Abrimos
o caderno onde apontamos o futuro
e
fazemos uns traços coniventes
nas
metas não cumpridas do ano que acabou.
Fingimos
para nós próprios
querermos
desfraldar a bandeira da mudança
e
projetamos firmamentos siderais
com
o fulgor de campeões.
Para
o corpo juramos temperanças
e
abonamos bons modos de alma arrependida,
a
par de uns quantos sonhos temperados
no
fogo inconsistente da esperança.
Como
indolentes sabidos que somos,
a
cabeça fica leve com o peso
arrumado
num recanto, como é hábito,
e somos
a resiliência destramente relaxada
na
letargia da pouca força que nos resta.
© Jaime
Portela, Dezembro de 2021