Tudo é alegre e solidário
no âmago das nobres almas felizes
na festa que não dura mais que uns vapores,
enquanto as palavras,
que parecem sentidas,
tentam seduzir a indecisão dos calados,
tida por timidez.
Na contradança festiva,
empolgada na repetição dos slogans
e nos vai-acima vai-abaixo do jantar,
há sempre uma ligação etilizada
entre os altruísmos e os digestivos
e são inúmeras as intenções
que padecem das metáforas dos copos
ou da redundância da sede.
© Jaime Portela, Junho de 2025