quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Apatia [297]

 

É andar pelas águas de um lago

sem espanto nem pranto

e sonhar ao ritmo das baladas

de um mar sem sal nem vendaval.

É trazer dentro do peito estagnada

a ordem contrafeita

e amarrar pelos cornos o tumulto

do jazz da rebelião.

É esquecer que a mudança é fruto viçoso

do impulso que faz o sangue vibrar.

É ignorar que a bola não rebola

sem um chuto

e que sem a batalha das asas

o voo cai maduro no chão.

É beber das rotinas o ferrete

que coze a vida em fogo mole.



© Jaime Portela, Setembro de 2020


50 comentários:

  1. Um poema cheio de melancolia, mas tão belo!
    Gostei muito
    abraço

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  2. Elogio a inspiração e criatividade poética. Simplesmente fascinante o sentido poético destes sedutores versos.
    .
    Abraço

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  3. É difícil sentir apatia diante de tanto que nos acontece,rs..Linda poesia! abraços, tudo de bom,chica

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  4. Uau, que belíssimo poema!!!
    Apatia é sim... "beber das rotinas o ferrete
    que coze a vida em fogo mole."
    E tanto mais!!
    Beijo querido amigo. Saúde.

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  5. A rotina é mesmo um ferrete que se pega à pele e nos torna apáticos. Há que ter a coragem de viver com toda a força anímica que formos capazes.
    Um poema cheio de motivos de reflexão, meu Amigo Jaime.
    Muita saúde.
    Um beijo.

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  6. Boa definição.
    Não podemos viver apáticos. Temos de dar as mãos ao espanto.

    Beijinhos.

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  7. Muito bom, Jaime!
    Muitas vezes essa apatia tão intensa seja sinal de depressão, é preciso estar atento para cuidar da alma, algumas vezes até com medicamentos.
    Já estive um cadinho apática em certa fase da vida, hoje não mais, percebo a vida, a beleza delas em muitas coisas que antes não enxergava.
    O mundo que se apresenta hoje deixa doente quem não encontra alegria nas pequenas coisas do viver.
    A bola precisa rolar e rola, sempre.
    Abração meu querido!

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  8. Como se o Mundo fosse um buraco negro e poder regressar à superfície.
    Interessante...
    Obrigada pela visita
    Beijos e abraços
    Marta

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  9. E o que nunca se sente ao passar aqui
    Beijo

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  10. Boa tarde Jaime,
    Magnífico poema!
    Gostei muito, logo do início... Belíssimo.
    Um beijinho.
    Ailime

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  11. É esquecer que a mudança é fruto viçoso

    do impulso que faz o sangue vibrar

    Boa tarde de muita paz, amigo Jaime!
    Muito bonito e profundo.
    Bem apropriado ao momento que vive o mundo.
    Tenha dias abençoados!
    Abraços fraternos de paz e bem

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  12. Boa tarde Jaime!
    O que eu sinto é que as pessoas estão tão desacreditadas!
    O mundo perdeu seu brilho.
    Mas, acredito que tudo voltará a renascer.
    E arrancará de nós muitos sorrisos de luz!
    Um abracinho viajante!🌺🌼🌻
    Megy Maia🌈

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  13. Sem palavras, Jaime!

    Continuação de boa semana

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  14. Boa tarde, Jaime, em cada verso há a marca da apatia, insensibilidade pura. Como entender"É beber das rotinas o ferrete

    que coze a vida em fogo mole."
    Como viver uma vida repleta de emoções sem senti-las literalmente. Na verdade só pode ser com certeza, a apatia. Belo poema!Abraço.

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  15. Uma bela inspiração, que não poderia traduzir melhor este tempo presente... que nos tornou estranhos, perante a nossa nova realidade... e já nos mostrou... que os antigos hábitos não podem ainda ser retomados, nos tempos mais próximos, assim prosseguindo a nossa vida... em lume brando... e com pouco sabor... por enquanto!...
    Um beijinho! Votos de continuação de uma excelente semana!
    Ana

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  16. e sonhar ao ritmo das baladas..

