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segunda-feira, 7 de abril de 2025

O big bang, o buraco negro e Deus [609]

 


Treze mil milhões de anos depois,

aqui estamos nós.

E só há quatro mil milhões de anos

é que moléculas agrupadas em células

construíram a vida.

Ou foi algum cometa que a pariu.

Ou veio de Marte.

Ou foi mesmo Deus que a inventou.

 

Mas tudo e todos acabarão

daqui a mil milhões de anos.

Já não falta muito,

o sol vai explodir

e nada restará do que se pensou

da religião e da política.

Como é o mesmo sol que dá vida

aos abençoados e amaldiçoados,

será a sua ausência que deixará invisível

o nada de santos e pecadores,

o nada de ricos e pobres.

 

Tudo será composto pela soma de nadas

e, na casa do impercetível,

sem portas, janelas e paredes,

dançarão os fantasmas do tempo

ao som das sombras entrópicas

que se arrastam no pó inerte do nada.

 

Oitenta por cento da vida já foi vivida

e o inverno aproxima-se.

Saberemos aceitar a escassez de tudo,

a fadiga prévia do fim

e o desengano crescente dos sonhos?

O buraco negro espera-nos, paciente,

sabendo que lá chegaremos sem vida.

Ou Deus, no Juízo Final,

de braços abertos à vida.

 

 

© Jaime Portela, Abril de 2025


42 comentários:

São disse...

SE as pessoas tivessem a noção do que aqui tão bem descreves, talvez a Humanidade fosse mais sensata e fraterna...

Meu amigo, excelente semana.

Te abraço .

silvia de angelis disse...

Una visione obiettiva dell'universo e della vita, in questa lirica ove il credo diventa un'opinione molto personale.
Buona settimana

Roselia Bezerra disse...

Olá, amigo Jaime!
Um texto muito inteligentemente escrito.
O big bang bem acordado aqui.
Prefiro acreditar no Deus que tudo criou e nos aguarda de braços abertos.
A vida twrena acabara para todos.
O mundo talvez não... mistério que não saberemos talvez...
Tenha uma nova semana abençoada!
Abraços fraternos

Mário Margaride disse...

Uma excelente reflexão sobre a humanidade e o seu comportamento através do tempo.
De facto, não aprendemos nada com as asneiras que fizemos ao nosso Planeta. E, cada vez mais estamos a destruí-lo. Depois, se nada fizermos para o preservar, que é infelizmente o que está a acontecer, nada restará, a não e sua ebulição final.
Excelente poema, amigo Jaime.
Deixo os votos de um feliz semana, com tudo de bom.
Abraço de amizade.

Mário Margaride

http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com

Reflexos Espelhando Espalhando Amig disse...

Jaime,
Poema forte e impregnado
de verdades.
É poesia para ser lida,
relida e bem assimilada.
Mas que bom que vivemos
a nossa historia do nosso jeito
e vamos sempre seguindo adiante.
Bjins de ótima nova semana
querido amigo.
CatiahôAlc.

Graça Pires disse...

Esperar sem medo do fim. É o que temos que fazer. Se ficamos a pensar no que nos irá acontecer será pior. O seu poema leva-nos do big bang a Deus, passando pelo buraco negro. Que criativo meu Amigo Jaime.
Uma boa semana.
Um beijo.

Jovem Jornalista disse...

Essa vida realmente é um mistério e a morte também é. Devemos aproveitar da melhor maneira, pois não sabemos o que acontecerá no próximo minuto.

Boa semana!

O JOVEM JORNALISTA está no ar cheio de posts novos e novidades! Não deixe de conferir!

Jovem Jornalista
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Até mais, Emerson Garcia

Janita disse...

Um poema original, imaginativo e com laivos de profecia.
De tudo o que mais me custa a aceitar, não é morte que sabemos aproximar-se a passos largos, não é a escassez de tudo e o chegar o dia do Juízo Final.
É, outro sim, o ir vendo morrer os meus sonhos mais sonhados e desejados, sem se tornarem realidade, num desengano crescente...

