Gosto do sol e da
sombra abarcados
no mar salgado do teu
porto de mim.
Gosto dos faróis
engaiolados
na gávea dos mastros,
a iluminar-nos o
silêncio nu que se liberta
no peito das velas que
nos fazem navegar.
Gosto do teu ar afoito
no incêndio
do meu passo.
Gosto do néctar que
corre, na inquietação
de mostrar que ainda
há tempo de florir
a rosa que há em ti
sem o medo dos sustos
de criança.
Gosto do teu borbulhar
quando vês
que há quem diga que
encontrei um tesouro.
Gosto quando te vestes
de amor
ao saberes que esta
noite acordei para ti,
de novo virgem,
com a sede de um
deserto.
Gosto de ti meu amor,
procura-me nas tuas
palavras.
Estou a beijar-te à
sombra do teu sol,
dentro de ti.
© Jaime Portela, Abril de 2018