Por
ti, eu corto os pulsos aos dias
e,
das noites, arranco devoto as raízes,
para
que mentiras ou verdades
sejam
profanos cantos de vida,
mas
do pecado absolvidos.
Por
ti, sou capaz de me ofertar
em prodígios
de pão e de vinho,
de
te despir sem macular o sacrário
e de
afastar o desapego
desses
verdes olhos sem cor.
Por
ti, posso agarrar o sol, inteiro,
para
enxugar do teu corpo a dor,
do
teu sorriso posso romper a prisão
e
beber o grito libertário
no cume
festivo do êxtase partilhado.
Por
ti, em qualquer caso, serei
chuva
benfazeja ou sopro milagroso
das feridas malfeitoras do teu peito.
© Jaime Portela, Novembro de 2020