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segunda-feira, 28 de abril de 2025

Outros virão [613]

 


Com o tempo, passamos a duvidar

se o que se consuma a cada dia nos diz respeito

ou se, o que somos, é uma desmemória à meia-luz

onde não existem mais que uns vagos zumbidos

sem o grasnar das gaivotas.

 

Quase nada sabemos,

o que resta da infância são histórias

mais distorcidas que os sargaços,

abraçamo-nos ao carinho do sol que escasseia

ou à aragem imprecisa,

mas culpada sem provas dos resfriados.

 

As lamparinas votivas tremem de fé

na igreja onde já não rezamos

e paralisam as águas

nos lagos de lembranças desabitados.

 

Não são visíveis os corações esculpidos

nas árvores da vida e as vontades são papéis

que voam empurrados por um vento incerto

à sorte de mãos alheias que raramente os acolhem.

 

Outros virão

para olharem o mundo da mesma janela,

chorosos do sol que há lá fora e, com sorte,

acabarão sem contrições no meio de círios

ou manchados

de infrações que sempre negaram em vida.

 

 

© Jaime Portela, Abril de 2025


50 comentários:

silvia de angelis disse...

Una lirica intensa, su immagini del futuro, affrontate con creatività e una spiccata suggestione.
Buona settimana e un saluto

" R y k @ r d o " disse...

Bom dia: - apenas uma palavra:BRILHANTE
.
Saudações cordiais
.

olga disse...

Complimenti per la poesia!

Roselia Bezerra disse...

Olá, amigo Jaime!
Somos apenas caminhantes, uns nos precederam, outros nos sucederão.
Nada é igual a antes.
Vamos seguindo firmes, caminhar é preciso e a vida merece.
Tenha uma nova semana abençoada!
Abraços fraternos de pax

Jovem Jornalista disse...

Bela poesia. Incrível.

Boa semana!

O JOVEM JORNALISTA está no ar cheio de posts novos e novidades! Não deixe de conferir!

Jovem Jornalista
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Até mais, Emerson Garcia

ematejoca disse...

O poema é uma reflexão sensível sobre a efemeridade da vida, a memória, a fé e a esperança, convidando-nos a pensar sobre o que deixamos para trás e o que ainda podemos encontrar no caminho.
Abraço amigo da aldeia do Düssel maravilhosamente primaveril ☀️

Mário Margaride disse...

Outros virão sempre, depois dos que já cá estão, e dos cá estiveram.
É assim e sempre será. Nós, é que temos que fazer boa triagem, para não escolhermos "o cavalo errado".
Excelente poema, amigo Jaime.
Gostei bastante.

Abraço amigo

Mário Margaride

http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com

Lucia disse...

Olá caro Jaime.
Gostei imenso do seu poema.
Sim amigo poeta, outros virão.
Suave seja a sua semana.
Beijo!

Os olhares da Gracinha! disse...

Com o tempo... aprendemos a duvidar e não só!... a sabedoria do viver permite isso mesmo! Boa semana Jaime 😘

Os olhares da Gracinha! disse...

Com o tempo... aprendemos a duvidar e não só!... a sabedoria do viver permite isso mesmo! Boa semana Jaime 😘

Lucimar da Silva Moreira disse...

Jaime com certeza outros virão não tem como mudar, desejo uma ótima semana abraços.

Graça Pires disse...

Intenso o seu poema e cheio de motivos de reflexão. Por isso o li e reli, meu Amigo Jaime.
Uma boa semana.
Um beijo.

Silent Movie - ©Theda Bara disse...

We are emotions in human movements.
Have a wonderful week. 😺
(ꈍᴗꈍ) Poetic and cinematic greetings.

Aleatoriamente disse...

