Os quadros são mais surrealistas
que as telas do Salvador Dali
e a procura desusada
do rosto da culpa sem mãos
é uma agulha num palheiro em chamas.
Os jogos de cores distorcidas
burlam os óculos
presos a espelhos côncavos
impingidos pelo grande masturbador
para encaixilhar a visão
na verdade mais conveniente.
E, apesar da alta definição do plasma,
as imagens perdem-se
na miopia causada pelas palavras de lama
e o som é tão mau
que nem a linguagem dos surdos,
ou mesmo Beethoven,
o conseguem explicar.
Desisto da construção mole com feijões
fervidos,
vou ler de novo o Crime do Padre Amaro
(já sei quem é o culpado)
ou o Canto IX dos Lusíadas
e descobrir onde é a Ilha dos Amores.
© Jaime Portela, Maio de 2024
NOTA:
ResponderEliminar- O grande masturbador
- Construção mole com feijões fervidos
São títulos de pinturas de Salvador Dali
Na vida temos todos necessidade desse refúgio, a Ilha dos Amores.
ResponderEliminarAbraço de amizade.
Juvenal Nunes
Standing ovation è tra le più belle che tu abbia pubblicato qui sul tuo blog
ResponderEliminarDe feijões fervidos eu gosto.
ResponderEliminarMuito.
De manipuladores é que não gosto nadinha.
Abraço, boa semana
Parece-me uma crítica às cenas reais que vão acontecendo nos dias que correm e nem Dali, como todo o seu espírito surrealista, conseguiria pintar melhor.
ResponderEliminarPremonições à parte, os versos finais dizem tudo ou quase tudo, sobre os absurdos a que vamos assistindo por nos entrarem pela casa, queiramos ou não.
E Vivam os verdadeiros Amores!! :)
Um abraço, Jaime.
Só grandes nomes!
ResponderEliminarGostei
Boa semana
The truth is that we like to be popular and erudite in this world full of surrealist metaphors.
ResponderEliminar(ꈍᴗꈍ) Poetic and cinematographic greetings.
Lo importante es quedarse con aquellos, o aquello que nos edifica como persona cada día...
ResponderEliminarBuena semana.
Refugiarmo-nos na leitura em vez de estarmos a olhar o ecrã onde parece que andam todos à bulha, a ver quem fala mais grosso, é uma boa solução.
ResponderEliminarUma boa semana.
Um beijo.
Boa tarde Jaime,
ResponderEliminarUm poema magnífico que me deixou a pensar no que vou ouvindo e vendo sobre a atualidade do nosso cantinho.
A travessia da barreira do som não é fácil!
Um poema muito inspirado e bem construído.
Beijinhos e uma boa semana.
Emília
Nada explica os ditos e os desditos...
ResponderEliminarTalvez se consiga descobrir onde é a Ilha dos Amores ou como voar perto do Sol sem cair ao Mar...
Belo...
Beijos e abraços
Marta
Dali é sempre, será sempre uma inspiração 🙂
ResponderEliminarNão é mau feijões feridos, e melhor ainda a ilha dos amores.
ResponderEliminarAgora, os falsos profetas, é fugir deles!
Excelente poema, amigo Jaime!
Gostei muito.
Abraço amigo e feliz semana.
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com
Salvador Dali um génio excêntrico e antidemocrático.
ResponderEliminarPoema brilhante como sempre.
Quem lê Eça de Queiroz e Luís Vaz de Camões não sofre de fobias.
Em Julho „da amiga do Douro“
Até lá, um abraço das margens do Reno.
Spunti davvero originalissimi in questo cantico letto con piacere, e molto apprezzato.
ResponderEliminarBuona settimana e un saluto
Qué buen poema!!!!.
ResponderEliminarTe deseo una feliz semana.
Un abrazo.
Arte implícita em boa poesia 👏😘
ResponderEliminarBoa tardinha de Paz, amigo Jaime!
ResponderEliminarFaçamos nossa "Ilha do Amor" aberta ao que é bom, verdadeiro e belo.
Tenha uma nova semana abençoada!
Abraços fraternos de paz
Olá caro Jaime.
ResponderEliminarGostei imenso do seu poema
Boa semana pra você, poeta.
Beijo!
Olá caro Jaime
ResponderEliminarGostei imenso do seu poema.
Boa semana pra você.
Beijo!
Intenso versar, e muito interesante essa "Ilha do amor".
ResponderEliminarBeijos carinhosos em seu coração poético.
https://sensualidadeeerotimo.blogspot.com/
Caro amigo Jaime, sua habilidade em tecer palavras cria um tapeçaria rica em imagens e emoções. A maneira como você descreve a arte e a realidade entrelaçadas é profundamente evocativa e nos convida a refletir sobre a verdade que escolhemos ver. Uma verdadeira viagem pela complexidade da percepção humana. Bravíssimo! Abraço.
ResponderEliminarMe gusto el poema. Tan profundo te hace reflexionar. Te mando un beso.
ResponderEliminarGosto muito de Dali , mas desconhecia esses títulos.
ResponderEliminarDo teu poema , também gostei muito.
Abraço, meu amigo, boa semana.
Ah, fiz uma pregação a respeito do pecado e do erro. Louvado seja Deus. Foi longo e profícuo. Para quem acredita até mesmo em Dharma e Karma, e o levou em consideração. Não vou repetir aqui. Peço que algum missionário leve ao ser humano que o queira ouvir. Um abraço, Yayá.
