Cansado das palavras,saí da tua pintura e abracei-te.Puxaste-me para ti,espaço esmaltado num pedestalque ansiava descer para o meu.Para trás, nesse preciso momento,ficou a construção,traço a traço, dos alicercessobre os quaishasteámos a nossa bandeira.Hoje,das janelas do nosso castelo altaneiro,olhamos os frutosde uma planície verde e sem nuvens,uma tela feita de nós próprios.
quarta-feira, 27 de maio de 2015
Cansado das palavras [022]
terça-feira, 19 de maio de 2015
De tanto te querer [021]
De tanto te querer,sou estorvo de mim mesmo.Perco-me por atalhos sem espelhos,agito águas imprópriaspara a tua naue sorvo as minhas próprias armadilhas.Ao tecer este incauto abalroarem tais ínvios azimutes,onde o trivial seria naufragarcom os bolsos repletos de chumbo,sei que serei salvo pela vozdo teu farol benevolente, que me atraie perdoa sem que eu resista à sua luz.Embrulhar-me nas ciladase salvares-me deste meu distraído desacerto,é um perigo com o risco de quebraruns quantos fios nas amarrasque nos atam livremente,mas também é o fruir antecipadoda entrega remoçadae o reforço, experiente e libertário,da alargada e perene (re)união.Mas o desígnio é de emenda:procurarei, a todo custo, fugir às emboscadasdos trejeitos desusados, para que, assertivos,possamos comer o teu arroz sossegados.
quinta-feira, 14 de maio de 2015
Jamais [020]
Jamaisme inquietaria, alvoroçado,com a chuva açucarada dos teus olhos,quais gruasque me alteiam quietudesnum mar de mansas ondas de paixão.Porém,não ficam quedas, no teu corpo,as mãos que enlouquecem quando acendoo fogo do desejo,a crepitar,nos poros que um a um te vou bebendo.Porquanto,em mim, do teu sorriso alado,habita a cidadela que te abrigana paz fortalecida,que revejo,a cada beijo mais enamorado.
terça-feira, 5 de maio de 2015
A tua voz [019]
Ouvir a tua vozÉ comerFrutos silvestres acerejados de melEspalhados no teu corpo.Adormecer na tua vozÉ fundirA nossa pele no olhar que me agarraA cada onda de prazer.Acordar na tua vozÉ a certezaA desnudar a criança de incertezasNo teu fogo de mulher.