema. Espero que gostem.
    Continuação de boa semana para todos.
    Saudações poéticas.

    ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

    ResponderEliminar
  55. Que sublime forma de descrever esta "fuga" ... maravilhosa e voluptuosa evasão... Maravilhosa forma de descrever a paixão.
    boa semana !!!amigo

    ResponderEliminar
  56. Jaime, este poema é dos mais belos que escreveste e que bom é fugir assim...com uma descida ainda melhor. Amei demais. Beijos com carinho

    ResponderEliminar

Se não leu o poema, por favor não comente.
If you haven't read the poem, please don't comment.
Obrigado / Thank you