    Amei o poema

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  17. Olá, como tem tem passado?


    "É beber das rotinas o ferrete

    que coze a vida em fogo mole".

    é, precisamente isso, meu caro!


    Abraço!

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  18. E como eu costumo dizer, nada é, tudo está: existir é transmutar.
    Belo poema, caro Jaime!
    Um abraço.

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  19. Uma arte da poesia aliada à engenharia das junções da palavra.
    É coisa de engenheiro da poesia Jaime.
    Um belo trabalho sobre a apatia em poesia numa partilha bonita.
    Abraços amigo.

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  20. Apático não estou.
    Irritado, sim, bastante.
    Aquele abraço, bfds

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  21. Melancólico y hermoso poema amigo, saludos a la distancia.

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  22. Olá Querido Amigo Jaime,
    Palavras fortes, determinadas e verdadeiras! Amei!!!

    Gostei especialmente desta passagem:
    "É trazer dentro do peito estagnada
    a ordem contrafeita
    e amarrar pelos cornos o tumulto
    do jazz da rebelião."

    Feliz fim-de-semana, beijinhos!

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  23. un bello poema ...versos que nos muestran este mundo y estos aconteceres cotidianos que a veces nos enojan o nos hacen ( aunque sea por algunos instantes) perder de vista quienes somos... bajar los brazos a la esperanza y confundirnos con pensamientos mas oscuros... pero como expresas...todo pasa...y esto también pasara...y ojala tengamos cada día la fuerza inspiradora para crear poesia en nuestras vidas ... Te abrazo de corazón y te dejo mi agradecimiento por estar en mis letras.

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  24. Que maravilha seu poema, Jaime! Uma apatia tão bem descrita que nos sacoleja,
    por não a desejarmos. O mar sem sal, o sangue que não vibra... tudo encantador. Abraço.

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  25. Muito bonito poema.
    É esquecer que a mudança é fruto viçoso
    do impulso que faz o sangue vibrar.

    O sangue tem que vibrar, pois ha vida.
    Bjs

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  26. Há tanto para fazer em casa, quando se trata do cotidiano feminino, que os homens terão que ajudar naquilo que souberem fazer. Sextou! Bom fim de semana para você e os seus.Um abraço, Yayá.

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  27. A rotina ~e mesmo uma máquina de moer a frescura da Vida.


    Beijinho, meu amigo. Bom fim de semana

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  28. Excelente poema, gostei!
    Na verdade, somos estranhos no tempo que vivemos.


    Abraço
    SOL

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  29. JP

    é tudo isso que escreveu de maneira genial.
    adorei o poema.
    bom fim de semana.
    beijinhos
    :)

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  30. Olá Jaime!
    Um poema magnífico daqueles que a gente lê e fica com vontade
    de ler ainda mais. Gostei muitíssimo. Parabéns amigo Jaime!
    Beijinho de boa noite e ótimo fim de semana.
    Luisa

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  31. Com muito ritmo e cadência.
    Meu amigo, que a apatia não nos vença...

    Beijinho

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  32. Não podemos viver sem sentimentos, vazio, a apatia não pode fazer parte da nossa vida, abraços.
    http://www.lucimarmoreira.com/

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  33. "É ignorar que a bola não rebola

    sem um chuto

    e que sem a batalha das asas

    o voo cai maduro no chão."


    Bendita seja a mudança!

    Um beijo.

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  34. Apatia... há horas...dias...anos...com uma apatia que nos consome a alma. Poema escrito no fio da navalha. Adorei. Jaime, boa semana e beijos com carinho

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  35. Muita reflexão contida nestes versos querido amigo Jaime, é como se esteja falando, -vai a luta, faça algo, dê o primeiro passo.

    "É ignorar que a bola não rebola
    sem um chuto
    e que sem a batalha das asas
    o voo cai maduro no chão."

