Translater

segunda-feira, 23 de junho de 2025

No palácio [621]

 


No palácio

não há assento para todos os deuses políticos

que se rejeitam uns aos outros,

que procuram o poder

com ideais que vão caindo no estrume

se ainda não o são.

Sem limites,

cada um promete tudo a todos

e a coerência e a impossibilidade

são assobios e pios inaudíveis

que passam ao lado das caras de pau

que fazem simulando uma visão que não têm.

E nós desfrutamos da festa

na comunhão das promessas de um dos deuses.

Ou viramos as costas a todos

à espera que D. Sebastião

chegue numa manhã de nevoeiro

ou porque preferimos lavar as mãos como Pilatos.

 

 

© Jaime Portela, Junho de 2025


3 comentários:

chica disse...

Nesse palácio, na verdade, as vaidades imperam e certas vezes, um quer a cabeça do outro comer,rs... abraços, linda semana! chica

ematejoca disse...

A sua análise poética, Jaime, captura com maestria a crítica às ilusões e às promessas vazias do poder político, trazendo uma reflexão poderosa sobre a nossa participação e esperança. Muito bem escrito.
Abraço da aldeia do Düssel, desejando-lhe uma semana cheia de paz e amor.

Roselia Bezerra disse...

Olá, amigo Jaime!
Que poema!
Um retrato fiel da sociedade como um todo.
Creio que lavamos as mãos atualmente para o mundo chegar onde chegou.
Agora, resta para quem crê tão somente, deixar a solução nas mãos de Deus
Tenha uma nova semana abençoada!
Abraços fraternos