Translater

segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Ditadura [443]

 


Dentro de ti,

és a mulher sem-par que tenho,

mas não pego,

de ti, o gozo nos meus braços totalmente.

 

Dentro de ti,

vou-te perdendo tolhido

pelo mutismo da renúncia.

Cada manhã despida de horizontes

faz crescer o exílio

e cada voz em silêncio é uma grade

acrescentada na prisão.

 

Dentro de ti,

com o sol a morrer em pegadas de imundície

e varrida pela brisa

enxovalhada na mentira que campeia,

não há trabalho nem pão.

 

Dentro de ti,

já não sei se és minha mãe,

porque os tempos, mátria minha,

não se cruzam com a nossa liberdade.

Mas eu não te renego, ainda que hoje sejas

a minha pátria mal-amada.

 

© Jaime Portela, Outubro de 2022


30 comentários:

Marta Vinhais disse...

Apesar de tudo... não podemos renunciar.....
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

Cláudia disse...

Muito bom! Fiquei sem palavras!

O seu talento é natural, continuação deste excelente trabalho caro amigo :)

Feliz semana

Porventura escrevo disse...

Ditadura.
Curioso título no que a ligacao ao conteúdo doz respeito

Graça Pires disse...

Cheio de motivos de reflexão este seu poema, meu Amigo Jaime. Li e reli e começo a sentir alguma nostalgia de outros tempos...
Uma boa semana com muita saúde.
Um beijo.

brancas nuvens negras disse...

Só o poeta sabe o que o move quando inscreve as suas palavras no papel.
Um abraço.

Fá menor disse...

Os desencontros e desencantos são cada vez mais que muitos...
Como te entendo!

Beijinhos e boa semana!

silvia de angelis disse...

Uno spunto originalissimo in questo speciale testo, molto intenso e di magnifica lettura...
Buona settimana e un saluto,silvia

Cidália Ferreira disse...

Poema maravilhoso. Adorei. Obrigada pela partilha!:)
-
A saudade, é ...
.
Beijos, e uma excelente semana.

São disse...

Sinto o mesmo embora não tenha a arte que tens para escrever poemas assim...

Beijinho, meu amigo, e tenhamos ânimo!

- R y k @ r d o - disse...

Poema brilhante, poderoso, profundo, fascinante de ler.

Cumprimentos

Caterina disse...

Davvero una poesia riflessiva, profonda e ricca di meravigliose metafore. Buona serata amico, Jaime.

Mário Margaride disse...

Sublime poema, caro amigo Jaime.
Mesmo com desencantos, a pátria é sempre a nossa mãe, de que nos orgulhamos.
Gostei muito.
Parabéns!
Votos de uma excelente semana, com muita saúde.
Abraço amigo.

Mário Margaride

http://poesiaaquiesta.blogspot.com

Mujer de Negro disse...

Tiempos complicados obligan a una reflexión más profunda y a envolvernos de un halo de nostalgia.
Un abrazo, Jaime

Janita disse...

Não se renega a Pátria, o nosso chão sagrado, do mesmo jeito que nunca se renega quem nos deu o ser. Sejam bem ou mal amados.
Título e poema algo desafasados, mas o Poeta é que sabe e sente o que lhe vai na alma e no pensamento.
Beleza tem, sentimento também e o sentido nunca está perdido.

Um abraço amigo, Jaime.
Boa semana

Ana Tapadas disse...

Muito original, meu amigo! Infelizmente tocou no âmago dos tempos que vivemos.
Beijinho

Meulen disse...

Ningún país debería vivir o someter a su gente de tal manera...
pero de esos hay muchos que coartan la libertad del hombre y la pero es la dictadura de las ideas que si no están de acuerdo con eso la pasan muy mal...

Buena semana.

J.P. Alexander disse...

Muy bello y profundo poema. Te hace pensar te mando un beso.

J.P. Alexander disse...

Profundo poema. Te hace pensar. Te mando un beso.

Pedro Coimbra disse...

No final da semana vou a caminho dessa pátria amada.
Já passou demasiado tempo.
Abraço

Majo Dutra disse...

