Quando partimos,
a solidão fica maior do que pensávamos
e sofremos com a saudade
sem a sabermos pintar com palavras.
Apenas sentimos que ela mora trasvestida
no silêncio do corpo, golpeado de passados
que se avivam, que revolvemos nas insónias
pejadas de perguntas idiotas.
Mas sabemos que, no regresso, ouviremos
estrondos de grilhetas rebentadas
na libertação do escravo
que prendemos dentro de nós.
E que, na reconstrução, voltamos a ser
pedra sobre pedra, matando a sede,
destruindo fraquezas
infiltradas nos ossos das convicções.
E que, ao colocarmos flores
na barricada que nos protege,
somos de novo czares ou czarinas
sem proletariado ou histeria nazi.
Renascemos com a queda
do nosso muro de Berlim e, da ausência,
não haverá mais arame farpado na mente.
© Jaime Portela, Outubro de 2018
Boa tarde. Como sempre, com mais uma fantástico poema:))
ResponderEliminarDo nosso amigo Gil António, que diz: Que a minha cama não fique tão vazia
Bjos
Votos de uma óptima Quinta - Feira
Uma analogia muito bem construída. Versos lindos! Liberdade para a nossa mente, que haja, antes da última partida.
ResponderEliminarUm abraço brasileiro, Jaime!
Como é maravilhoso quando derrubamos nossos muros e resolvemos ter um novo olhar para a vida em que a união, o respeito e a harmonia imperam! Poema excelente para reflexão! Obrigada!
ResponderEliminarAbraço.
Espera-se... e depois renasce-se...
ResponderEliminarDerrubando, construindo... colorindo o negro...
Como sempre, brilhante...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta
Vivemos presos em nós e, por vezes, nem nos damos conta disso: a libertação é o anseio: por vezes vem só com a morte.
ResponderEliminarUm bom final de dia.
Poema muito bom!! Amei!!
ResponderEliminarDeambulando noutros horizontes.
Beijos - Boa Noite!
É bom que na nossa mente não haja arame farpado mas muita poesia!!! Bj
ResponderEliminarRepito-me sempre, mas a sua poesia é sublime!
ResponderEliminarTodo o poema está fantástico, mas adorei, particularmente, os três últimos versos
r: É uma leitura que se faz bem :)
Obrigada e igualmente*
Que os muros sejam banidos de uma vez por todas.
ResponderEliminarAquele abraço, bfds
Maravilhoso meu caro amigo, muito bom!
ResponderEliminarAbraço
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No muro que sempre nos aparta, aprecio particularmente essa saudade misturada com a solidão , numa viagem onde se espera às vezes um esquecimento .
ResponderEliminarMas quando fugimos da “dor” sempre a levamos no bolso .
Ótimo , Jaime
Beijinho 😚
"na reconstrução, voltamos a ser
ResponderEliminarpedra sobre pedra, matando a sede,
destruindo fraquezas
infiltradas nos ossos das convicções."
Magnífico, Jaime!
Um bom fim de semana.
Um beijo.
Há sempre alguma solidão e alguma saudade escondida algures no peito que se ergue, tantas vezes, em muro. Outras vezes, muralha defensiva.
ResponderEliminarBom fim-de-semana, amigo!
Beijos.
Com extremismos se arrasam países. E um arreio percorre o teu poema. À poesia a sublime missão de derrubar os muros da prepotência e do poder absoluto.
ResponderEliminarBeijo, amigo Jaime.
Muito bonito, Jaime, por muitas vezes, e sem percebermos, construímos muralhas intransponíveis e não sabemos dizer nada das consequências, do isolamento que levantamos. Deixemos nossos muros baixinhos, apenas para delimitar nosso espaço, para não escancarar muito nosso interior, para ao menos termos uma propriedade privada. Mas jamais levantar muros altos, intransponíveis. Isso afasta a todos.
ResponderEliminarBeijo, amigo Jaime, um bom fim de semana.
https://poemasdaminhalma.blogspot.com/
ResponderEliminarOlá amigo Jaime!
Peço desculpa pela demora, mas fui dar uma volta de cruzeiro pela Europa, que me deixou bastante mais leve depois destes dias de descanso.
Quanto aos Muros do Passado, que fiquem bem longe da gente e que outros jamais regressem. Gostei imensamente.
Obrigada amigo Jaime, pela sua visita e prometo que estarei de volta ao meu poetizar.
Beijinho e bom fim de semana.
Luisa
Meu caro Jaimamigo
ResponderEliminarRegressados do cruzeiro pelo Mediterrâneo eis-me de volta à blogosfera da qual apesar da ausência ter sido pequena já tinha saudades…
A volta decorreu lindamente tudo coreu muito bem, exceptuando o catering que para a Raquel e para mim foi uma… merda o que deve ter sido uma raridade pois não ouvimos queixas dos restantes 3.879 passageiros. Mas também tenho de dizer que não fiz nenhum inquérito…
Deu para descansar, conviver com novos amigos e sobretudo para ler. Pela minha parte em nove dias “devorei” quatro livros o que me parece uma média aceitável. No final, chegámos mais cedo a Lisboa pois fugimos ao Leslie, viva o comandante Giuliani Bossi!
Quanto ao poema, já me canso de tanto louvar, mas é indispensável fazê-lo. Num momento em que a ansiedade e a angústia são tremendas por ver o que se está passando no Brasil (que é nosso filho e fala a mesma língua) sabe a mel ler que não haverá mais arame farpado na mente...
