Por vezes, em noites de vigília,
sentimos a grandeza de sermos grandes
sendo pouco mais que insignificantes.
Experimentamos, com eloquência,
discursos sobre ideias
que nem um erudito monge diria
consubstanciado em Cristo
no remanso da sua cela de pedra.
À mesa do absurdo
concebemos teorias
como a conversão dos ímpios autocratas
e resplandecemos, boquiabertos,
no virtual ocaso da guerra
colocando o anel da resignação
nos seus dedos assassinos,
virando bondosos, esmeralda cravada
no seu desamor arrebatado.
De nada valem estas idiotices,
mas o confronto não nos derrota, liberta-nos,
porque temos a dimensão do que sentimos.
© Jaime Portela, Dezembro de 2024