Olá Jaime,
Muito intenso.
Este poema é uma profunda meditação sobre a passagem do tempo, a perda da memória afetiva e a dissolução da identidade pessoal diante do desgaste da existência. Desde o primeiro verso, o eu lírico reflete sobre a dúvida crescente: aquilo que vivemos ainda nos pertence, ou já nos transformamos em ecos de nós mesmos? A imagem da “desmemória à meia-luz” evoca um estado de entorpecimento, onde as lembranças e emoções tornam-se sons distantes, apagados, como “vagos zumbidos” sem a vitalidade das gaivotas símbolos da liberdade e da vida intensa. Abraço!

Vivir y dejar Vivir...Liz disse...

Querido Jaime, precioso e intenso poema, es un placer leerte poeta.
Soy de Argentina y por suerte no tuvimos apagón.
Que tengas un día lleno de felicidad y amor
*♥♫♥**♥♫♥**♥♫♥*--*♥♫♥**♥*

J.P. Alexander disse...

Profundo e intenso poema. Te mando un beso.

brancas nuvens negras disse...

Com o tempo ganha-se experiência mas também se têm mais dúvidas.
Boa semana.
Um abraço.

Eros de Passagem disse...

Pois é, Jaime. E seguimos em frente aprendendo enquanto nos é possível descortinar tudo pela janela, sem esquecer que é tudo passageiro.
Um belo poema sem dúvida.
Um abraço,

Tais Luso de Carvalho disse...

Belíssima, amigo Jaime, assim também penso. Não sei se os próximos "Inquilinos do Planetinha" pegarão coisa melhor, creio que não. Estamos demolindo esse, num compasso rápido.
A vida será outra...

"Não são visíveis os corações esculpidos
nas árvores da vida e as vontades são papéis
que voam empurrados por um vento incerto
à sorte de mãos alheias que raramente os acolhem."

Beijo, meu amigo, uma boa semana,
a paz é necessária - como nunca!

Pedro Coimbra disse...

Infelizmente julgo que quem virá na Igreja não irá seguir o caminho de Francisco.
Abraço, boa semana

TORO SALVAJE disse...

No sé nada... creí saber mucho y con el tiempo constaté mi ignorancia.
Vendrán otros igual que vinimos nosotros tras los que nos precedieron.
Y seguirán sin saber nada.

Saludos.

Marta Vinhais disse...

O tempo passa... nem sempre aprendemos com os acontecimentos...e devíamos realmente reflectir....
Beijos e abraços
Marta

lis disse...

Sim Jaime,é o ciclo se completando ,uns indo outros vindo ... Outros olhares Outras janelas Outras històrias
Que sejam mais sàbios . Seu poema a refletir sobre como sentimos o tempo a passar ...
Beijinhos,Jaime e bons dias.

Cláudia disse...

Intenso, gostei!

Boa semana

Eduardo Medeiros disse...

Um poema brilhante e tão verdadeiro!
A primeira estrofe já me fez ficar parado, pensando, refletindo sobre o que o tempo e a memória fazem conosco.

Olinda Melo disse...

O caminho da morte é incontornável.
É mesmo certo que outros virão, melhores
ou piores, quem sabe? Haverá talvez uma
janela ou uma frincha por onde espreitar
a candência dos dias.
Tenha uma semana óptima, caro Jaime.
Abraço
Olinda

Ailime disse...

Boa tarde Jaime,
Um poema magnífico, que me faz pensar em tanto do que se tem vindo a passar neste pobre e cada vez mais triste Planeta.
Não estamos a preparar um mundo melhor para os vindouros, mas pelo menos que não percamos a esperança e não desistamos de fazer a nossa parte.
Um beijinho, amigo Jaime, e uma boa semana.
Emília

AMALIA disse...

Un intenso y hermoso poema.
Felices días.
Un abrazo.

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

Boa tarde JP
Um poema de assombrosa lucidez e delicada melancolia, onde a memória, a fé e o tempo se entrelaçam num retracto quase crepuscular da existência. A linguagem precisa e simbólica guia-nos por uma meditação poética sobre a perda, de inocência, de pertença, de permanência. “Outros virão”, sim, mas talvez apenas para repetir as perguntas que ninguém responde. Um texto que ecoa fundo, e deixa uma mensagem poderosa.
Boa semana com saúde e inspiração.
Um abraço
;)

Teresa Isabel SIlva disse...

