quinta-feira, 15 de junho de 2023

Não sei [512]

 


Não sei o que há nas bocas do mundo.

Vê-se rapidez e lentidão,

segurança e incerteza, tudo e nada.

 

Nelas, há ternuras irresistíveis

ou esgares que provocam sustos vivos

nas paredes das fronteiras

numa fúria impiedosa na pele de outra cor.

 

Há sempre bocas presentes

nas emoções que sobem da alma,

num salto, aos cumes da vida,

tal como nas tristezas

que gotejam lentamente até aos pés.

 

Mas também há apatia,

real e aparente,

de bocas bem desenhadas.

Há gravatas, há lenços,

adereços que dormem como livros

numa estante da sala,

batons irrelevantes para os lábios.

 

Não sei o que há nas bocas do mundo.

Mas sei que é vida, boa ou má,

o que se espalha, corpo a corpo,

a partir de qualquer boca.

 

© Jaime Portela, Junho de 2023


35 comentários:

  1. Parece mesmo que a humanidade do dito ser humano está em " vias de extinção " e, apesar de haver quem tente " salvar a espécie ", ela continua no mesmo caminho. Eu também não sei explicar tanto desatino , mas sei que não terei tempo e muito menos esperança para ver qualquer mudança. Nota-se no povo o desalento, a impotência, o descrédito, apesar da animação nas festas populares que se realizam por toda a parte; como se costuma dizer, " nem só de pão vive o homem " e por isso , nesses dias de folia, canta-se e dança-se para atenuar a tristeza de pouco ter o que pôr na mesa. É assim, Jaime e valha-nos o sto António, s João e S Pedro que alegram as nossas cidades nestes tempos tão conturbados. Voltei, Amigo, mas a minha esperança de um mundo melhor não veio comigo e, se queres que te diga, nem sei onde ficou Beijinhos e que a vida te abençoe com saúde para ti e para os teus
    Emilia

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  2. Ou seja: o mundo anda de pernas para o ar lol. Gostei muito de ler. Cumprimentos poéticos

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  3. Não saber pode ser a mais suprema manifestação de existir.
    Faz-nos abraçar o belo.
    Saber, é o inicio de entrarmos na ausência de beleza. É o que eu acho
    Forte, amigo Jaime

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  4. A humanidade está em vias de extinção, nas mentes dessas personagens bem vestidas e mal formadas, como se o mundo apenas girasse à sua volta. Num egocentrismo nefasto e cruel, onde a humanidade não existe, no seu ego irracional.
    Excelente poema, caro amigo Jaime!
    Gostei muito. Parabéns!
    Continuação de boa semana.
    Abraço amigo.

    Mário Margaride

    http://poesiaaquiesta.blogspot.com

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  5. Não se sabe o que há... Há muita tristeza e desalento...mas continuo a acreditar que há também esperança...
    Beijos e abraços
    Marta

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  6. A POESIA do Jaime também por vezes nos inquieta, mais subtilmente do que a prosa ultrabrutal de Cormac McCarthy.
    O desassossego é absolutamente a missão da literatura e da arte.
    Continuação de boa semana, caro poeta.
    Um abraço da aldeia do Düssel 🥵 onde o calor impera.

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  7. Os mais antigos temiam cair nas bocas do mundo (outra significação, óbvio), mas agora o poema do Jaime deixou-me a pensar: terá o mundo pernas para andar? Sim, tenhamos esperança... ela será sempre a nossa primeira condição!

    Abraço caro amigo, óptimo fim de semana

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  8. Un gran poema. Profundo y muy reflexivo.
    No perdamos la esperanza.
    Un abrazo.

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  9. Gostei, mais um excelente poema!


    Cláudia - eutambemtenhoumblog

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  10. Talvez essa tremenda dúvida que o Jaime manifesta de forma poética, mas tão real, advenha do facto de hoje todas as bocas falarem e, quase sempre, contestam, reivindicam, gritam e pior, todas se acham com razão e falam ao mesmo tempo.
    Já não há sossego nem palavras de entendimento.
    E, esses de gravata, são os que mais a boca abrem...

    Um forte abraço de apreço pelo seu norme talento poético.

    PS- Quando puder, Jaime, dê um saltinho ao meu estaminé, ao post das masgaridas. 🙏

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  11. Olá, amigo Jaime!
    Bocas presentes e não omissas são as melhores se edificarem e usarem a fala para o bem comum.
    Gostei dos questionamentos de todo tipo de pronunciamento.
    Deus abençoe você e sua família!
    Abraços fraternos

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  12. É verdade Jaime... mas sinceramente, acredito que assim tenha sido sempre! Bj

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  13. AMIGO JAIME
    infelizmente há muito tempo que me dei conta disso
    sempre fui muito realista, já não me iludo
    o que é isso de "ser humano" nesta selva em que vivemos?
    Se dentro das nossas paredes há tantas mortes por violência doméstica, como querem que desconhecidos nos tenham amor ou carinho?

