quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Rio de silêncio [296]

 

A renúncia,

marcada na areia dos dias

como dunas a percorrer a pele,

a desenhar-se nos poros.

 

A distância,

ampliada no olhar,

a penetrar na voz

de ouvidos metodicamente fechados.

 

O sol,

a debelar-se banal

à luz da prece dispersa na noite,

de mão retraída no brilho.

 

O temer

que para lá do fim

há uma pedra na matéria,

um nada, um muro,

alguma terra invisível

e um rio de silêncio sem retorno. 



© Jaime Portela, Setembro de 2020


39 comentários:

  1. Olá, amigo Jaime!
    Que no silêncio, deixemos vir o sol!
    Tenha dias abençoados!
    Abraços fraternos

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  2. Caro Jaime

    Os muros de silêncio e pequenos-nadas que
    se transformam em grandes obstáculos
    emperram a vida e o desejo de
    um viver tranquilo e com amor.

    Belo Poema, muito expressivo, que adorei ler.
    Obrigada, meu amigo.

    Abraço
    Olinda

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  3. O silêncio é bom, mas não quando forçado.

    O poema? Lindo!

    Beijinho, querido amigo

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  4. Um poema cheio de melancolia, meu Amigo Jaime, mas tão belo!
    Muita saúde.
    Um beijo.

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  5. Aplausos, muitos aplausos para o seu poema!! :))
    -
    Sonhava ser ...
    .
    Beijos, e um excelente dia :)

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  6. As dúvidas que nos invadem num silêncio dorido...
    Lindo....
    Obrigada pela visita
    Beijos e abraços
    Marta

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  7. Lindo demais,gostei muito! abraços, chica

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  8. O medo de que "para lá do fim" não haja nada, apenas vazio é constante, mas a vida não se faz só de medos, por isso há que avançar dedicando-nos ao que mais amamos.
    Amei esta sua poesia, e "invejo" as suas tão belas e inteligentes palavras.
    Fique bem querido amigo Jaime!
    Beijinhos

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  9. Ola Jaime,
    Os silêncios as vezes
    doem mais que as palavras.
    Belo poema. Vc como sempre
    escorrendo poesia pelos dedos;
    beijos

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  10. Brinca com o trocadilho das palavras como ninguém. O meu elogio e aplauso pela inspiração e criatividade poética.
    .
    Saudações poéticas

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  11. MARAVILHOSO POEMA!!👏👏 li e reli.
    Continuação de boa semana
    Bj

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  12. Ficou maravilhoso, Jaime!

    Continuação de boa semana :)

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  13. As distâncias doem.

    Esperamos sempre algum retorno,
    mas quando este já é impossível, é como se algo nos fosse amputado no peito, e a dor é amplificada,
    podendo ficar surda aos apelos do sol que teima em brilhar,
    mas tantas vezes a noite nos é mais densa.

    Contudo, haverá outros silêncios que nos falam se nos dispusermos a abrir um pouco os ouvidos.

    Abraço, amigo Jaime.

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  14. O temer

    que para lá do fim

    há uma pedra na matéria,

    um nada, um muro,

    alguma terra invisível

    e um rio de silêncio sem retorno.

    Sabe que o meu pensamento saltou para aqueles campos de refugiados que se criam no nosso século XXI, homens, mulheres e crianças que possuem o nada
    e a representação da "terra invisível" da pedra em cima do assunto, do rio de silêncio…

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  15. Muito lindo, meu amigo, Jaime, sempre me encanta com seus versos!
    Nada impede a areia do tempo e seu efeito em nós, que só cessa ao silêncio final.
    Abração!

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  16. Un poema que encierra mucha tristeza y desesperanza frente a todo lo que acontece... Es muy muy bello.. Dios quiera que esas manos se alcen en oración y que el sol entibie nuestros corazones con certezas y esperanzas en un futuro prometedor... Mi abrazo y buenos deseos !!!

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  17. Poema de fim de férias?
    Aquele abraço, bfds

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  18. O isolamento e o distanciamento social são necessários, mas o fato é que não pode ser preenchido com melancolia, pois há o que fazer para si e para os outros, nem que seja escrever poema e deixar a alma livre para dizer desses tempos de pandemia. Um abraço, Yayá,

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  19. Jaime, versos lindos que trazem melancolia e sombras. Começou o poema mencionando renúncia, mas no decorrer dele, fez alusão ao temor. Este, veste-se de interrogação, já que o muro pode ser, tão somente, cogitação. Como sempre, meus aplausos.