Um beijo, Jaime, boa semana

Eduardo Medeiros disse...

Mais um poema forte e verdadeiro: O fim vem pra tudo, porque não para os humanos como espécie? Ainda mas que, inteligentes como somos, resolvemos destruir a Natureza e criar outra de pedra, cimento e aço.

Gosto de pensar que a humanidade, única entidade com alta consciência que existe no universo até onde conhecemos, e por sabermos que as constantes biológicas e químicas que nos formaram são extremamentes raras de acontecer, vai dar um jeito e sobreviver à explosão do sol.

Ou não.

Lucimar da Silva Moreira disse...

O futuro está nas mãos de Deus, não sabemos o fim, só temos que esperar, Jaime abraços boa semana.

AMALIA disse...

Muy interesante y excelente poema.
Feliz semana.
Un abrazo.

stella disse...

Sin miedos..., a la vuelta de nada todos los que estamos aquí habremos pasado, intentemos que al menos hayamos dejado algo positivo. y, que al final estemos en l,os brazos de Dios
Un abrazo grande Jaime

Regina Graça disse...

Poema com matéria viva que daria para anos-luz de reflexão. E depois de uma eternidade, todas as questões continuariam por responder. O que é o fim? No princípio foi o verbo com quantas conjugações?
E porquê não a teoria das cordas, dos universos paralelos?
Na semana passada estive aqui, nesta, volto a estar. Vivamos o feliz retorno de cada instante!
Beijinhos ..

Lucia disse...

Olá amigo Jaime.
Gostei imenso de suas palavras.
Fortes e reais...
Muito bom caro poeta.
Suave seja a sua semana
Beijos!!

Emília Pinto disse...

Falaste de " Gente ", da boa, da má, dos ricos, dos pobres, e de todas as diferenças que há nessa Gente e agora escreves sobre outro tema, não menos importante, mas que, para mim, pouco interessa. Sabes, Amigo, nunca me preocupei com a origem do universo, como ele apareceu, nem a quem se deve esse mistério: às vezes me questiono sobre a importância de se procurar outros planetas, quando nem deste sabemos cuidar; devo ser muito ignorante, pois não entendo a importância disso para este nosso mundinho com tantas desgraças. . Se há outra vida depois da morte, sinceramente, acredito que tudo acaba quando, por cima de nós puserem aquela terra e só espero que esse dia demore e que até lá eu viva com dignidade e sem grande sofrimento. O que me interessa realmente é a gente, as pessoas, o aqui e o agora e da minha parte, tentarei fazer o meu melhor, não prejudicando os outros, para assim deixar alguma saudade quando partir. Sei que sou bastante cética, Jaime, mas, numa coisa acredito....nas pessoas....na gente. Achas estranho? Não é! A maioria é incrível...fantástica ; tirando " Meia dúzia " de irracionais e prepotentes, como os que conhecemos actualmente, o ser humano é " a obra prima " da natureza " Não me chames de " maluquinha ", certo, Jaime?
Beijinhos e obrigada pelos belos poemas, tão introspectivos e de grande reflexão
Emília 🌻 🌻

Margarida Pires disse...

Jaime!
As suas palavras descrevem o desatino em que vivemos!
Nada é real é tudo um conto de fadas, pronto a explodir e infelizmente nada restará neste planetazinho!
Beijinhos!
👄💙👄Megy Maia

brancas nuvens negras disse...

No dia-a-dia não concebemos a nossa finitude. Já cá não estaremos no tempo do fim, porque o nosso fim é "quase" agora.
Boa semana.
Um abraço.

J.P. Alexander disse...

Profundo poema. Me gusto mucho. Te mando un beso.

ematejoca disse...

Este poema reflete sobre a fragilidade da vida e a inevitabilidade do fim, abordando questões profundas sobre a origem da vida, a existência de Deus e o destino final da humanidade. É um apelo para aceitar a transitoriedade da vida e refletir sobre o que realmente importa à medida que nos aproximamos do fim inevitável. POEMA fortíssimo que me deixou sem respiração.

