Num naipe desconhecido,
porque o baralho é descomunal,
somos uma das cartas
cujo valor comparado ignoramos,
a menos que sejamos atletas.
A comparação é impossível,
somos quase cegos com dúvidas
e não conhecemos o jogo dos outros
por não sabermos se fazem bluff
ou se dizem a verdade.
Vamos, então,
tomando as imagens por realidade
ao ponto de suspeitarmos
se o que somos é uma representação
de uma outra identidade.
E é com a incerteza dos trunfos
da ficção que nos acompanha
que o jogo continua de facto,
mas sem prognósticos fiáveis.
© Jaime Portela, Março de 2025