Os quadros são mais surrealistas
que as telas do Salvador Dali
e a procura desusada
do rosto da culpa sem mãos
é uma agulha num palheiro em chamas.
Os jogos de cores distorcidas
burlam os óculos
presos a espelhos côncavos
impingidos dos pelo grande masturbador
para encaixilhar a visão
na verdade mais conveniente.
E, apesar da alta definição do plasma,
as imagens perdem-se
na miopia causada pelas palavras de lama
e o som é tão mau
que nem a linguagem dos surdos,
ou mesmo Beethoven,
o conseguem explicar.
Desisto da construção mole com feijões
fervidos,
vou ler de novo o Crime do Padre Amaro
(já sei quem é o culpado)
ou o Canto IX dos Lusíadas
e descobrir onde é a Ilha dos Amores.
© Jaime Portela, Maio de 2024