Aqui,
deitado ao relento a olhar as estrelas,
se alguém me visse
pensaria que tento perceber a minha alma
vasculhando os confins do universo.
Ou que, de olhos focados nas Três-Marias
ao som cósmico dos cães,
que ladram ao longe,
estaria prestes a descobrir o propósito da
vida.
Mas não, nestes abandonos prostrados
gosto de me alimentar do vazio,
sem pensar em nada,
enquanto me esqueço
das labaredas da escuridão,
das entranhas dos nervos,
das ossadas carcomidas,
das flores mortas,
de tudo o que há podre na diarreia da vida.
Sou feliz, portanto, pois tenho traves
a bloquear os neurónios em descanso
e o coração anda à solta,
talvez a bombear
algum romântico e lírico furor
enquanto a cabeça está distraída
e não pensa em nada.
Assaltou-me, no entanto,
a ideia de que nada principiou
antes do verde onde me deito e que,
vergada sob o jugo da espera, a vida
deve ter saltitado de planeta em planeta,
durante uma eternidade,
até se refastelar no sangue
que o meu coração manda para os neurónios.
E acabou o meu sossego. Saltitando
de ideia em ideia, já de traves partidas,
deixei de ouvir os cães,
de ver as estrelas, de me alimentar do vazio,
e cheguei à certeza
de que o verde não existia antes de te ver
e de que foi nesse preciso momento
que nasceu o nosso propósito da vida.
© Jaime
Portela, Fevereiro de 2023
Immagini esistenziali profonde e colme di intenso significato poetico.
ResponderEliminarBuona settimana,silvia
L' ho letta, mi piace come scrivi. Alla fine lo scopo della vita è l'amore, visto come concludi la tua poesia dicendo:
ResponderEliminar"E sono arrivato alla certezza
Quel verde non esisteva prima di vederti
E che era in quel preciso momento
Che il nostro scopo di vita è nato"
Adorei e por vezes os pensamentos saltitam de cá pra lá e estragam nossa paz... Bela poesia! abraços, linda semana, chica
ResponderEliminarFortíssimo este. Muito bom, eu gostei.
ResponderEliminarOs meus parabéns!
Bom dia
Intenso poema donde las palabras saltan con fuerza atacando el sitio extacto para que llegue al lector con fortaleza, me ha gustado mucho Jaime, es una estupenda poesia
ResponderEliminarUn abrazo
Um poema sobre um momento de reflexão e com técnica cientificamente poética de compreender e ultrapassar a negatividade de algumas realidades.
ResponderEliminarUm abraço.
Excelente desenvolvimento de uma ideia da nossa infância
ResponderEliminar:-)
ResponderEliminarJAIME,
ATENÇÃO AMIGO SEGUIDOR!!!
Nosso blog 'HUMOR EM TEXTOS " já recebeu 2876 e-mails de agradecimentos dos nossos queridos amigos e amigas casadas que após lerem a matéria dessa semana:" DEZ COISAS QUE ELES E ELAS DEVEM OU NÃO,FAZER UM COM O OUTRO".
Depoimentos e agradecimentos que me sensibilizaram muito e ainda bem que evitei a sepação desses amados casais.
Essa divulgação é um momento singular de utilidade pública do nosso blog 'HUMOR EM TEXTOS".
Um abração carioca.
Não pensar em nada. Há quanto tempo tento fazer esse exercício sem sucesso, meu Amigo Jaime. Talvez a cabeça ande demasiado cheia...
ResponderEliminarUma boa semana com muita saúde.
Um beijo.
Penso que o Poema é extenso de mais mas sem dúvida BRILHANTE e muito belo de ler
ResponderEliminar.
Semana feliz… cumprimentos poéticos.
O nosso propósito de vida é sentir o amor, o desejo, a paixão... mesmo que seja apenas por um minuto...
ResponderEliminarExcelente...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta
Que beleza ....
ResponderEliminarBeijinho, boa semana
ResponderEliminarTentando compreender o Universo aqui
neste belo poema, caro Jaime. Mas apenas
para chegar a uma conclusão e ao propósito
da vida. Uma verdade incontestável sem
dúvida:
"à certeza de que o verde não existia
antes de te ver e de que foi nesse preciso momento
que nasceu o nosso propósito da vida."
Excelente declaração de amor.
Abraço
Olinda
Boa tarde de paz, amigo Jaie!
ResponderEliminarMas não, nestes abandonos prostrados
gosto de me alimentar do vazio,
sem pensar em nada,
enquanto me esqueço
E resultam em poemas assim tão belos e profundos,.
Amo meus momentos de vazio... de escuta do nada, de inspiração mais consistente ou de simplesmente escrever a simplicidade do dia a dia, sem pamentos.
Obrigada por tão bela partilha e mensagem sensata.
Tenha uma nova semana abençoada!
