Quando ausente,
viajo na lembrança natalícia do que eu era.
Diferente me observo
e o pretérito é o presépio da memória.
À distância, poderia ter sido bem melhor,
mas quem eu era na verdade
é um ar que se vai desfigurando
na quimera do intangível.
Não é do agora
a nostalgia que me assalta,
nem do ontem percorrido a passos largos,
apenas a saudade de alguém
que mora aquém
dos olhos que não veem de tão perto.
Nada nem ninguém,
salvo o momento,
me sabe e lembra quem eu sou.
São estrelas polares distintas
o pouco a barlavento
do ano mau que acabou
e o muito a cada ano bom a sotavento
que o vento ainda não levou.