Apenas
te vejo de fora
mas
sempre iluminada por dentro,
um
rio quente de sons que não dormem
e de
onde a melodia corre
para
que eu pare de encanto.
Imagino,
então,
que
és um violino,
um
soprano de timbre aveludado
e eu
o arco,
disposto
a fazer das minhas mãos
crinas
de cavalo a percorre-te de Sol a Sol,
acariciando
as tuas colcheias sem pausa.
Dançaremos
esse poema
até
que o inverno nos deixe sem luz.
Dançaremos
na poesia
até
que os sons se apaguem
nas
cordas desgastadas pela vida.
Até
lá, tentaremos viver
nas inflexões
do canto florido e prolongar,
o
mais possível,
a sagração
das primaveras.
© Jaime Portela, Abril de 2019