Muito bom!
Mais uma vez os meus parabéns!

Bjxxx,
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Maria Rodrigues disse...

Que os outros que virão, consigam olhar o mundo com olhos sábios e não cometam os mesmos erros dos que partiram.
Profundo e sublime poema.
Beijos

São disse...

Todos os seres vivos caminham ao longo da mesma estrada e todos acabam no mesmo fim do qual não se sabe grande coisa.

Abraço e bom resto de semana.

Vivir y dejar Vivir...Liz disse...

*♥Querido Jaime♥*
(¯`•.•´¯) (¯`•.•´¯)★Que Dios
*`•.¸(¯`•.•´¯)¸.•´★Te bendiga
♥ º° ♥`•.¸.•´ ♥ º° ♥ `•.¸.•´` ★
*♥Abrazos y te dejo un besito♥*

Emília Pinto disse...

Outros virão, e o seu caminho será de certeza diferente daqueles que todos os dias partem. Hoje estamos aqui e, se amanhã ainda estivermos, não seremos os mesmos e a estrada estará algo mudada; a cada instante, tudo se transforma, a cada instante uma nova vida nasce e uma outra se finda. Lembramos com frequência o nosso passado, a nossa meninice, onde, na nossa inocência, não nos interrogavamos sobre questões tão profundas, mesmo vendo uns a partirem e outros a chegarem. Por outro lado, Jaime, a ditadura não nos deixava ver o que se passava no nosso país e à volta do mundo; havia, como hoje toda a miséria humana, mas só nos dávamos conta daquela que víamos junto a nós e era muita. Hoje temos toda a informação possível, alguma enganosa, e as questões aparecem com mais intensidade e preocupação ; perguntas e mais perguntas para as quais não temos resposta. Brevemente, aqui no nosso país, vamos ter um novo começo político, vão uns e virão outros para nos governaram, mas, creio, as mudanças, no essencial, não as veremos; tudo continuará igual naquilo que mais importa ao povo, porque o poder politico quer é benefícios para ele próprio ; manter os cargos, custe o que custar. Amigo, enquanto cá andarmos, façamos o nosso melhor e tenhamos sempre coragem para ver partir aqueles que mais amamos e também aqueles que souberam ser verdadeiros lideres, com humanidade e preocupação com os outros. Nós partiremos e outros virão, essa é a única certeza que temos. Obrigada pela reflexão que nos levas a fazer e fica bem, com saúde e alguma esperança. Beijinhos
Emília 🌻 🌻

Olavo Marques disse...

Olá talentoso Jaime.

Sei duas coisas. Tudo o que começa acaba e também sei que não vamos mudar. Esperemos que os próximos tenham uma visão diferente.

Um forte abraço para si! 🙂

Luiz Gomes disse...

Bom dia. Uma excelente quinta-feira e um ótimo mês de maio meu querido amigo Jaime.

DULCINEA DEL ATLANTICO disse...

Sentidos versos que invitan a su lectura con calma y sentimiento.
Un abrazo Jaime
Puri

Vivir y dejar Vivir...Liz disse...

♥Querido Jaime♥
............♥♥.... ♥♥… Abrazos y
......... ♥..... ♥.....♥…
.......... ♥.....♥....♥… te dejo un besito
............. ♥.....♥ .….......se feliz!!!
................. ♥..que Dios te bendiga..♥
Te deseo con todo mi corazon un
¡FELIZ DÍA DEL TRABAJADOR!
╬♦╬♥╬♦╬♥╬♦╬LIZ╬♥╬♦╬♥╬♦╬♥╬♥╬
.....................♥♥♥♥♥♥♥♥...................

Dan André disse...

Jaime, tua poesia é como um espelho embaçado pelo tempo — nos convida a encarar o que esquecemos, o que se apagou, o que nunca se soube.
Esses “vagos zumbidos sem o grasnar das gaivotas” evocam uma melancolia profunda, onde a memória se dilui como neblina à beira-mar.
A imagem das vontades voando como papéis ao vento é um golpe suave, mas certeiro: quem nos lê, afinal?

