Como a formiga,
que arrasta mais que o seu peso
e mais que o seu volume
por carreiros sinuosos,
tropeço
e luto
contra o tempo e o hábito.
De vez em quando sou pisado,
mas a sorte
e o engenho
ajudaram-me a escapar,
até hoje,
no intervalo ou nas ranhuras
das patas do inimigo
ou dos pés do distraído.
Recolho
ou abandono
os destroços da carga
conforme os estragos
e prossigo a luta
obrigatória
para me abrigar
antes que a noite caia.
Ou a chuva.
E emboloreço,
no tempo e na espinha,
no prazo
e nos estorvos dos caminhos.
Se a vida é um atado de curvas,
o amor é um embrulho
já quase indesatável,
que não mereço,
mas que não esqueço.
E há trilhos,
agora tão íngremes,
que antes eram subidos
como se fossem descidas,
que se assemelham
a paredes intransponíveis.
Mas ganhei asas,
porque há subidas evitáveis
e fardos
que não vale a pena carregar.
Assim, apenas assumo
as curvas e os embrulhos.
© Jaime
Portela, Novembro de 2022
Linda poesia. Reflexiva! E as formigas sempre conseguem escapar dos amassados que lhe fazem...E seguem... abraços, ótima semana! chica
ResponderEliminarBom dia, caro amigo Jaime,
ResponderEliminarA vida tem armadilhas subtis, as quais teremos que contornar para seguirmos em frente sem sermos apanhados e esmagados por elas.
É assim a vida e as duas vicissitudes.
Excelente poema, que muito gostei.
Votos de uma excelente semana, com muita saúde.
Abraço amigo.
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
Depois de uns dias ausente da blogosfera, eis-me de volta para interagir com os amigos queridos e apreciar suas obras poéticas com muito prazer.
ResponderEliminarO senso de observação do poeta é fantástico. Associar sua caminhada pela vida e seus percalços aos de a minúscula formiguinha é realmente fora de série. Gostei muito Poeta Jaime!!
Um beijo carinhoso
Um percurso, uma constatação, uma elevação...
ResponderEliminarLi e reli, tão profundas as palavras que
constroem esse seu poema, amigo Jaime. Caindo
e levantando-nos, entre tropeços e obstáculos,
haja enfim o momento em que levantamos voo
em busca do nosso Sangri-la.
Boa semana.
Abraço
Olinda
Corrigindo:
Eliminar"Shangri-la"
:)
Um poema de labuta e trabalho, como a formiguinha
ResponderEliminar:-)
Olá Jaime :)
ResponderEliminarEnquanto o lia, veio-me à lembrança : A formiga no Carreiro, do Zeca Afonso.
Formiga sábia a sua, que ganhou asas e deixou da carregar tudo o que não vale a pena.
Uma boa lição de vida.
Grata pela presença no Parapeito. Gosto muito.
Abraço e brisas doces **
Versi originali e molto significativi, nel nessaggio che intendono inviare al lettore.
ResponderEliminarPoesia apprezzata,buona settimana, silvia
Vieni a trovarmi sul mio blog d'amore : https://deangelissilvia.blogspot.com/
ResponderEliminarUn caro saluto, silvia
Ganhar asas. É isso mesmo meu Amigo Jaime. Às formigas laboriosas também as asas lhes fazem falta para passarem por cima dos obstáculos.
ResponderEliminarCurioso e instigante poema.
Uma boa semana com muita saúde.
Um beijo.
Há trilhos que não devemos percorrer....mas nunca devemos esquecer o amor...
ResponderEliminarPorque ele nos ajuda a ultrapassar tudo o que parece ser intransponível...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta
INTENSO, PROFUNDO, MAGISTRAI, de ler. Mais um poema que me encantou ler.
ResponderEliminar.
Cumprimentos cordiais e poéticos
.
Olá, Jaime.
ResponderEliminarComo sempre, poemas de alta qualidade, sensíveis e belísismos.
Uma excelente opção: da Vida escolher apenas o lado menos
ResponderEliminarpenoso. Para labuta afincada bastaram os anos de juventude!
Ganhar asas e voar, na hora de ultrapassar os escolhos que se nos deparam ao longo do caminho, é uma atitude inteligente.
Um belo poema, com a Vida trabalhosa das formiguinhas, como exemplo.
Gostei!
Beijo e votos de boa semana, caro amigo Jaime.
