quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Quanto vento [212]



Quanto vento
pusemos nas velas solares
desse espaço sem fim,
que nos incitava
a inflamar o denso brilho da escolha,
onde nos abraçávamos em nuvens azuis
na origem de onde tudo proviria.

Quantas mãos
pousámos nesse tempo,
sempre célere a enrugar páginas
nos livros da pele
a cada ano sempre moço,
para ficarmos abraçados como estátuas
a escaldar-nos com a carne de uma esfinge.

Quanto tempo
a dissolver o insolúvel,
para agora sobrevivermos nulos
e a bebermos de um copo
que nem sequer está meio cheio de água.


© Jaime Portela, Fevereiro de 2019


45 comentários:

  1. Muito bom. Parabéns pelo excelente poema!

    Beijos e um excelente dia!

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  2. O tempo....que deixa de ser azul...
    Brilhante como sempre...
    Beijos e abraços
    Marta

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  3. Ora Jaime... enche o copo mas de vinho!😊
    Constrói moinhos que aproveitem o vento...
    Constrói relógios que apenas guardem as memórias...
    E usa as mãos para fazeres o que sempre tens feito... mostrar-nos estas tuas pérolas da escrita.

    Beijinhos e bom resto de semana
    (^^)

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  4. Com esse vento, com essas mãos, com esse tempo, se vai navegando na vida e colhendo os seus frutos, que sempre os há. Uma boa colheita!
    Abraço.
    Boa quinta-feira.

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  5. Bom dia de paz, Jaime!
    Há coisas que não saem como planejamos, mas lutemos por resgatar bons ventos.
    Tenha um excelente dia!
    Abraços fraternos de paz e bem
    😘🤩🙏

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  6. Jaime, um belíssimo poema que retrata de forma perfeita, não as dores de parto longínquas, o desvario das aventuras do fulgor do tempo médio, mas sim as dores das artroses.
    Abraço.

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  7. Se é insolúvel, resiste ao tempo...
    A nulidade pode ser relativa...
    Nulos, mas juntos, é algo de suprema importância.
    Versos e estrofes muito especiais.
    Quando for crescida, quero poetizar como tu.
    Abraço estimado Amigo.
    ~~~

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  8. O tempo passa e ficam as marcas dento da alma… Gostei, Jaime.
    Um beijo.

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  9. Olá Jaime!
    Muito interessante esse poema, gostei muito.
    Beijinho.
    Luisa

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  10. Quantas dúvidas se levantam!
    Brilhante poema *-*

    Continuação de boa semana*

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  11. Mais um belo texto, poeta!
    O senhor, quando está inspirado é insuperável, e quando não está inspirado, ainda assim fica acima da média!

    Muito bom!

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  12. OI JAIME!
    O TEMPO É IMPLACÁVEL MAS, PARA OS POETAS, UM GRANDE ALIADO, INSPIRA.
    BELEZA PURA, AMIGO.
    ABRÇS
    https://zilanicelia.blogspot.com/

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  13. Uma bela homenagem a quem deu novos mundos ao Mundo.
    Aquele abraço, bfds

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  14. Bom dia Jaime. Obrigada por nos oferecer mais um interessante poema:))

    Hoje:- És a bebida que sorvo em mar deserto.

    Bjos
    Votos de uma óptima Sexta - Feira

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  15. Um tempo perdido? Talvez não. Mesmo que nem tudo tenha sido ganho o resultado, no fim, terá sido a réstia de esperança que noto nesse copo nem "meio cheio de água".

    Abraço.

    Olinda

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  16. Tudo a seu tempo numa bela escrita poética Jaime
    Ficou belíssimo o teu poema
    Um abraço e bom final de semana

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  17. Sim, o tempo passa levando algumas coisas preciosas, mas é sábio, deixa-nos, talvez, o que não tivemos no início.
    Belo poema, Jaime, apesar de inquietante, como não!
    Beijo, um ótimo fim de semana!

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  18. Nostalgia y realidad tienden un puente: lo importante es poder recordar y tener un presente. Me gustó este poema. Un abrazo. Feliz fin de semana.

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  19. nada resiste à passagem do tempo
    mas enquanto o copo estiver meio cheio há que beber
    até a última gota!

    gosto muito do poema, caro Jaime Portela

    abraço

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  20. Sublime poema, Jaime!
    O tempo, esse responsável por renovar a face da terra e colocar-nos todos em igualdade, cedo ou tarde. Por fim nos conduz a eterna morada e nos tornamos lembranças e saudades, até que após algumas gerações já quase não se lembrarão de nós .
    Vamos brindar o nosso tempo presente, vamos tomar o vinho em doses menores e celebrar a nossa vida, hoje.
    Um forte abraço e ótimo um de semana.