Teu poema é um lamento lúcido, belo e corajoso. Obrigada por essa travessia nas entrelinhas da existência.

Abraços
Daniel
https://gagopoetico.blogspot.com/2025/05/o-trabalhador-invisivel.html

Mário Margaride disse...

Olá, amigo Jaime,
Passando por aqui, para desejar um bom fim de semana, com tudo de bom.
Abraço amigo

Mário Margaride

http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com

Juvenal Nunes disse...

A vida é sempre um corrupio de incertezas, mas outros virão para redefinir o caminho.
Bom fim de semana.
Abraço de amizade.
Juvenal Nunes

❦ Cléia Fialho ❦ disse...

Este poema transmite uma melancolia profunda sobre o passar do tempo, a dúvida existencial e a fragilidade da memória. Ele nos convida a refletir sobre as incertezas que nos cercam à medida que envelhecemos e como nos distanciamos daquilo que fomos, com o tempo apagando os traços de nossa infância e dos nossos sentimentos mais puros.

As metáforas, como os "sargaços" e as "gaivotas", representam a distorção daquilo que fomos e a perda das certezas que nos moldaram. A sensação de um "mundo de meia-luz", onde as lembranças se tornam vagas, é um retrato da desilusão com a passagem do tempo e com as escolhas que não se concretizaram.

A ideia de "outros virão" traz uma certa resignação, como se as novas gerações, com suas próprias dores e incertezas, fizessem o mesmo percurso de tentativa e erro, chorando pelo que perderam, mas sem alcançar realmente o que buscavam. A busca por fé, por sentido, e até pelas próprias falhas humanas são tragicamente inevitáveis.

Esse poema transmite a sensação de que, apesar dos nossos esforços, acabamos sempre sendo tocados pela efemeridade da vida, onde tudo parece escapar entre os dedos, mas, ao mesmo tempo, renasce em novos olhares e novas tentativas.

ABRAÇOS

Daniela Silva disse...

Infelizmente, os caminhos serão cada vez piores. Mas podemos sempre mudar o futuro.

P.s.: sim, sou eu. Estive uns anos afastada dos blogues.

Com carinho,
Daniela Silva
Alma-leveblog.blogspot.com — Um cantinho cheio de sensibilidade, palavras sinceras e alma leve.
Fica o convite para me visitares, se sentires no coração.

SOL da Esteva disse...

Na busca de Caminhos, encontramos tropeços que dificultam o andar. A tua Reflexão é (também) um Caminho para se ponderar alternativas.
Excelente, Jaime. Parabéns pelo Post.


Abraço,
SOL da Esteva

Isa Sá disse...

Mais um bonito poema que vim cá conhecer.
Isabel Sá
Brilhos da Moda

chica disse...

Jaima, hoje, em modo despedida, venho agradecer todos os carinhos, presença e participações em meus blogs!.
Tuuuuuuuuudo tem o seu tempo e o ciclo da joaninha blogueira fechou-se!

Obrigadão por tudo! Fica bem!
abraços, chica

stella disse...

Intenso poema Jaime. el paso de la vida nos trae recuerdps a veces nublados y otras solemos magnificarlos, sea como fuere este caminar nos hace crecer y ser la persona que somos y encaminar pasos a donde queremos ir
Me ha gustado muchisimo
Un abrazo

Ane disse...

E assim é a vida... uns se vão e outros ocupam o lugar dos que se foram... Gerações se sucedem. Um abraço!

Rakel disse...

Ciao , intense immagini su ciò che sarà il domani.
Altri verranno e forse faranno i nostri stessi errori.
Buona serata e un caro saluto
Rachele

Parapeito disse...

E assim segue a roda da vida.
Cabe a quem está lançar boas sementes.
E esperar que quem chega saiba fazer boa colheita.
Gostei muito, Jaime.
Abraço e brisas doces ***