    Mais um poema de excelente nível poético, admiro por demais sua verve amigo!

    Tenha uma ótima semana.

    Saudações.

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  36. Um chuto, mesmo que seja em bola de trapos,
    que esta vida precisa de movimento e… fintas
    (Ai a minha unha grande do pé, um biqueiro e' que e'!)
    Bora lá, que o jogo já' começou.
    "Porque amanhã e' sábado" e a apatia não joga.
    Bem estruturado e profundo,
    onde as rotinas dos dias ainda podem surpreender.
    Um abraço e boa semana

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  37. Magnífico poema Jaime. A inspiração continua em alta. Adorei.
    Votos de excelente semana
    Beijo

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  38. isto de "fogo mole" é capaz de ser mesmo uma chatice,
    mas que fazer? a todos nós calha, de vez em quando, um "mar sem sal, nem vendaval... "

    um poema fora do teu registo habitual, pareceu-me.
    que gostei de ler.

    abraço, caro amigo Jaime Portela

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  39. Depois de um raio de sol e uma flor brotar, tudo voltará ao seu melhor.
    Tudo será melhor.
    Adorei ler te
    beijo

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  40. Jaime, meu querido amigo
    Voltei da minha segunda e última fase de férias deste ano.
    Felizmente correu tudo muito bem, visitei sítios maravilhosos, e constatei, uma vez mais, aquilo que sabia de sobra – Portugal é um país LINDO!
    Mas… acabou-se o que era doce 😊. No próximo ano haverá mais, assim o espero, e talvez que em condições mais favoráveis.
    Regresso, pois, e confesso que com muito prazer, ao vosso convívio.

    Neste teu lindo poema descreves, na perfeição, "essa tal de apatia".
    Muitas vezes ela surge sem se saber de onde, mas, quando ataca, transforma a nossa vida num "dia sem sol", num "pãozinho sem sal"... num aborrecimento total! Temos que a combater a todo o custo!!!

    Agradeço, de coração, o teu cuidado. A verdade é que, mesmo que eu quisesse... o meu filho não me deixa "pôr o pé em ramo verde" 😁. Por isso, todos os cuidados foram tomados. Fizemos cerca de 3.000 quilómetros mas conseguimos sempre evitar grandes contactos onde houvesse muita gente.
    Um xi GRANDE!

    Continuação de boa semana.
    Beijinhos
    MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS

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  41. Apatia, é algo que este poema não tem!
    Pode até cozer a vida em fogo lento, pode até tolher a batalha das asas e encolher os voos. Pode até andar sobre as águas de um lago, sem sal... sem vendavais.
    Amigo Jaime, este teu poema, é tudo menos "apático", é uma fabulosa combinação da tua verve. Adorei, querido Amigo!

    Beijo de Luar

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  42. Totalmente certo, esse estado hipnótico faz-nos penetrar num mundo em que entre o tudo e a nada pouco fica, que até a fruta cai só. Vamos digerindo este sentir tão nosso, hoje de todos.
    Abraços de vida, amigo.

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  43. Belo, profundo e um tanto metafórico poema Jaime. Parabéns!

    Abraços e uma ótima semana para ti e para os teus.

    Furtado

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  44. Olá, como tem passado?

    Gostei do seu poema.

    Saudações poéticas!

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  45. "..."
    É esquecer que a mudança é fruto viçoso
    do impulso que faz o sangue vibrar.
    ...".

    Sem dúvida!

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  46. A rotina é assim, mesmo.

    Poema bem estruturado e eloquente.

    Um beijo, amigo poeta.
    ~~~

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  47. Apatia é mesmo isto... e nestas belas palavras está tudo, o sentimento e a mudança...Um poema cheio de força que me transmite uma mensagem de eloquência e ânimo.
    Beijo amigo.

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  48. Um bom poema que nos põe a pensar e nos permite examinar a vida como ela é. Muito obrigado.

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Obrigado / Thank you