Quando
vejo uma roseira esquecida
a
fervilhar na margem de um caminho,
sou
picado pela abelha da surpresa
e
vejo nas flores uma exceção aos jardins.
Afastada
a estranheza,
sou
como um raio de sol, que vê, sem o perceber,
a
regra de uma qualquer lei
que
faz crescer na roseira flores de tanta beleza.
Comburentes
da vida e da morte,
os
dias passam de igual modo no jardim e fora dele
por
tributo à mesma regra,
mas
as flores desconhecem que são perseguidas
pelo
ferrão da sua fátua existência.
O amor tem a regra e a exceção polinizadas,
tem
a beleza e a ignorância das flores.
© Jaime Portela, Maio de 2020