quinta-feira, 20 de outubro de 2022

Cordeiros [446]

 


Cordeiros,

somos milhares de milhões.

De sonhos mansos, a revolta é virtual,

enquanto os indignos se governam

e nos matam como esponjas sequiosas.

Quantos milhões de mortes atómicas

para chegarmos à investida

que corte pela raiz quem da paz faz tábua rasa?

Será preciso que cada quilowatt

custe um dia de salário?

Que as bombas nos destruam as casas

para esganarmos os criminosos

que temos no trono instalados?

Absurdo comodismo,

arma de balas egoístas que nos acertam

e vão cavando o túmulo

do nosso desalento amortalhado

se não galoparmos com o freio nos dentes.

Até lá,

somos milhares de milhões de cordeiros

à espera do milagre,

a fingir de indignados, sem chama,

a pastar o protesto

nas secas ervas do silêncio acobardado.

 

© Jaime Portela, Outubro de 2022


33 comentários:

  1. Tanta verdade neste pequeno texto! Perfeito!

    Bom dia :)

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  2. Falaste tudo da realidade desse rebanho que somos... Linda poesia! abraços, chica

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  3. E o milagre não acontece....
    Um poema de revolta, interessante.
    Obrigada pela visita
    Beijos e abraços
    Marta

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  4. Grande grito, Jaime!...
    Acontece que s pessoas competentes não querem saber de política...
    Os nossos melhores emigram.
    Assim, resta-nos conformarmo-nos com o que temos, porque antes carneiros
    do que doidinhos exaustinados...
    Bom fim de semana. O meu abraço amigo.
    ~~~~


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  5. Muy sentido poema, la muerte de las personas a nadie importa si ganan un pedazo de tierra y su bota inmunda quiebra huesos indefensos. Duele, pero es verdad.

    mariarosa

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  6. Una realtà difficile, e contraria ai nostri desideri, in questo magnifico spartito poetico.
    Sempre bello leggerti, buon pomeriggio e un sorriso,silvia

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  7. O poema expressa exatamente a situação política actual, tanto em Portugal 🇵🇹 como na Alemanha 🇩🇪 como no mundo 🌎
    A maioria do povo alemão já começa a revoltar-se contra a incompetência do governo alemão.
    Saudações das margens do rio Reno.

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  8. Quando os milhares de milhões se consciencializarem da sua força, o mundo mudará, com dor, mas mudará.
    Um abraço.

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  9. Boa tarde de paz, amigo Jaime!
    Quantos milhões de mortes atómicas

    para chegarmos à investida

    que corte pela raiz quem da paz faz tábua rasa?

    Estamos num mundo incompreensível... guerra de todo tipo e mais ainda uma terceira possibilidade de terror.
    Belíssimo poema!
    Tenha dias abençoados!
    Abraços fraternos

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  10. Triste, pero verdadero, a veces esperamos y no se puede hacer nada...

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  11. Um poema de insurreição que aplauso, Jaime. Não preciso dizer mais nada, pois você falou tudo. Abraço.

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  12. Ai, Jaime! Estas tuas palavras doeram-me.
    Não sei que mais diga, fiquei inquieta pela incerteza do futuro que temos pela frente...

    Beijinhos e tudo de bom!

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  13. Que poema tão autêntico e verdadeiro! Quase me senti envergonhada de ser um desses cordeiros...
    Beijinho, meu amigo.

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  14. JAIME
    sempre admirei a tua escrita, teus poemas
    mas HOJE...superaste tudo,
    com tanta verdade, tanta realidade nas tuas palavras,
    eu digo o mesmo, ando um Mundo Ocidental a fingir indignação
    e de braços cruzados, a ver atrocidades
    e ninguém se mexe! Que tristeza.

    Cordeiros,
    somos milhares de milhões.
    De sonhos mansos, a revolta é virtual,
    Que as bombas nos destruam as casas
    arma de balas egoístas que nos acertam
    Até lá,somos milhares de milhões de cordeiros
    à espera do milagre,a fingir de indignados,
    nas secas ervas do silêncio acobardado.

    Eu já me tinha apercebido da INDIFERENÇA DO MUNDO
    das pessoas que nos rodeiam
    perante o meu sofrimento e ninguém reage,
    acontece o mesmo com a desgraça dos outros,
    o povo só reage quando chega a desgraça ao seu umbigo, aí sim...

    AMIGO
    tomara eu poder dizer que estou bem e feliz mas...
    nada disso é verdade!
    Perder a visão é uma tragédia e só me compreende quem não vê...
    Beijinhos!

