Exijo que me indiquem o caminho
para sair do buraco da guerra
[mais fundo e ainda mais vasto
que o Curral das Freiras]
onde estamos atolados.
É preciso recusar esta aldeia global
onde não há paz
e onde há cultos apregoados
omitindo o tributo da riqueza.
Exijo ainda que me tragam brisas
dos paraísos fiscais,
para onde foge muito do nosso suor,
onde hastearei uma bandeira
no mastro da nossa vitória.
Mas precisamos, já e não depois,
que a verdura cresça de novo
na janela do nosso otimismo
antes que a chuva lave as ideias,
para que os mísseis não se arrastem
no passo frio da mansidão das sanções.
Também exijo que nos devolvam
todas as pombas brancas que fugiram
por falta de ramos de oliveira.
Precisamos, afinal,
de enterrar o pesadelo das bombas
para ordenar a fertilidade
como a única lei do recomeço
e acordar na leveza compacta
das coisas triviais.
© Jaime
Portela, Maio de 2022