ResponderEliminarUm poema oportuno referindo o lixo que as televisões nos largam na nossa casa, julgo que com referência ao intragável Festival de "Canções" da Eurovisão .
ResponderEliminarAntes a leitura, concordo.
Um abraço.
boa tarde JP
ResponderEliminarGostei da originalidade do poema.
E como falamos de Dali, deixo aqui um pensamento dele.
“Há alguns dias que eu penso que vou morrer de overdose de satisfação.”
Boa semana.
:)
O excêntrico Dali a inspirar o poeta... Lindo de ver, ou melhor, de ler.
ResponderEliminarHá muito que cansei de tanta berraria. Ignoro, e continuo lendo.
Querido amigo Jaime, li no blogue da Teresa que não conheces a obra de
Afonso Reis Cabral, bisneto do nosso grande Eça de Queirós. Para te estimular a leres «O meu irmão» o seu primeiro e extraordinária romance, Prémio Leya 2014, deixo-te o link duma publicação no meu Rol de Leituras (recordas?):
https://roldeleituras.blogspot.com/2015/03/o-meu-irmao-afonso-reis-cabral.html
Beijo, boa semana.
ResponderEliminarContundente mas necessário, amigo Jaime.
Neste de mundo de grande estupidez vale
citar grandes autores que, com as suas
obras, tentaram mostrar os caminhos
perigosos por onde a humanidade seguia.
E continuamos por aí fora, impávidos e
serenos, surdos a tudo o que não seja a
nossa imensa prosápia.
Boa semana.
Abraço
Olinda
Boa ideia, às vezes convém distrair a mente com a leitura adecuada e deixar de navegar em mares pouco praticáveis.
ResponderEliminarGosto dos feijões fervidos num bom prato aqui da terra "arroz, fesols y naps" (Arroz, feijões e nabos; mas também com carne de porco.)
Grande abraço
São tantos os disparates que vemos na televisão, tanta desgraça e miséria humana que bem apetece jogar no " plasma" uma boa manada de feijões fervidos, mas depois, Jaime? Teria de comprar outro e....os subsídios não chegam para tudo, mesmo tendo sido prometidos vezes sem conta; melhor será pressionar o " off " e ocupar a mente com outras coisas, por exemplo, visitar o tal rio sem margens e, já que elas não existem, procuremos uma pedrinha no meio das águas e, bem sentadinhos, desfrutemos de uma boa leitura, seja de poesia ou de prosa. E no dia seguinte? De novo leitura? Mantenho a minha televisão sempre desligada, mas à hora das noticias começa o trabalho dela e, mais uma vez, a mesma vontade, ou os feijões fervidos" ou o " off " e a escolha tem de ser a última. Triste, Amigo, decepcionante o trabalho dos que nos devem informar e pior o trabalho daqueles que nos governam. Mas, há sempre um poema para nos divertir e este teu, Jaime, fez duas coisas...rir e reflectir. Obrigada! Beijinhos e cuidado com os feijões...podes escorregar...
ResponderEliminarEmilia
Fantástico poema!
ResponderEliminarBeijinhos
Enxames de varejas
ResponderEliminarzoando, aspirando a pureza do ar
que resta ao que aspira à lucidez
à clareza da razão.
Mosca, vareja ou zangão
invasores sem redenção.
Talvez Dali lhes conseguisse uma transformadora imagética, quem sabe…
Cabe-nos a arte da fuga e arranjar maneira de restituir ao nosso espaço interior, “a casa”
onde coexistimos pacificamente. Creio que foi Albert Camus que disse que a questão mais premente do nosso tempo é cada homem descobrir onde é a sua casa. Que quereria dizer Camus com isto? Que se torna imperioso procurar a Ilha dos Amores?!
Um beijo para si.
Olá, amigo Jaime,
ResponderEliminarPassando por aqui, relendo este belo poema que muito gostei, e desejar um bom fim de semana.
Abraço amigo
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com
Bom dia, meu amigo. Só estou a escrever um comentário agora, porque não tive sequer um momento de descanso esta semana, mas li o poema na terça-feira e gosto muito. Enfim, todos os seus poemas chegam até mim. Gosto das pinturas de Dalí e da música de Beethoven. Envio cordialidade, tenha um bom fim de semana!
ResponderEliminarEscondemo-nos por aí, na Arte...mas os tempos são difíceis.
ResponderEliminarSou louca por Dalí e a Literatura foi o meu trabalho e é ainda uma grande ocupação...
Poema genial e denso.
Beijo com amizade
Um excelente Poema de Intervenção. Nem Dali, nem Beethoven conseguem ofuscar a transparência tão necessária para nos sentirmos gente com Pátria.
ResponderEliminarParabéns, Jaime por mais esta contribuição a desmascarar quem se pretende certo e seguro.
Abraço,
SOL da Esteva
passando para desejar um lindo e feliz fim de semana com muita saude bjs
ResponderEliminarMaravilloso poema, como todo lo que escribes.
ResponderEliminarUn placer leerte.
Cariños y besos querido amigo, que tengas un hermoso día
Receba aplausos por essa magistral inspiração! Bju
ResponderEliminarOlá, amigo Jaime
ResponderEliminarPassando por aqui, deliciando-me com este belo poema que muito gostei, e deixar os meus Votos de uma feliz semana, com tudo de bom.
Abraço amigo.
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com
"ilha dos amores"... isso ainda existe? A existir não deveria ser apenas uma ilha; mas no mundo inteiro deveria reinar o amor, o que cada vez é menos :(
ResponderEliminarBeijinhos.