Invisível de tão minúscula,
hábil nas baixezas e renúncias
a que me obrigas
como se fosses a lei da gravidade,
pensas-te um universo da razão,
capaz de construir e duvidar de Deus.
É difícil encontrar-te
de tão penada e tão contente
mas capaz de salpicar
os meus sonhos com tantas estrelas
que não sei
qual é a polar para me orientar.
Asseguras, rejeitas
ou afrontas tudo e todos,
sempre consternada ou inquieta,
mas nunca saciada.
Ditas-me regras e privações,
tiras-me a liberdade
e lanças-me aos safanões
no caos da argamassa híbrida
que o povo mescla.
Agora que te conheço,
és a maior e a menor parte de mim.
Mas, sem ti,
minha alma,
apesar de tudo a que me obrigas,
não seria o que sou,
seria um infame desalmado.
© Jaime Portela, Maio de 2024