Se tens uma voz
que entoa um lamento
no verdadeiro instante
da tua respiração prolongada,
a tua mente é indomável,
é um cometa desgravitado
a cair na sua sombra.
Se tens inquietação
na epiderme dos sentidos,
e a tua voz se torna frágil
na força quebradiça da vontade,
vais escorregar
no pranto circunscrito
de um aterro de emoções
negro e conspurcado.
Mas há remédio,
começa por assumir o teu estado,
que não passa
de uma perturbação elétrica
que ensarilha
a comunicação entre os neurónios.
© Jaime Portela, Julho de 2024