Sei que és
tão delicada como a porcelana
e que, quando cais,
te partes em mil pedaços,
que recolhes e escondes de alma dorida
num canto de ti.
Fico a pensar que és um destroço
no mar agitado da vida,
mas que
lutarás por te levares viva
para a costa palpável da tua autópsia.
E vejo-te a colar os pedaços,
não sendo prazer nem mágoa
as feridas sobre as quais te reavivas,
pois a luz
que em ti se finda
tem sempre algum calor remanescente.
Ah, como estamos longe…
tão longe…
mas tão perto que a nossa fantasia
ainda ilesa
nos retira aquele aperto de sonharmos
o sonho de um segredo que não pesa.
© Jaime
Portela, Agosto de 2022