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  20. Melancólico y hermoso poema. Saludos amigo Jaime. Cuidate.

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  21. Que não hajam mais sombras de muros a criar silêncios. Poema magistral. Parabéns.


    Abraço
    SOL

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  22. Caro amigo Jaime

    Não sei porque li de olhos semicerrados, mas creio o poema me levou a sobrevoar um mundo de sentidos, com o silêncio a pautar-nos os passos.

    Bravo!

    Beijo.

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  23. JP

    o teu Rio de Silêncio é um poema belo embora um pouco melancólico, mas como sempre um trabalho poético de inegavel beleza e qualidade.

    Bom domingo!

    beijinhos

    :)

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  24. no teu habitual registo poético de grande qualidade
    um poema especialmente belo.

    abraço, caro Jaime Portela

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  25. Amigo Jaime! Mais uma vez nos ofertas uma das tuas belas criações.

    Abraços e uma ótima semana para ti e para os teus.

    Furtado

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  26. "A distância, O sol e O temer"
    e essa "pedra", que dos silêncios
    faz memória.
    Oiço, ainda, a água de todas as fontes…
    Belo.

    Um abraço

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  27. Gosto de dizer " até já ", mesmo que saiba que esse "já " vai ser longo; dizer adeus assusta... parece que nunca mais vamos ver essa pessoa, seja aquela que amamos e que connosco partilha a vida, seja um Amigo ou mesmo um desconhecido que teve a amabilidade de parar para uma conversinha ou pedido de informação; prefiro dizer-lhe um " até já. Mas, Jaime, todos temos aqueles momentos dolorosos, aqueles momentos da última despedida e esse " até já " fica ridiculo, por mais que nos apeteça dizê-lo. Não sei o que teremos depois do ultimo instante, mas, creio que para quem se fou não haverá mais um novo começo; a vida continuará o seu ciclo normal, com o sol a nascer, e a noite a chegar, mas para quem partiu só restarão as lembranças daqueles que o choram, daqueles que, por uns tempos só terão escuridão e silencio, por mais que o sol brilhe, por mais ruidos que a multidão faça na sua habitual correria. É assim, Amigo, a vida...momentos de tudo, de amor, de alegrias, de grandes tristezas e dores. Espero que a nostalgia deste poema esteja só nas palavras usadas, mas, confesso, o momento está mesmo para isso e além do mais, aproxima-se o outono, estação nostalgica, estação onde o florido dos jardins começa a dar lugar às folhas que se desprendem das árvores e dão uma cor amarelada ao verde dos relvados.tudo começa a ficar mais triste, pelo menos para mim. SAÚDE, querido Amigo e parabéns pela escrita, sempre bela. Um beijinho
    Emilia

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  28. Há rios de silêncio sem retorno...se os há!!!...que nos afogam a alma. Maravilhoso poema que amei demais. Jaime, boa semana e beijos com carinho

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  29. É um mar de criatividade sempre!
    Obrigada por apreciar meu pequeno jardim;
    Boa continuação de semana.

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  30. Magnífico, meu amigo Jaime, este teu rio de silêncio... mas sem margens!
    Beijo, fica bem.

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  31. Boa tarde Jaime,
    Um poema belíssimo em que a voz do silêncio se torna bem presente, para além dos muros.
    Gostei bastante.
    Um beijinho.
    Ailime

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  32. Um belo poema... que nos faz reflectir... sobre o que haverá para lá da curva da estrada... talvez alguma terra ainda invisível, e um outro braço de rio... para percorrer de novo... com o entusiasmo de uma primeira vez... como diria Pessoa... who knows what tomorrow brings?...
    Mas como a vida, se faz de presente... continuemos a apreciar ao máximo a nossa viagem...
    Beijinhos! Boa semana!
    Ana

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  33. Que para lá do fim haja mais do que uma terra invisível..
    adorei!!
    Lindo!!!
    Beijos amigo

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  34. A poesia é uma experiencia de vida, uma permanente evolução refletida no que pensamos sob a forma de palavras.
    E aquo percebe se um caminho de evolução.
    Gostei

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