Um abração deste teu amigo e admirador
Henrique, o Leãozão🦁
Mas sabemos que, no regresso, ouviremos
ResponderEliminarestrondos de grilhetas rebentadas
na libertação do escravo
que prendemos dentro de nós.
E que, na reconstrução, voltamos a ser
pedra sobre pedra, matando a sede,
destruindo fraquezas
infiltradas nos ossos das convicções.
Es un testimonio de una gran verdad de nuestras convicciones podemos volver a reconstruirnos y alcanzar la libertad. Es un grann poema. Ha sido un placer poder leerlo.
Un abrazo.
há muros para todos os gostos, amigo Jaime.
ResponderEliminaro teu poema uma belíssima e sólida construção literária.
abraço, meu amigo
Que caiam todos os muros de Berlim,ou qualquer outro,não pode haver nem muros nem barreiras entre corações que falam a mesma linguagem.
ResponderEliminarQue todos os arames farpados sejam feitos de flores e sorrisos para que não sejam necessárias barricadas.
Belíssimo poema, amigo Jaime.
Bom fim de semana.
Beijo de luar
Um belíssimo poema... que subtilmente, nos faz pensar, na onde de extremismo, que está irrompendo, em alguns países... e que talvez ainda não se tenha aprendido o suficiente com os erros do passado... a ponto, de tantos estarem dispostos a repeti-los no presente...
ResponderEliminarO tempo dirá... se outro extremista, amanhã não será eleito... do outro lado do Atlântico...
Finalmente de volta, depois de uma pausa mais alargada... mas já com imensas saudades, de acompanhar os meus cantinhos, de eleição!...
Deixo um beijinho e votos de um bom domingo, Jaime... e amanhã, estarei de novo por aqui, apreciando mais alguns posts, que ultimamente se me escaparam...
Ana
Bom dia Jaime,
ResponderEliminarOs meus Parabéns por este poema magnífico repleto de intensidade e muito profundo.
Que as grilhetas e o arame farpado sejam para sempre erradicados do nosso ser para voltarmos a ganhar asas
Beijinhos e bom domingo.
Ailime
Já tenho novidades...
Muros e arames são fontes de separação. O Amor, esse é livre e ultrapassa ou derruba todos os obstáculos com que se depara.
ResponderEliminarAbraço
SOL
Olá, Jaime.
ResponderEliminarConvalescendo da gripe...
Saber que no regresso se conquista
a liberdade plena, é importante
numa partida triste...
Gostei do poema.
Abraço, Amigo.
~~~
Bom dia Jaime! Gostei imenso desse texto tão profundo em reflexões. Construímos muros ao invés de jardins , e nos trancamos às vezes por inteiro e recolhemos nossas asas. Perfeito , meu caro poeta. Grande abraço.
ResponderEliminarBelo poema, Jaime, há verdades subjetivas nele, mas também objetivas, que servem para todos, inclusive para mim. Um abraço.
ResponderEliminarPor vezes, o desespero leva-nos a fugir de uma fera e meter-se na boca de outra fera ainda mais fera. A cegueira é imensa, o fumo denso, soprado durante muito tempo na direção errada, provocou demasiados estragos, confusão, desordem, caos... muros? O muro separa, divide, limita a comunicação. Vejamos então um pormenor, no meu quotidiano vejo pessoas erguerem muros para não se verem umas às outras. Mesmo sabendo que do outro lado há solidão, há doença, há necessidades, e continuam sem demonstrar qualquer tipo de remorso ou arrependimento. É mais fácil ver os muros que outros fazem, do que encarar os muros que erguemos dentro de nós, as múltiplas razões que arranjamos para justificar o desejo de permanecer de costas voltadas!
ResponderEliminarA política está em crise e em decadência, precisa de se reformular e já tarda. Governar contra o povo e julgar que não haverá consequências é um tremendo engano. A resposta está dada da pior forma possível.
Belíssimo poema, grandes preocupações ! Gostei muito!
Boa semana JP
Beijo
Amigo Jaime, gostei muito deste belo poema com imagens poéticas que nos remetem a conflitos que possamos ter como nos remete também a um fato histórico de magna importância, qual seja a queda do Muro de Berlim, que, pelo menos em mim ficou marcada indelevelmente.
ResponderEliminarParabéns ao talentoso poeta.
Um grande abraço.
Pedro
Há momentos em que é necessário cortar as amarras para poder recomeçar...
ResponderEliminarE o recomeço pode significar melhoria, e fazer-nos ouvir "os sininhos a tocar".
Excelente texto poético.
PS - RESPONDI AO TEU COMENTÁRIO NA TUA POSTAGEM ANTERIOR.
Feliz Terça-feira e uma boa semana.
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS
Anteparos, barreiras, muros, ideológicos ou não,uma geopolítica do amor e da saudade.
ResponderEliminarAbraços.
Muito belo, especialmente na sua mensagem de esperança...
ResponderEliminarBeijo
Que poema maravilhoso!
ResponderEliminarCheio de sabedoria e esperança.
Muito obrigada
Beijinho
Olá Jaime!
ResponderEliminarAmei a metáfora poética e o fim é simplesmente fantástico!
Estas desconstruções reconstruindo um algo novo são realmente muito revolucionárias e poéticas.
Abraços!
Parabéns, poeta, por este EXTRAORDINÁRIO poema.
ResponderEliminarJaime, o que eu perdi por ter andado arredada daqui...
Muros, só de versos feitos.
Beijo.
Poeta de boa lavra és tu
ResponderEliminarque cantas o milagre
a transfiguração
De escravo o cravo é
símbolo de libertação
no calor percorrendo
os corpos escorrendo
telúricamente cravados
de lava incendiados
Abraço.