sexta-feira, 26 de junho de 2015

Agora é o tempo [027]




Agora é o tempo de acabar
com as capelas imperfeitas
e de sarar estigmas da leitura persistente
do olhar, quase só olhar pensado,
ainda que a braços com a memória
da alma desenhada a preservar.

Agora é o tempo de rasgar a fábula caduca
de Fénix das cinzas renascida,
aprendida num começo já remoto, e
espalhar a sorte
em pacato silêncio, serenamente,
nas cicatrizes do tempo sem lágrimas
pela fratura do gesto restaurador.

Agora é o tempo de aprumar,
sem despotismo, a razão extenuada,
e envergar a liberdade do fado
despindo a causa convertida obsoleta.

Agora é o tempo de juntar
as mil e uma sombras da casca embaraçosa,
que se azulava persuadida da luz,
até transformar a seiva em leite e mel.

Agora é o tempo de embalar
as mãos na carícia obstinada do pincel
que espalhe tinta na luz do sol faminta
e de matar a teia da noite surpreendida
de sozinha habitar a aldeia imensa.

Agora é o tempo justo de te amar.



6 comentários:

  1. Simplesmente FANTÁSTICO!!! És um talento, Jaime Portela!

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  2. Sim, é tempo de renascer!

    Vim agradecer a visita ao meu cantinho! Aproveitei para conhecer um pouco da sua poesia e gostei do que li! Obrigada por partilhar connosco!

    Um abraço

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  3. Agora é o tempo

    Em que se deixou de dizer

    Meu Deus!...

    Maria luísa

    "os7degraus"

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  4. O tempo é Agora.
    Belo este poema
    haja vontade de acreditar que sim.
    Brisas doces

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  5. Agora e o tempo justo de lhe dizer q adorei o q li.... Beijo de.... Saudade

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  6. Lindo.

    Que seja sempre a tempo.

    Beijinhos.

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