Procuramos o ideal atolados
em pântanos,
somos árvores perdidas a
triturar
verdades escuras que
adubam o chão
por onde se passeiam as
raízes que nos sustentam.
Apascentamos a alma e
engordamos a razão
num choro sereno,
imploramos que os braços se
tornem frondosos
e abarquem um céu sempre
azul,
filtrado das chuvas
ácidas
que teimam em irrigar com
prantos negros
as impotências da vida.
Esgravatamos as entranhas
do saber
para encontrarmos o sílex
do desejo,
dissolvemo-nos na
pirólise de maciços rochosos
que embargam horizontes,
percorremos o mapa do
querer em nascentes de força
que devorem o húmus
indeclinável.
Somos Deuses,
fazemos milagres para que
a seiva chegue aos frutos
que queremos ao sol,
suspensos à sombra dos
nossos ramos.