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quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Apatia [297]

 

É andar pelas águas de um lago

sem espanto nem pranto

e sonhar ao ritmo das baladas

de um mar sem sal nem vendaval.

É trazer dentro do peito estagnada

a ordem contrafeita

e amarrar pelos cornos o tumulto

do jazz da rebelião.

É esquecer que a mudança é fruto viçoso

do impulso que faz o sangue vibrar.

É ignorar que a bola não rebola

sem um chuto

e que sem a batalha das asas

o voo cai maduro no chão.

É beber das rotinas o ferrete

que coze a vida em fogo mole.



50 comentários:

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Mais um excelente poema, gostei.
Um abraço e continuação de uma boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

alfacinha disse...

Um poema cheio de melancolia, mas tão belo!
Gostei muito
abraço

" R y k @ r d o " disse...

Elogio a inspiração e criatividade poética. Simplesmente fascinante o sentido poético destes sedutores versos.
.
Abraço

chica disse...

É difícil sentir apatia diante de tanto que nos acontece,rs..Linda poesia! abraços, tudo de bom,chica

teresa dias disse...

Uau, que belíssimo poema!!!
Apatia é sim... "beber das rotinas o ferrete
que coze a vida em fogo mole."
E tanto mais!!
Beijo querido amigo. Saúde.

Graça Pires disse...

A rotina é mesmo um ferrete que se pega à pele e nos torna apáticos. Há que ter a coragem de viver com toda a força anímica que formos capazes.
Um poema cheio de motivos de reflexão, meu Amigo Jaime.
Muita saúde.
Um beijo.

Fá menor disse...

Boa definição.
Não podemos viver apáticos. Temos de dar as mãos ao espanto.

Beijinhos.

Dalva Rodrigues disse...

Muito bom, Jaime!
Muitas vezes essa apatia tão intensa seja sinal de depressão, é preciso estar atento para cuidar da alma, algumas vezes até com medicamentos.
Já estive um cadinho apática em certa fase da vida, hoje não mais, percebo a vida, a beleza delas em muitas coisas que antes não enxergava.
O mundo que se apresenta hoje deixa doente quem não encontra alegria nas pequenas coisas do viver.
A bola precisa rolar e rola, sempre.
Abração meu querido!

Marta Vinhais disse...

Como se o Mundo fosse um buraco negro e poder regressar à superfície.
Interessante...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

Magui disse...

E o que nunca se sente ao passar aqui
Beijo

Ailime disse...

Boa tarde Jaime,
Magnífico poema!
Gostei muito, logo do início... Belíssimo.
Um beijinho.
Ailime

Roselia Bezerra disse...

É esquecer que a mudança é fruto viçoso

do impulso que faz o sangue vibrar

Boa tarde de muita paz, amigo Jaime!
Muito bonito e profundo.
Bem apropriado ao momento que vive o mundo.
Tenha dias abençoados!
Abraços fraternos de paz e bem

Margarida Pires disse...

Boa tarde Jaime!
O que eu sinto é que as pessoas estão tão desacreditadas!
O mundo perdeu seu brilho.
Mas, acredito que tudo voltará a renascer.
E arrancará de nós muitos sorrisos de luz!
Um abracinho viajante!🌺🌼🌻
Megy Maia🌈

Andreia Morais disse...

Sem palavras, Jaime!

Continuação de boa semana

Marli Terezinha Andrucho Boldori disse...

Boa tarde, Jaime, em cada verso há a marca da apatia, insensibilidade pura. Como entender"É beber das rotinas o ferrete

que coze a vida em fogo mole."
Como viver uma vida repleta de emoções sem senti-las literalmente. Na verdade só pode ser com certeza, a apatia. Belo poema!Abraço.

Ana Freire disse...

Uma bela inspiração, que não poderia traduzir melhor este tempo presente... que nos tornou estranhos, perante a nossa nova realidade... e já nos mostrou... que os antigos hábitos não podem ainda ser retomados, nos tempos mais próximos, assim prosseguindo a nossa vida... em lume brando... e com pouco sabor... por enquanto!...
Um beijinho! Votos de continuação de uma excelente semana!
Ana

Cidália Ferreira disse...

