Há quem viva o amor
perdido numa rosa negra, cruel,
e tenha as lágrimas fixas
nas pétalas de uma dor que se alimenta
de qualquer nuvem que passe.
Outros há que o possuem enfeitado
com harpas ditosas
em toda a palavra que voe
por mais sem asas que esteja,temendo promessas embrulhadas
num presente sempre envenenado.
E há quem sinta o amor
como peça montada
na engrenagem da posse visceral,
sofrendo [e fazendo sofrer]
com a dor do silêncio ou do ruído violento
de palavras sem retorno,
com a ausência do sol à meia-noite
no relógio de bolso
ou com o medo que lhe seja mostrado
o não sem luz na imensidade das horas.
Mas amar só por amar, como dar
sem estar à espera de mais tarde receber,
é amar despido de pesares eternamente,é beijar rosas sem espinhos, e dormir
como criança sem revés que a atormente.
Jaime Portela