    Por aqui, caso me queiras visitar há posts novos:
    https://pensamentosimagens.blogspot.com/
    http://tempolivremundo.blogspot.com/
    Bom fim de semana, bjs

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  14. A versatilidade do mundo e o pulsar da vida.
    Um abraço.

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  15. Olá, amigo Jaime, gostei muito deste seu inspirado poema,
    que à boca dá relevo.
    Tema bem explorado pelo amigo e talentoso poeta.
    Votos de um bom final de semana, com paz.
    Grande abraço.

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  16. Profundo poema. Te hace reflexionar sobre nuestro mundo . Te mando un beso

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  17. Infelizmente demasiadas vezes fel e ódio.
    Abraço, bfds

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  18. In the mouth of the world there are kisses and arrows, my poet friend.
    So we continue to marvel at the beautiful things that life presents us with.
    A good weekend to you!

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  19. ti posto qui ma è sufficiente che tu la legga per poi commentarla da me senza pubblicarla essendo off topic, la mia poesia di oggi poiché l'ho postata in video. Mi sembra corretto anche questa volta lasciarti il testo. La poesia riguarda un fatto di cronaca di un incidente d'auto dove ha perso la vita un bimbo di cinque anni, fatto accaduto in questi giorni in Italia, ma è lo spunto, vista la dinamica ed i colpevoli ossia degli youtber che si filmavano mentre facevano una sfida, per parlare anche del degrado dell'Italia.

    "ERA UNO DI NOI"

    Bandiere a mezz'asta
    Sì ma per questo Paese
    Dall'encefalogramma piatto
    Senza più alcuna dignità
    Ubriaco di follia ed arroganza
    Strafatto e beota come il suo popolo
    Suo specchio fedele
    Suo Apostolo ineguagliabile

    Bandiere a mezz'asta
    Anzi proprio tolte del tutto
    Per te bimbo di 5 anni
    Che muori senza colpe.

    Guardo il vostro video
    E vedo un invasato
    Eccitato da un'auto che ha solo noleggiato
    Ma che sente come totalmente sua

    Cinque teste di cazzo su una Lamborghini
    Una sfida da documentare
    50 ore ininterrotte alla guida
    Dandosi il cambio.

    È una sfida idiota
    Non è nemmeno una prova di coraggio
    Al massimo di resistenza
    Ma parliamo di guidare una macchina
    Non di sopravvivere nel deserto per un mese
    Senza nulla.

    Ok volete documentare questa ideona
    E perchè noleggiare un bolide super lusso
    E non fare questa sfida con una Panda
    Intanto non è una gara di velocità
    E 50 ore sono sempre 50 ore
    Sia al volante di una Panda che di una Lamborghini

    Perchè lo scopo non è la sfida
    Ma essere alla guida proprio di un'auto inarrivabile
    Fare audience on line mostrandovi su quel bolide
    Come degli sfigati

    Voi siete i responsabili di questo assassinio
    Ma non sono da meno tutti quelli che vi hanno seguito
    Chissà, forse, incitato a fare questa stupida bravata
    E magari anche spronato ad andare più forte

    Immagino già qualche commento
    "Figa pigiate di più su quell'acceleratore
    Siete su una Lamborghini mica su una Panda..."

    E tu lo fai
    Esaltato
    Invasato
    Drogato
    E lui a soli 5 anni muore per causa tua
    Vostra.

    Ed a tutti voi
    Che come me
    Nemmeno sapevate
    Della loro vuota esistenza
    Vi chiedo di non cadere nel solito tranello

    Li vedrete presto
    Magari anche solo uno o due di loro
    Pentirsi
    Dire che non immaginavano
    Che potesse accadere nulla del genere
    Che non ci dormono la notte

    Voi non abbiate nessuna pietà
    Mentono
    E se non mentono hanno un Q.I. di un'ameba
    Perhè se guidi come un pazzo su un'auto sportiva
    E non sei nemmeno così esperto al volante
    E magari ti stai filmando alla guida
    Beh non puoi non pensare
    Che un incidente non possa succedere.

    Quindi che mentano o siano sinceri
    Non meritano la vostra compassione
    Concedergliela vorrebbe dire
    Uccidere quel bimbo una seconda volta
    E ferire duramente ed ulteriormente sua madre.

    Lutto nazionale
    L'Italia è morta
    E con essa
    È morta anche un'ampia maggioranza del suo popolo
    Arrogante, becero e superficiale.

