O
alento desta arte de esperar,
paciente,
está no feitiço da voz
do
último silêncio e nos muros de finura
que
entre nós interpões.
Díspar
estátua,
salto
os muros desatentos
e
subo ao telhado
para
escorregar pela caleira.
Ao
cruzar com a janela,
passo
leves os meus dedos
a
chiar no vidro dos teus lábios.
Diva
e gelatina,
atiras-me
beijos em queda livre,
que
me acertam em cheio
como
um vaso de flores
no
caminhante indefeso.
Com
a arte deste alento,
vou
tentando
e
esperando que te lances da janela
e
dês aos meus braços
o
que me roubas faz tempo.
© Jaime Portela, Setembro de 2020