Ditaduras, qualquer que seja o extremo, são acidentes de percurso...
Na minha opinião, nem pátria, nem mátria devem ser penalizados por tais aberrações...
Piores tempos foram os do absolutismo real... Sem direito a voto...
Bom dia. Abraço
~~~

Rosemildo Sales Furtado disse...

Eis que nos ofertas mais um belo e profundo poema Jaime. Aqui também vivemos tempos iguais a este.

Abraços e muita paz para ti e para os teus.

Furtado

Reflexos Espelhando Espalhando Amig disse...

Ei Jaime!
Fantásticas palavras.
Versos verdade em forma
de Poesia.
Encantada
CatiahoAlc.

R's Rue disse...

Beautiful.
www.rsrue.blogspot.com

MARILENE disse...

São tristes seus versos, Jaime! A busca por liberdade é infinita, independente de alguns incidentes de percurso. E e esse berço não conseguimos deixar de amar. Abraço

Emília Pinto disse...

Ditaduras, nem " vê-las " e nós já vivemos uma durante tantos e tantos anos, além da monarquias que, a meu ver, passa de ditadura. Temos as monarquias modernas que, apesar de não lhes achar" graça nenhuma, não ousam cometer as atrocidades dos tempos passados. " Uma operação especial" muito bem sucedida e praticamente sem derramamento de sangue acabou com a nossa ditadura e o que esperamos é que não haja retrocesso e voltemos aos tempos idos. Entendo nestes teus poemas uma referência ao que se está a passar agora e o receio que o mundo inteiro tem perante tamanhas atrocidades cometidas por um desmiolado, ditador frio e dalculista que ama o poder muito mais do que ama a Pátria. Se tivesse algum amor ao seu país, não teria desencadeado a tal " operação especial " que mata indiscriminadamente sem o minino pudor. Ditaduras no poder, ditaduras nos lares, ditaduras nos empregos, ditaduras sobre as crianças que " tremem de medo " quando entram em casa, lugar que deveria ser o seu refúgio, e aconchego. Falei nas crianças, porque hoje, dia 12 comemora-se o dia delas, no Brasil, assim como também é dia da padroeira do Brasil, Nossa senhora Aparecida. Obrigada, Jaime, pelo momento poético, sempre de grande qualidade. Beijinhos e fica bem, com saúde
Emília

Emília Pinto disse...

Corrigindo ....não passa de uma ditadura
Beijo
Emilia

Ailime disse...

Boa tarde Jaime,
Um poema belo que li e reli!
Apesar de tudo é a nossa Pátria e tomaram outros povos estar neste cantinho à beira-mar plantado.
Beijinhos e continuação de boa semana.
Ailime

Maria Lucia (Centelha) disse...

A Pátria mãe tão vilipendiada pelos ditadores e oportunistas.
Impactante o teu poema, querido Jaime. Pra refletir.
Um beijo carinhoso

Ana Freire disse...

Um poema bastante introspectivo e nostálgico... as ditaduras rondam ciclicamente... aproveitando-se dos momentos de instabilidade e desagregação, motivadas por crises de vária ordem... para se instalarem... em alarido ou de mansinho. O que dizer? Já se respiraram estes ares no século passado... mas a humanidade também tende ciclicamente a repetir os mesmos erros...
O mundo mudou drasticamente, nestes últimos dois anos e meio... e por enquanto temos todas os motivos para crer que no curto e médio prazo... este caótico presente, tenderá a prosseguir... mergulhados que estamos, em outros blocos europeus de decisões... que não irão fazer as delícias do cidadão comum... e quando isso acontece... o divisionismo para outras forças de contestação, acompanhando a mare... vai-se progressivamente instalando...
Um daqueles poemas, que brilhantemente... dão bastante sobre o que reflectir!
Um beijinho!
Ana

Bishop disse...


Uma leitura que sentimos uma nostalgia de outros tempos, uma poesia que entrar em nossa mente, cassando os sentimentos mais profundo do passando. Um poema para ser lindo e relido.