Pertenço
à multidão,
que
sei minoritária,
de
pássaros indiferentes aos ramos
cada
vez mais desusados,
já
sem a esperança de frutos.
Espero,
sereno, a migração sem retorno,
não
com a pressa da vida
mas
no passo ronceiro da lesma,
a
menos que venha a ser
subitamente
empurrado.
Enquanto
aguardo,
prefiro
o pousio de ave saciada
e
pensar-me perpétuo,
que
o perene germina
se
na demora do sabor o semeiam.
Optei
por ser um pássaro melódico
a
salvo do alvoroço do tempo,
na
esperança que isso seja a predição
de
uma alvorada permanente até ao fim.
Quero
ser vagarosamente eu.
© Jaime Portela, Fevereiro de 2019