Vejo,
por vezes, o desconcerto
do
insustentável mau trato da língua.
Então,
porque o descuido que destroça a palavra
é
distinto e redito,
imagino
a vanidade do remo sem água
nos
que se deixam molhar até à medula
com
a chuva de tolices estampadas,
enquanto
contemplam, acéfalos,
o
remoinho do regurgitado.
Não
há horas felizes nessa bravata de gargarejos,
onde
o poema, ferido,
se
contorce com vários trejeitos
[ouvindo
aplausos à beleza da gravata
e ao
esplendor do verniz]
à
espera que o saber da palavra construa, enfim,
o
sustentável bom trato do verbo.
© Jaime Portela, Agosto de 2020