    Vuoto cosmico nel cervello
    Aridità devastante nel cuore
    E quei pochi che ancora
    Un'anima ce l'hanno
    La proteggano
    Salvaguardandola
    Dal marciume che abbiamo intorno
    E non lascino mai
    Che anche un solo dubbio li sfiori

    L'essere una minoranza
    Non vuol dire essere dalla parte del torto
    Essere in minoranza
    Non deve farci vacillare mai
    I pazzi sono loro

    E se
    Tutti vi saranno sembrati rinsavire
    Sull'onda emotiva del momento
    Non illudetevi
    Tempo dieci giorni
    E nessuno ricorderà più nulla
    E buona parte di questo gregge da tastiera
    Tornerà a ridere o ad esaltarsi
    Per altri video simili
    Appassionandosi ad altre sfide.

    E se vi venisse mai
    Nonostante tutto
    Un breve momento di incertezza
    Ripensate a quel povero bimbo
    Lui era innocente
    Era minoranza
    Era una speranza per il futuro
    Cancellata in modo assurdo
    Era uno di noi.

    DANIELE VERZETTI ROCKPOETA®



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  20. Potrei scrivere un saggio su questo tuo capolavoro ma sarebbero parole non all'altezza di questa tua poesia. I dettagli che usi per indicare tante vite tante bocche che unite insieme fanno la bocca del mondo, sono fotogrammi che prendono vita nella mente di chi legge. Stupenda, bravissimo!!!

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  21. Tem sempre um sabor especial quando não se sabe o que se imagina e quer saber.
    Poema que amei ler
    *
    Fim de semana com Saúde, Paz e Amor.
    */*

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  22. Olá, caro amigo Jaime,
    Passando por aqui, relendo este excelente poema que muito gostei, e desejar um Feliz fim de semana!
    Abraço amigo.

    Mário Margaride

    http://poesiaaquiesta.blogspot.com

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  23. E pensar que muitas vezes não nos damos conta que fazemos
    parte das bocas insensatas apáticas os batons irrelevantes e alguma ternura.
    E como dizes a vida 'boa ou má' caminha ...
    abraço Jaime um bom abraço

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  24. Pois, há de tudo. Mas falta tanto!
    Há vida, mas também falta dela. E muitas vezes, as bocas não sabem o que dizem, nem o que dizer.

    Beijnhos e bom fim-de-semana!

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  25. Olá! Prazer! Vi seu comentário em um blog e vim conhecer seu cantinho. Adorei e virei mais vezes, curti muito seu texto, a humanidade anda esquisita demais, mas acho que ninguém passou a ser, e sim sempre foi, apenas agora estão mostrando. Que as bocas sejam sempre portas de boas ações, boas verbalizações e de bons beijos. Ótimo final de semana!

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  26. Boa noite, Jaime. São tantas as palavras de bençãos e maldições, de ira e paz nesse mundo onde a humanidade é feita de corpo sangrento. O racismo é uma total falta de respeito e achismo superior ao outro. Como disse uma amiga, vivemos uma "escravidão socializada". Teu poema é rico em cada estrofe.
    Saudades. Parabéns. Paz e luz. Beijos na alma e excelente fim de semana.♥️😘🙏🏼💯

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  27. O teu despertar a gente tem um sentido bom e útil. Há demasiados assuntos sem os pés no chão...
    Parabéns, Jaime.


    Abraço
    SOL da Esteva

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  28. Nas bocas do mundo há de tudo. O bom e o mau. Nos gataríamos de andar por lá... Sempre inspirado, meu Amigo Jaime.
    Um bom fim de semana.
    Um beijo.

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  29. En la boca del Jaime, mundo aunque nos duela hay de todo, desgraciadamente en los pasos fronterizos, vemos como la libertad se coarta impidiendo el paso, el trato entre una clase social y otras es en algunos casos vejatorio, unos pocos viven al margen del dolor de muchos, la ambición y la injusticia se tocan ..
    Tu poema es fuerte denuncia, ojalá y sirviera para reflexion
    Un abrazo

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  30. Boa tarde Jaime,
    Um poema magnífico!
    Nas bocas do mundo podemos ler tantas coias, mas o que talvez ressalte é o que vai no coração de cada um.
    E sabemos que a humanidade não atravessa um momento agradável, antes pelo contrário.
    Beijinhos e um bom fim de semana.
    Ailime

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  31. Olá caro Jaime
    Eu também não sei
    O que sei que prefiro
    Ouvir e sentir as bocas boas
    Bonito poema.
    Boa noite, feliz domingo.
    Beijo!

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  32. Sabe, Jaime?
    Este é dos poemas, seus, que mais gosto tive em ler. Diz de tudo, das bocas que se atiram ao ar, sem noção, sem responsabilidade e que tanto mal fazem. Um mundo que dá voltas e mais voltas e acaba no mesmo lugar de sempre. Sem crescimento, sem juízo.
    Bom fim de semana.
    Um abraço
    Olinda

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  33. En este mundo todos lo reconstruimos cada día, con lo que hacemos a diario vamos por esos laberintos que nuestra mirada de vida nos hace caminar y en ello ojlá seamos siempre fieles a neustros principios...aquellos que abogan por la mejor vida de todos y no luchas vanas...

    Abrazos.

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