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quinta-feira, 24 de novembro de 2022

A crueldade do fim [456]

 


Vais caindo no mar e o mar em mim,

malvado ocaso,

ineludível reflexo da beleza

que se esgota como o eco

da guitarra que vai perdendo

a trinada aflição das suas cordas.

 

Depois do fogo, não quero beijar a noite

nem caminhar perto da seara,

onde já não há trigo

nem mão para o colher

e os instantes

já não se agarram à terra que os pariu.

 

Vão morrendo as asas

e o cálice da voz decai

por entre as cortinas que vão obstruindo

a visão do barro poente.

 

E vai morrendo a flor do desígnio,

a nitidez da ideia,

até que tudo quase nada represente

e se desfaça a luz na crueldade do fim.

 

© Jaime Portela, Novembro de 2022


31 comentários:

Porventura escrevo disse...

Há fins que podem ser principios.
E até bons reinicios.
Depende sempre das circunstancias
Gostei Jaime

brancas nuvens negras disse...

Estejamos preparados para o ocaso... tanto quanto possível. A poesia ajuda.
Um abraço.

Os olhares da Gracinha! disse...

O fim é sempre triste!
Bj

Cláudia disse...

Fortíssimo, mas gostei. São sempre muito bonitos!

Bom dia

- R y k @ r d o - disse...

" Nada morre, tudo se transforma" ... Poema BRILHANTE.
.
Cumprimentos poéticos.
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.

Mariazita disse...

Bom dia, querido amigo Jaime
O meu blog continua em modo de “pausa” e penso que assim continuará por mais algum tempo.
Os meus planos de mudança de casa sofreram algumas alterações que levaram ao atraso da sua realização. Nem sempre as coisas são tão fáceis como inicialmente parecem, e, como tenho a actual casa “de pernas para o ar”, abrigando familiares que tinham as suas próprias casas… o ambiente e consequente disposição para alimentar o blogue não são os ideais.
Mas não percamos a esperança. Tudo se resolverá a contento, e a normalidade surgirá (não há quem ainda espere pelo regresso de D. Sebastião 😊)
Entretanto… irei aparecendo sempre que possível – para mostrar que não vos esqueci, mas principalmente para que não me esqueçam 😉
Um saudoso abraço e até sempre.
Continuação de boa semana.
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS

silvia de angelis disse...

Una chiusa straordinariamente bella, in questo contesto poetico che ho molto gradito e apprezzato.
Un caro saluto,silvia

Marta Vinhais disse...

O fim pode ser cruel... e mergulha-se nas trevas...
Como sempre, brilhante....
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

Janita disse...

Eis um poema pouco optimista em relação ao ocaso da vida, amigo Jaime.
Vamos lá usar o dom poético que Deus lhe deu para enxergar mais além. Porque não encantarmo-nos com a beleza dos cabelos brancos, da sabedoria que o tempo nos trouxe? Pois se nos encantamos com o pôr-do-sol...
Mesmo neste tom de desânimo, há sempre beleza na sua Poesia, caro Jaime!

Beijo amigo e tudo de bom.

ematejoca disse...

A crueldade do fim é exactamente o que sinto neste momento.
O fim pode ser indeterminável … mas a mensagem da poesia é bela.
Saudações da aldeia do Düssel 🐸

Caterina disse...

Meravigliosa poesia, amico Jaime. Sempre un piacere leggerti. Un grande abbraccio.

Fá menor disse...

Sempre belos jogos de palavras!

Beijinhos.

Mário Margaride disse...

Olá, caro amigo Jaime,
Soberbo poema. Onde de uma forma lírica, descreve o princípio e o fim, da nossa existência.
Parabéns, pela inspiração!
Gostei muito.
Continuação de ótima semana, com muita saúde!
Abraço amigo.

Mário Margaride

http://poesiaaquiesta.blogspot.com

Roselia Bezerra disse...

Olá, amigo Jaime!
É de fato uma "crueldade" o adormecer e se privar de uma vida tão linda. Sobretudo a quem tem lucidez e sabe poetar assim com veraz poesia.
Bonita a descrição das fases da vida.
Tenha dias abençoados!
Abraços fraternos

J.P. Alexander disse...

Profundo poema te hace reflexionar. Te mando un beso.

Meulen disse...

Hemos de llamar o mejor dicho quedarnos con el rayo de luz, auqnue la oscuridad aparentemente nos envuelve, pero sabemos como matener lo relevante vivo.

>Saludos.

Graça Pires disse...

Às vezes é preciso chegar ao fim para recomeçar sem dor. Um poema melancolicamente belo, meu Amigo Jaime.
Um bom fim de semana.
Um beijo.

