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segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

O inferno existe [599]

 


Receio a morte, como todos receiam.

E temo o nada seguinte

que pode ser mais qualquer coisa

em que não creio.

 

Mas o medo é do nada

e do que possa vir acima do nada,

como se ficasse sem respirar

com a alma sufocada eternamente

e nesse tempo me castigassem

com uma prisão perpétua.

 

E o inferno, um mistério virtual,

talvez inventado por um espírito diabólico,

amplifica estes dois diferentes temores

que se contrariam e corrompem.

Ainda que o inferno exista realmente,

mas em vida.

 

 A CANÇÃO DO POEMA


© Jaime Portela, Janeiro de 2025


segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

Pensamentos pouco poéticos V [598]

 


A atração de um corpo despido

só excita a vontade do amor físico

nas espécies que usam vestuário.

 

O impedimento está para o desejo

como a reação está para a ação.

 

 

© Jaime Portela, Janeiro de 2025


quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

Pensamentos pouco poéticos IV [597]

 


Diz a sabedoria hipócrita

que se deve colocar a má-língua

onde a palavra de cada um

mais se misture com a dos próximos.

 

Quando somos imbuídos

pelo que os outros esperam de nós,

meio caminho está percorrido.

 

 

© Jaime Portela, Janeiro de 2025


segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

Pensamentos pouco poéticos III [596]

 


A inércia fortalece alguma coisa?

Podemos conseguir tudo sem nada fazer?

Abençoados sejam os herdeiros de fortunas.

 

Alguém conquista o Universo fora da fantasia?

Mas há sempre quem tente ser imperador

do planeta ou de grande parte dele.

 

 

 

© Jaime Portela, Janeiro de 2025


quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

Pensamentos pouco poéticos II [595]

 


Viajar da crença para a razão

é apenas ser transferido de prisão.

 

Não há camaradagem mais intensa

que a da perceção de um delito

que se compartilha, dissolve e absolve

em grandes aglomerados de pessoas.

 

 

© Jaime Portela, Janeiro de 2025


segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

Pensamentos pouco poéticos I [594]

 


Nada ser, meditando, é soberania.

Nada pretender, desejando, é um cúmulo.

Possuímos o que renunciamos,

mas só no tempo que o preservarmos pensado.

 

Criar pode ser tudo

se não for substituído pela ação.

Mas inventar a roda e a mentira

são criações  desiguais nos propósitos.

 



© Jaime Portela, Janeiro de 2025