Una poesia molto piacevole alla lettura. Complimenti, Jaime, per la tua bravura. Buona settimana.
ResponderEliminarDe facto, há fardos que não vale a pena carregar.
ResponderEliminarE que sempre sobrem asas que nos levem a voar!
Beijos e boa semana!
Boa tarde Jaime,
ResponderEliminarGostei imenso deste magnífico poema que nos dá uma leitura do outono da vida!
O importante é que se consiga ir contornando as vicissitudes do tempo e ir escapando ilesos;))!!
Beijinhos e uma boa semana.
Ailime
A vida não é fácil... tenhamos consciência. O poema diz tudo.
ResponderEliminarUm abraço.
Adorei! Os meus parabéns pelo seu dom! :)
ResponderEliminarFeliz dia
Desde as fábulas de Esopo, as formigas são consideradas animais laboriosos exemplares … o poema o confirma.
ResponderEliminarOriginal a fusão da formiguinha com o poeta — ambos com uma vida exemplar de labuta.
Deixo o meu elogio e levanto asas 🐜
Cada pessoa já tem o seu próprio fardo às costas! Adorei o poema. Obrigada pela partilha!!
ResponderEliminar.
Pode a esperança ser o meu porto seguro...
.
Beijo e uma excelente semana.
Olá, amigo Jaime,
ResponderEliminarque lindo poema, lembra sim as formigas,
com sua rainha no comando, com seus soldados no trabalho
e uma árdua caminhada, tropeçando, aprendendo e
encontrando as pedras no meio do caminho.
Muito reflexivo e muito belo poema,
gostei muitíssimo, meu amigo.
Aplaudo você daqui!!
Uma feliz semana, com paz e alegria!
Beijo
Profundo poema. Uno debe siempre seguir adelante. Te mando un beso.
ResponderEliminarOlá Querido Amigo Jaime, fico sempre deslumbrada com a sua enorme inteligência poética!
ResponderEliminarParabéns pelo elevado nível da sua escrita!
Tenha uma semana feliz.
Um beijinho!
Um bom momento para refletir com a analogia muito bem colocada.
ResponderEliminarContinuação de uma boa semana.
Kandando!
Mas ganhei asas,
ResponderEliminarporque há subidas evitáveis
e fardos
que não vale a pena carregar.
Assim, apenas assumo
as curvas e os embrulhos.
👏👏👏... Bj
Olá caro Jaime
ResponderEliminarCurioso e belo poema
Assim é que somos
Construtores dos nossos caminhos
às vezes árduo por alguns obstáculos
Ou até mesmo pelo seu semelhante
Que às nos quer enterrar
Sempre reconstruindo, submergindo
Criando asas e seguindo nosso destino
Boa noite e boa semana.
Beijo!
Que bela poesia! A engenhosidade das formigas... e a vida!
ResponderEliminarAbraços!
A formiga que ganha asas para voar por cima dos atropelos da vida.
ResponderEliminarOlha li e reli porque vale a pena 'mastigar' muito bem cada palavrinha, cada verso.
Beijinho
A vida está tão problemática que é uma boa opção não querer carregar o mundo nos ombros.
ResponderEliminarAbraço e saúde
Sorrisos...
ResponderEliminarE já assumes muito...
Acontece com todos -- a certa altura da vida, há que aliviar a carga...
Excelente poema, Jaime. Abraço
~~~
Olá, poeta Jaime!
ResponderEliminarAssim como as formigas, podemos ganhar asas, resistirmos firmes pela fé, e até voamos na imaginação.
Que a dignidade e a força laboral delas nos inspirem!
Tenha dias abençoados!
Beijinhos
A pôr a leitura em dia. As formigas são dos bichos que mais me encantam, ainda há dias escrevi sobre elas. Sou capaz de partilhar daqui a pouco. Cuidado nas curvas!
ResponderEliminarE o que impele a formiga a continuar? Será apenas o instinto? A lembrança quase esquecida do sol da vida? Será deveras bom escapar aos pés dos incautos?... Não sei.
ResponderEliminarMas sei que o seu poema está lindo!! Beijinhos, Jaime Portela, e tenha um excelente dia de São Martinho:)
Um intrincado poema que nos faz reflectir... o amor prende... ou liberta... tudo depende da forma que sentimos, como o mesmo nos chega!...
ResponderEliminarQuiséramos ter nós a força das formigas... quando nos deparamos com certos fardos...
Um beijinho!
Ana