Mary - Strawberrycandy disse...

Agradeço a visita ao meu blog e retribuo,....já estou a seguir,...
Que lindo poema!
Passei para desejar um excelente fim-de-semana!
Beijinhos,
Espero por ti em:
strawberrycandymoreira.blogspot.pt
http://www.facebook.com/omeurefugioculinario
https://www.instagram.com/marysolianimoreira

Arthur Claro disse...

Linda poesia.

Arthur Claro
http://www.arthur-claro.blogspot.com

Mário Margaride disse...

Boa Tarde, caro amigo Jaime,
Passando por aqui, relendo este excelente poema que muito gostei, e desejar um feliz fim de semana, com muita saúde.
Abraço amigo.

Mário Margaride

http://poesiaaquiesta.blogspot.com

Cidália Ferreira disse...

Poema muito bom :))
.
Sinto o peso do tempo na melancolia
.
Beijo. Bom fim de semana!

Recomenzar disse...

É sempre um prazer ler-te Um belo poema!

SOL da Esteva disse...

O trajecto, belamente poetizado, do que será (é) o princípio e fim das coisas que nos esperam nesta vida.
Sempre presente; sempre distante.
Parabéns, Jaime.


Abraço
SOL da Esteva

Lucia disse...

Olá caro Jaime.
Gostei imenso do poema.
Às vezes precisamos do fim, para renascer...
Boa noite e bom final de semana.
Beijos!

Mor Düşler Kitaplığı disse...

Hello my friend Jaime.
What an impressive poem. Thanks for sharing with us. :)
Have a good day and greetings from Turkey :)

Kinga K. disse...

Me encanta! Bonito!

Betonicou disse...

Boa tarde, caro amigo, Jaime. Um renascimento de todos os dias. Creio que somos assim mesmo: Cordas que se afinam diante dos acasos.... Belíssimo como sempre. Um grande abraço.

tulipa disse...


Vai morrendo a Esperança que me visites.
Estive cá na outra semana, fiz-te o convite mas não apareceste...
Fico triste!

Olá Amigo Jaime
Hoje, infelizmente, posso dizer que sinto o peso do tempo na falta de saúde!
É o nosso bem mais precioso, daí que eu ande muito angustiada.
Convido-te a ver outro post meu, aqui:
http://momentos-perfeitos.blogspot.com/
Bom domingo
Beijinhos da Tulipa 

Emília Pinto disse...

Imgino, sim, Jaime, fico tantas vezes a imaginar como teria sido a minha vida se não tivesse tomado determinadas decisões que a influenciaram e muito, mas nem sempre tempos o poder de escolha, como se afirma. A vida manda e nós temos de a seguir da melhor maneira possivel, tentando não errar quando encaixamos as peças nesse enorme puzzle que é a vida, um emaranhado de emoções que temos de viver a cada instante que passa... dores, alegrias, encontros, desencantos, encantos, prantos...mas....há que seguir, porque voltar para trás não nos é permitido a não ser em pensamento. E depois, Amigo, a cada dia que amanhece é um novo começo a começar, sempre com a esperança de novos começos mesmo que sejam sofridos, mesmo tendo a consciência de que um dia não haverá amanhecer; estamos cientes desse fim e só desejamos é que ele chegue sereno, sem grande crueldade. Vou continuar a imaginar, a encaixar as minhas peças da melhor maneira que puder e souber e, embora não tenha medo da morte, tenho medo de morrer e muito , muito mesmo da crueldade dessa finitude. Mas, não pensemos nisso, Jaime, ...a vida é um constante começar
de novo e enquanto assim for, aproveitemos esses começos vivendo-os de uma maneira alegre fazendo felizes aqueles que connosco vivem e que contam com a nossa boa disposição. Continua a fazer boa poesia e nela cantar o amor, as preocupações com o nosso mundo e com as inquietudes da alma. Eu por cá estarei, como sempre, apesar do pouco tempo disponivel quando tenho uma sapequinha de 4 anos para cuidar. Vale a pena viver os momentos com ela. Alonguei-me muito, mas...já me conheces e não vou pedir desculpas Para quê? Beijinhos e obrigada! Saúde!
Emilia

Parapeito disse...

Não se pode esmorecer.
Temos sempre de procurar tirar algo de bom e bonito, em cada dia.
Gostei de o ler pois sendo melancólico é lindo.
Abraço e brisas doces **

Ana Freire disse...

E cada fim... remete-nos sempre para um novo recomeço...
O que será mais cruel? Um fim... ou uma eterna continuidade?
Mais um excelente poema que nos oferece sobre o que reflectir...
Um beijinho
Ana