Pedro Coimbra disse...

O Buraco Negro vive em Washington.
Maldito.
Abraço, boa semana

Silent Movie - ©Theda Bara disse...

God created and humanity destroys, who understands this evolutionary formula?
(ꈍᴗꈍ) Poetic and cinematic greetings.

TORO SALVAJE disse...

Moriremos sin haber desentrañado el misterio de la vida, de su origen...
Es duro de aceptar.
Saludos.

Marta Vinhais disse...

Quando tudo explodir... não vai restar nada... pelo egoísmo, pela prepotência....
Poema forte....
Beijos e abraços
Marta

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...


Bom dia JP
O poema reflecte sobre a efemeridade da vida, a origem do universo e a inevitabilidade do fim. Em tom filosófico, o autor joga com diferentes teorias sobre a criação e sobre o destino final de tudo, questionando a relevância da religião, da política e das divisões humanas diante da grandeza e do desaparecimento inevitável do cosmos. Ele sugere que, ao fim de tudo, o que resta será apenas o "nada", um espaço vazio onde o tempo e os fantasmas de nossa existência dançam sem sentido. A ideia de escassez e fadiga diante do fim também é explorada.
Em resumo, é uma meditação sobre a transitoriedade da vida e a inescapabilidade do desaparecimento de tudo, um convite à reflexão sobre a fragilidade da nossa existência no universo.
Um poema forte que me deixou um pouco desconfortável, pois o mistério assusta-me.
Boa semana com saúde e muita Poesia
Deixo um abraço
:)

JoAnna disse...

Olá Jaime, um poema poderoso, interessante e filosófico. Eu gosto muito. Tenha uma boa semana, saúdo-o calorosamente.

Teresa Isabel SIlva disse...

Adorei a abordagem deste poema! Os meus parabéns!

Bjxxx,
Pinterest | Instagram | Linkedin

Ailime disse...

Boa noite Jaime,
Magnífico poema! A Terra e a Vida, mistérios que o Homem ainda não desvendou.
Todos teremos o mesmo fim, mas acredito no Deus Criador que nos receberá num reino de Luz!
Beijinhos e boa semana.
Emilial

Olinda Melo disse...

Olá, Jaime
Para lá caminhamos, isto é, a Humanidade.
Tudo tem um começo e um fim. Muitas
civilizações já desapareceram e, da forma
como nos comportamos, esta nossa atingirá
o seu fim em pouco tempo.
O Sol como estrela que nos aquece e nos dá vida
também terá o seu ocaso.
Entretanto, cada um de nós chegará ao
buraco negro antes disso.
E sem filosofias.
Boa semana, amigo.
Olinda

❦ Cléia Fialho ❦ disse...

Que poema… que viagem delicada e profunda pela existência e pelo fim. Senti uma vertigem bonita ao ler — como se olhasse para o abismo do tempo e, ao mesmo tempo, para dentro de mim.

Há uma tristeza suave em cada verso, uma aceitação quase serena do efêmero, do nada que nos ronda. E ainda assim, uma ternura cósmica se insinua, como se o universo nos embalasse na sua dança silenciosa, mesmo prestes a desaparecer.

A imagem dos fantasmas dançando no imperceptível é tão poética quanto brutal — e me tocou profundamente.

Talvez sejamos mesmo só isso: uma centelha breve entre um big bang e um buraco negro… mas que luz linda a nossa centelha faz enquanto dura.

Lindo demais.

❦ Cléia Fialho ❦ disse...

Que poema… que viagem delicada e profunda pela existência e pelo fim. Senti uma vertigem bonita ao ler — como se olhasse para o abismo do tempo e, ao mesmo tempo, para dentro de mim.