Amei o poema!! :))
*
Pensamentos confinados...
*
Beijos, e uma excelente noite

N A S S A H disse...

e sonhar ao ritmo das baladas..

Amei o poema

vieira calado disse...



Olá, como tem tem passado?


"É beber das rotinas o ferrete

que coze a vida em fogo mole".

é, precisamente isso, meu caro!


Abraço!

Ulisses de Carvalho disse...

E como eu costumo dizer, nada é, tudo está: existir é transmutar.
Belo poema, caro Jaime!
Um abraço.

Toninho disse...

Uma arte da poesia aliada à engenharia das junções da palavra.
É coisa de engenheiro da poesia Jaime.
Um belo trabalho sobre a apatia em poesia numa partilha bonita.
Abraços amigo.

Pedro Coimbra disse...

Apático não estou.
Irritado, sim, bastante.
Aquele abraço, bfds

Sandra Figueroa disse...

Melancólico y hermoso poema amigo, saludos a la distancia.

Isamar disse...

Olá Querido Amigo Jaime,
Palavras fortes, determinadas e verdadeiras! Amei!!!

Gostei especialmente desta passagem:
"É trazer dentro do peito estagnada
a ordem contrafeita
e amarrar pelos cornos o tumulto
do jazz da rebelião."

Feliz fim-de-semana, beijinhos!

eli mendez disse...

un bello poema ...versos que nos muestran este mundo y estos aconteceres cotidianos que a veces nos enojan o nos hacen ( aunque sea por algunos instantes) perder de vista quienes somos... bajar los brazos a la esperanza y confundirnos con pensamientos mas oscuros... pero como expresas...todo pasa...y esto también pasara...y ojala tengamos cada día la fuerza inspiradora para crear poesia en nuestras vidas ... Te abrazo de corazón y te dejo mi agradecimiento por estar en mis letras.

MARILENE disse...

Que maravilha seu poema, Jaime! Uma apatia tão bem descrita que nos sacoleja,
por não a desejarmos. O mar sem sal, o sangue que não vibra... tudo encantador. Abraço.

Bandys disse...

Muito bonito poema.
É esquecer que a mudança é fruto viçoso
do impulso que faz o sangue vibrar.

O sangue tem que vibrar, pois ha vida.
Bjs

Artes e escritas disse...

Há tanto para fazer em casa, quando se trata do cotidiano feminino, que os homens terão que ajudar naquilo que souberem fazer. Sextou! Bom fim de semana para você e os seus.Um abraço, Yayá.

São disse...

A rotina ~e mesmo uma máquina de moer a frescura da Vida.


Beijinho, meu amigo. Bom fim de semana

SOL da Esteva disse...

Excelente poema, gostei!
Na verdade, somos estranhos no tempo que vivemos.


Abraço
SOL

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

JP

é tudo isso que escreveu de maneira genial.
adorei o poema.
bom fim de semana.
beijinhos
:)

Luísa Fernandes disse...

Olá Jaime!
Um poema magnífico daqueles que a gente lê e fica com vontade
de ler ainda mais. Gostei muitíssimo. Parabéns amigo Jaime!
Beijinho de boa noite e ótimo fim de semana.
Luisa

Ana Tapadas disse...

Com muito ritmo e cadência.
Meu amigo, que a apatia não nos vença...

Beijinho

Lucimar da Silva Moreira disse...

Não podemos viver sem sentimentos, vazio, a apatia não pode fazer parte da nossa vida, abraços.
http://www.lucimarmoreira.com/

Teresa Almeida disse...

"É ignorar que a bola não rebola

sem um chuto

e que sem a batalha das asas

o voo cai maduro no chão."


Bendita seja a mudança!

Um beijo.

rosa-branca disse...

Apatia... há horas...dias...anos...com uma apatia que nos consome a alma. Poema escrito no fio da navalha. Adorei. Jaime, boa semana e beijos com carinho

Diná Fernandes disse...

Muita reflexão contida nestes versos querido amigo Jaime, é como se esteja falando, -vai a luta, faça algo, dê o primeiro passo.