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  21. Maturidade na vida = expertise poética. Qualidade em transpor para o papel, reais e sinceros sentimento.
    Abraços,

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  22. Meio cheio duas dicas:
    Vazio na muita sede
    Ou cheio, pleno de fitas,
    Sempre que o Amor não chegue.


    Abraço
    SOL

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  23. O tempo sempre presente em nossas vidas...
    mas se ele está presente ainda há esperança,
    vamos encher esse copo e aproveitar o tempo que resta.

    Bom fim de semana, meu caro.

    Proseando num dia

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  24. Amigo, que sensibilidade a tua que logra perceber esses momentos e chegar à conclusão de que não foi tarefa fácil para premio tão exiguo.
    Gosto.
    Um grande abraço

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  25. Pois é, amigo Jaime, o vento soprou a favor do poeta dando-lhe inspiração para a criação deste belo poema, que tem versos como estes:

    "Quanto tempo
    a dissolver o insolúvel,
    para agora sobrevivermos nulos"


    Parabéns, Jaime!
    Um ótimo domingo.
    Grande abraço.
    Pedro

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  26. Boa tarde Jaime,
    Um poema magnífico!
    O amor por vezes confunde-nos.
    Beijinhos e bom domingo.
    Ailime

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  27. Não se pode perder a esperança.
    Um copo meio cheio de água é melhor do que vazio...
    Para além de que, por vezes, verificando com atenção, concluímos que, afinal, o copo não está tão pouco cheio como parecia à primeira vista.
    Muito bom! Gostei.

    RE: Enquanto a mesa estiver posta... podes aproveitar, meu amigo. Mas deixa-me que te diga, no dia 1/3... acabou-se!!! 😃

    Bom final de Domingo e boa semana.
    Beijinhos
    MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS


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  28. Belíssimo! Gostei muito de ler.
    Votos de uma excelente semana.

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  29. Oi JaIME! Amigo , o tempo é o parceiro fiel que nunca nos deixa… Ele vai nos levando e nos trazendo das diversas aventuras da vida. Com prazer leio seu mais novo e belo texto, caro poeta. Um grande abraço, e feliz semana.

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  30. No amor não cabem metades. Belo poema!

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  31. Passando para desejar uma frutífera semana de trabalho e poesia.
    Abraços.

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  32. Magnífico poema.
    É função do tempo esvaziar o copo, mas ainda ficam as lembranças de um amor transformado em amizade e talvez em calmaria, mas ainda há meio copo.
    Alguém já disse que nada é permanente, tudo se transforma!
    beijinhos, Léah

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  33. Porque a vida só sabe bem se for cheia..... De amor, carinho, paixão, loucura...beijo
    Saudade

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  34. O tempo... esse copo... sempre meio cheio... ou meio vazio... dependendo do estado de espírito... da fase da vida... das circunstâncias... que ora nos dá... ora nos tira... esse tudo ou nada... que faz até o pouco... ter valido a pena...
    Mais uma sublime inspiração... onde a profundidade e a emoção emergem em cada palavra... Gostei imenso!
    Beijinho! Votos de continuação de uma excelente e inspirada semana!
    Ana

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  35. Pois é Jaime! O tempo passa, mas sempre resta um pouco para permitir que o grande poeta se inspire e crie raridades como este teu poema. Parabéns!

    Abraços, saúde e muita paz para ti e para os teus.

    Furtado

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  36. Nada é perfeitamente inútil
    Abraço poeta

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  37. Oi jaime,
    Gostei dessa força do vento impulsionado as
    lindas palavras.
    Mesmo um copo vazio as lembranças sempre perduram.
    Boa entrada de mês de Março.
    PAZ E BEM.
    janicce.

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  38. Quanta profundidade nessas palavras, quanto mundo há nessas margens que se abrem através dos teus versos, quanta possibilidade de se estenderem ao infinito.

    Abraço, caro Jaime.

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  39. A tua inspiração colhe-se a cada verso e ficamos maravilhados. E cada momento poético nos apanha desprevenidos.

    Beijos.

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  40. Tantos ventos fomos soprando, que uns se transformaram em tempestade, outros em brisa leve... alguns foram vento suão, outros trouxeram chuva que regou, ou apenas pequenas gotas que ainda não fizeram transbordar o copo. Quem sabe haja ainda bons ventos para chegar.

    Abraços, amigo Jaime.

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  41. Deram-nos quase tudo e tiraram-nos quase tudo. Bela jogada estúpida...Mas o planeta tem os dias contados, ao que chegamos? Inacreditável! Voltaremos ao primitivo? Não haverá nem para uns, nem para outros!

    Beijo, amigo JP.

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  42. "Quanto tempo
    a dissolver o insolúvel,
    para agora sobrevivermos nulos"
    Poema belíssimo! E mais não necessito de dizer.
    Beijo, querido amigo.

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