Em sensata alucinação,
consentida
e semeada de metáforas
mais ou menos libertinas,
os dias sucedem-se
a beijar abismos
nas grutas de sombras
que nos atraem
como drogas duras
a aliciar veias resignadas.
Se estendemos, corajosos,
os braços à realidade,
injetamo-nos
com transfusões do nosso sangue,
lambemos o contraveneno
para resistirmos
aos dentes incómodos
ferrados na carne.
Somos vampiros ao sol,
de olhos fechados
no mel de nós mesmos,
como pássaros a beijar
sementes de sésamo
na fuga ao Mito da Caverna.
Jaime Portela