"É ignorar que a bola não rebola
sem um chuto
e que sem a batalha das asas
o voo cai maduro no chão."

Mais um poema de excelente nível poético, admiro por demais sua verve amigo!

Tenha uma ótima semana.

Saudações.

LuísM Castanheira disse...

Um chuto, mesmo que seja em bola de trapos,
que esta vida precisa de movimento e… fintas
(Ai a minha unha grande do pé, um biqueiro e' que e'!)
Bora lá, que o jogo já' começou.
"Porque amanhã e' sábado" e a apatia não joga.
Bem estruturado e profundo,
onde as rotinas dos dias ainda podem surpreender.
Um abraço e boa semana

Amélia disse...

Magnífico poema Jaime. A inspiração continua em alta. Adorei.
Votos de excelente semana
Beijo

Manuel Veiga disse...

isto de "fogo mole" é capaz de ser mesmo uma chatice,
mas que fazer? a todos nós calha, de vez em quando, um "mar sem sal, nem vendaval... "

um poema fora do teu registo habitual, pareceu-me.
que gostei de ler.

abraço, caro amigo Jaime Portela

saudade disse...

Depois de um raio de sol e uma flor brotar, tudo voltará ao seu melhor.
Tudo será melhor.
Adorei ler te
beijo

Mariazita disse...

Jaime, meu querido amigo
Voltei da minha segunda e última fase de férias deste ano.
Felizmente correu tudo muito bem, visitei sítios maravilhosos, e constatei, uma vez mais, aquilo que sabia de sobra – Portugal é um país LINDO!
Mas… acabou-se o que era doce 😊. No próximo ano haverá mais, assim o espero, e talvez que em condições mais favoráveis.
Regresso, pois, e confesso que com muito prazer, ao vosso convívio.

Neste teu lindo poema descreves, na perfeição, "essa tal de apatia".
Muitas vezes ela surge sem se saber de onde, mas, quando ataca, transforma a nossa vida num "dia sem sol", num "pãozinho sem sal"... num aborrecimento total! Temos que a combater a todo o custo!!!

Agradeço, de coração, o teu cuidado. A verdade é que, mesmo que eu quisesse... o meu filho não me deixa "pôr o pé em ramo verde" 😁. Por isso, todos os cuidados foram tomados. Fizemos cerca de 3.000 quilómetros mas conseguimos sempre evitar grandes contactos onde houvesse muita gente.
Um xi GRANDE!

Continuação de boa semana.
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS

luar perdido disse...

Apatia, é algo que este poema não tem!
Pode até cozer a vida em fogo lento, pode até tolher a batalha das asas e encolher os voos. Pode até andar sobre as águas de um lago, sem sal... sem vendavais.
Amigo Jaime, este teu poema, é tudo menos "apático", é uma fabulosa combinação da tua verve. Adorei, querido Amigo!

Beijo de Luar

Duarte disse...

Totalmente certo, esse estado hipnótico faz-nos penetrar num mundo em que entre o tudo e a nada pouco fica, que até a fruta cai só. Vamos digerindo este sentir tão nosso, hoje de todos.
Abraços de vida, amigo.

Rosemildo Sales Furtado disse...

Belo, profundo e um tanto metafórico poema Jaime. Parabéns!

Abraços e uma ótima semana para ti e para os teus.

Furtado

vieira calado disse...

Olá, como tem passado?

Gostei do seu poema.

Saudações poéticas!

Poesia Portuguesa disse...

"..."
É esquecer que a mudança é fruto viçoso
do impulso que faz o sangue vibrar.
...".

Sem dúvida!

Majo Dutra disse...

A rotina é assim, mesmo.

Poema bem estruturado e eloquente.

Um beijo, amigo poeta.
~~~

Ana Simões disse...

Apatia é mesmo isto... e nestas belas palavras está tudo, o sentimento e a mudança...Um poema cheio de força que me transmite uma mensagem de eloquência e ânimo.
Beijo amigo.

brancas nuvens negras disse...

Um bom poema que nos põe a pensar e nos permite examinar a vida como ela é. Muito obrigado.