Ainda criança,
queria sentir
o mesmo que as outras crianças,
que tinham um manancial de sonhos
melhores que os meus.
Ainda inocente,
queria acreditar
nas costureiras
que bordavam as asas dos anjos
na verdade do cosmos.
Ainda puro,
queria beber
os dias sem mágoas,
num faz de conta igual
ao dos filhos sempre felizes.
E ainda hoje queria...
Mas ainda posso,
mesmo velho,
comprometido e encardido.
© Jaime Portela, Agosto de 2018