    O que dizer de um filho que, não veio ver nem visitar a sua mãe,
    num pós-operatório? Faz hoje 23 dias que foi a cirurgia e quem
    se lembra que existo? Onde está o abrigo que deveria ser a família?
    Por isso a minha desgraça é ainda maior,
    com falta de saúde e com falta de amor.

    Se me quiseres visitar, aqui:
    http://meusmomentosimples.blogspot.com/

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  15. Profundo poema, te ha ce pensar en la estupidez y codicia humana. Te mando un beso.

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  16. À espera do milagre. A fingir que nos indignamos... Jaime, este poema é uma dura reflexão sobre o que se está passando no mundo e sobre a nossa forma quase inútil de reagirmos a tudo... As palavras pesam, sim.
    Um bom fim de semana.
    Um beijo.

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  17. Verdade nua e crua a que expões magistralmente no teu poema.

    A indignação é um fogo-fátuo sem consequências de maior e a nossa impotência vive-se a cada dia.

    Focos de sofrimento , guerra e fome espalhados por todo o planeta e quem detém o Poder nada faz.

    Abraço, meu amigo, bom fim de semana

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  18. “La poesia es un arma cargada de futuro”. Já não sei se acredito no futuro, mas tenho a certeza de que a poesia permanecerá para sempre, mesmo para além do tempo que possa não existir.

    Quem assim escreve não é cordeiro, muito menos acobardado.

    Beijo, amigo Jaime, força nessas palavras!

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  19. Bom dia, caro amigo Jaime,
    Poema sublime, onde a realidade de nós é bem descrita nestas belas palavras.
    Gostei muito.
    Parabéns, pela inspiração e talento!
    Votos de um excelente fim de semana, com muita saúde.
    Abraço amigo.

    Mário Margaride

    http://poesiaaquiesta.blogspot.com

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  20. Olá Jaime, espero que esteja tudo bem consigo.
    Somos um triste rebanho ao comando de um pastor degradado e cruel :(
    Os seus poemas são puro talento, pura inteligência, são a poesia no seu maior esplendor!
    Que o seu fim-de-semana seja muito feliz.
    Beijinho

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  21. Deixou-me em profunda reflexão e a pensar: Malditos sejas os PUTINS deste mundo. Poema para ler, reler, e interiorizar.
    .
    Feliz fim de semana.
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

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  22. As incertezas do futuro resultaram num Poema de intervenção de excelência.
    Triste, é o rebanho que nos propomos ser.
    Parabéns, Jaime.


    Abraço
    SOL da Esteva

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  23. Un tiempo de creer o no creer...
    el hombre ya lo ha dicho...

    Y El lo dijo mejor..., ¿habrá fe cuando vuelva?

    abrazo.

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  24. Olá, Jaime
    Curvo-me perante este seu poema que põe
    o dedo na ferida da nossa inacção e hipocrisia.
    Quem se senta na cadeira do poder anda à
    deriva e, como tal, não sabe que direcção tomar.
    A este jardim à beira-mar plantado chegam-nos
    os efeitos do marasmo desta que se apelida
    de "civilização ocidental" e que cada dia que
    passa caminha para o vazio.

    Bom domingo.
    Abraço
    Olinda

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  25. Boa tarde Jaime,
    Um poema intenso, de tão real, que nos faz refletir sobre a dureza e o caos instalado no mundo ao qual parecemos indiferentes!
    Não somos, mas há uma certa impotência para contrariar essa realidade.
    Muito bom! Parabéns pela inspiração e criatividade.
    Beijinhos,
    Ailime

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  26. excelente!
    de uma acticidade fragrante

    um dia acordamos. com um "brinquedo nuclear" a sofrer novo holocausto
    abraço, meu amigo

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  27. Realidade dura e cruel que envolve o mundo, sem que tenhamos a curto prazo, uma luz que nos clareie o caminho.
    Muito bom, poeta.
    Um beijo carinhoso

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  28. Forte este grito!
    Mas as pessoas cada vez mais estão moucas e com o coração de porta fechada.
    Mal do rebanho , quando o pastor não presta.
    E a culpa não é dos lobos mas sim de sermos um rebanho de ovelhas mansas
    Gostei muito do que escreveu.
    Abraço e brisas doces **

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  29. O mundo onde estamos... entregues a outros bichos...
    Um poema genial, este grito de revolta, e que tão bem descreveu, este manso mundo nosso... podemos mais do que supomos... mas... o absurdo comodismo...
    O poema remeteu-me para aquele tema de Ana Bacalhau... o Movimento Perpétuo Associativo, com a crónico desígnio de... "vão sem mim, que eu vou lá ter..."
    Adorei o poema! Um beijinho
    Ana

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