Abraços fraternos
Olá, caro amigo Jaime,
ResponderEliminarPoema forte e incisivo, onde diambula pelas vicissitudes do tempo, que não tem contemplações.
Gostei bastante.
Votos de uma excelente semana.
Abraço amigo.
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
Interessante poema , mais pra meditativo do que reflexivo. Nosso campo mental em determinadas situações denota um poder secreto, que já foi descoberto há milhares de anos por homens da ciência, e mais recente pela Física Quântica. E aí vem o poeta e poetisa magnificamente o cosmo fisico, e mental. Parabéns, Jaime.
ResponderEliminarUm beijo.
(Deus meu! Cuidado com as pneumonias!... Sorrisos...)
ResponderEliminarNão lhe foi alhear por muito tempo desse amor que é a razão de uma vida...
Magnífico!
Dias amorosos e muito felizes. Um beijo.
~~~~~~~
Muito belo! Há sempre algo que vem perturbar um estado de ataraxia... :)
ResponderEliminarBeijinhos e boa semana!
E na vida saltitando … surgem os melhores poemas.
ResponderEliminarBoa semana, amigo Jaime.
Um abraço das margens do rio Reno.
Sempre elevate ed eleganti le tue liriche, amico Jaime. Bravissimo, buon inizio di settimana. Un abbraccio.
ResponderEliminarEs un excelente poema. Intenso y bueno.
ResponderEliminarUn abrazo.
Que redação me saiu!
ResponderEliminarQueria dizer: 'não se foi alhear...'
Dias de S Valentim alegres e felizes.
~~~~~~~~~~~~~~
Quem me dera conseguir algum tempo sem pensar em nada, alimentar o meu espírito do vazio, mas isso é coisa que nunca consegui.
ResponderEliminarAbraço e saúde
Poema intenso, mas muito bom!! Obrigada pela partilha!
ResponderEliminar.
Beijo, e uma boa noite
Isso de um homem se deitar de costas na relva, observando o Universo, só lhe acarreta desassossegos.
ResponderEliminarEu fazia isso nas longas noites do estio alentejano, durante a minha doce e inexperiente infância. Alheava-me de tudo e era como se só existisse eu, Deus, e as estrelas cintilando longínquas e belas.
Muito lindo e triste - a mim entristeceu-me - este seu poema, amigo Jaime. Gostei muito! Nas entrelinhas, li o que de melhor a vida já me deu...A Esperança e o Sonho que fui perdendo ao longo do tempo.
Um beijo amigo.
Profundo poema. Siempre e s bueno ver la belleza que nos rodea. Te mando un beso.
ResponderEliminarFeliz Dia de São Valentim.
ResponderEliminarUm abraço
Meu cado Jaimamigo
ResponderEliminarDeixa-me colar aqui o final do teu poema que tanto me impressionou:
E acabou o meu sossego. Saltitando
de ideia em ideia já de traves partidas,
deixei de ouvir os cães
de ver as estrelas, de me alimentar do vazio,
E chegar à verdade
de que o verde não existe antes de te ver
e de que foi nesse preciso momento
que nasceu o nosso propósito da vida.
Só um Poeta como tu podia escrever assim, dando pinceladas que retratam um vazio que permite no fundo chegar à tal verdade. Ninguém poderia fazê-lo como o fazes porque tens o dom de transformar as letras em palavras e estas em frases com sentido e sentimento.
Julgo que não preciso dizer mais nada pois repetiria o apreço que tenho por ti. És formidável – só!
Abração
Henrique
Boa tarde JP
ResponderEliminargostei do poema, pois há momentos em que também eu me sinto assim.
boa semana com inspiração e saúde.
:)
Como eu adorava observar as estrelas quando era pequena e ia para o monte do meu avó no Alentejo. Sem qualquer luz nos arredores, à noite, o céu era absolutamente fantástico.
ResponderEliminarAdorei esse interessante e poético saltitar de pensamentos.
Beijinhos
“Pensar é estar doente dos olhos.
ResponderEliminarOlho, e as coisas existem.
Penso e existo só eu.”
(Heterónimo de Fernando Pessoa)
Alberto Caeiro
Jaime, boa semana e um dia de São Valentim intensamente verde-fogo!
Olá caro Jaime.
ResponderEliminarPoema divino, nada extenso.
Tão agradável de se ler que poderia ter mais linhas.
Parabéns poeta.
Boa noite e feliz semana.
Beijo!
Pertinente e apaixonante...👏💕😘
ResponderEliminarHermoso es tumbarse en un colchón vegetal donde se puede respirar pura naturaleza bajo las estrellas.
ResponderEliminarHermoso poema.
Buenas tardes Mario.
Perdón por el descuido. Si lo puedes corregir, por favor. Te he bautizado de nuevo cambiándote el nombre, querido Jaime. Mil disculpas por el descuido.
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