Há uma tristeza suave em cada verso, uma aceitação quase serena do efêmero, do nada que nos ronda. E ainda assim, uma ternura cósmica se insinua, como se o universo nos embalasse na sua dança silenciosa, mesmo prestes a desaparecer.

A imagem dos fantasmas dançando no imperceptível é tão poética quanto brutal — e me tocou profundamente.

Talvez sejamos mesmo só isso: uma centelha breve entre um big bang e um buraco negro… mas que luz linda a nossa centelha faz enquanto dura.

Lindo demais.

olga disse...

Le tue poesie sono meravigliose.Buona notte Olga

Duarte disse...

Jaime, fazes que os versos cobrem vida com tantas verdades juntas. Excelente poema.
Esse buraco negro vai aumentando de diâmetro e sabe que acabaremos caindo nele.
Grande abraço de vida

Isa Sá disse...

Parabéns pela sua escrita!
Isabel Sá
Brilhos da Moda

Dan André disse...

Que poema vasto e vertiginoso, Jaime! Ele carrega a imensidão do cosmos e o peso existencial do finito — como se Sagan e Camus se encontrassem num verso. A lucidez crua da sua escrita nos arremessa do Big Bang ao buraco negro com uma serenidade que assusta: afinal, estamos apenas dançando na beira do nada, tentando chamar de “vida” esse breve clarão entre duas eternidades.

A ironia que atravessa o poema — entre moléculas, cometas, Deus, santos e pecadores — é afiada como lâmina e suave como poeira cósmica. A imagem do “som das sombras entrópicas” e o “pó inerte do nada” é de uma beleza melancólica e implacável.

E ainda assim, no fim, nos deixa com a pergunta: será o buraco negro ou Deus quem nos espera? Um poema que não apenas se lê — ele reverbera.

Bravo!

Abraços
Dan
https://gagopoetico.blogspot.com/2025/04/vale-tudo.html

Rakel disse...

Ciao, interessante argomentazione filosofica sulla caducità della vita e sull'origine del nostro universo. Come sappiamo le teorie su questo argomento sono molte e diverse.
Complimenti per queste riflessioni, sulle quali l'essere umano dovrebbe interrogarsi e riflettere.
Buona serata
Rachele

Mário Margaride disse...

Boa noite, amigo Jaime
Passando por aqui, para desejar um feliz fim de semana, com tudo de bom.
Abraço de amizade.

Mário Margaride

http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com

Maria Rodrigues disse...

Um reflexivo e brilhante poema!
A morte é uma certeza que paira sobre todos nós, um destino inevitável que nos iguala a todos. O presente é o único momento que realmente temos. O passado já se foi e o futuro é incerto.
Beijos e um bom fim de semana

SOL da Esteva disse...

O nosso fim é inevitável. Seguro! Poeticamente revelas da nossa fragilidade perante o tempo.
Poema de grande poder para uma reflexão aturada.
Magnífico, Jaime. Parabéns.


Abraço,
SOL da Esteva

Mário Margaride disse...

Olá, amigo Jaime
Passando por aqui, relendo este excelente poema que muito gostei, e para desejar uma feliz semana, com tudo de bom.
Abraço de amizade.

Mário Margaride

http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com

Luiz Gomes disse...

Boa tarde de domingo e bom início de semana Jaime. Creio num fim diferente. Mais cada um, crê naquilo que acredita, devemos respeitar as diferenças.

Vivir y dejar Vivir...Liz disse...

♥♥Querido amigo Poeta♥♥
Precioso y profundo poema, es un placer visitarte.
Que la Semana Santa sea una bendición para ti y toda tu familia.
Que la luz de la Semana Santa ilumine nuestros corazones y nos guíe hacia la paz y la serenidad.
Abrazos y te dejo un besito
*♥♫♥**♥♫♥**♥♫♥*--*♥♫♥**♥*

Olavo Marques disse...

Olá talentoso Jaime.

Gostei de ler o seu poema. Mostra bem o quão conseguimos ser insignificantes. Irrelevantes.

Um abraço 🤗