(Poema de homenagem a colegas e amigosque morreram ainda novos, nomeadamenteo Zé Ferreira, o Hugo Vieira, o Fernando Silva e o Arnaldo Rigueiro)
Rezo-Te.Mas temo a recusa nas Tuas palavrassem rasto nem recurso.Não enxotas o gato preto da janela.Ajoelho-me, redobrado.Fico imóvel no escuro, na Tua luz.Falo-Te, submisso, sem respirar,até pintar o Teu rosto na retina.Medito nas searase nos vinhedos a crescer nas Tuas mãos.Esgano a fome e a sedena visão dos Teus frutos maduros, divinos.Acaricio cada grão, cada bago,de um rosário votado ao desespero.Esperançado, imploro-Te.Vejo mosto e massa com fermentoà Tua mesa. Na minha cabeça,o sino a finados a prensar badaladas.Não brotou a cura do Teu pãonem a mão protectora do Teu vinho.Permitiste que morressem. Impassível.Deixo-Te, deserto.Será que Tu existes?
Jaime Portela
44 comentários:
Um poema Divino! Parabéns
Beijos
Linda homenagem Jaime
Bjocas
Bfs
Um sublime homenagem! Maravilhoso poema!
Abraço
Não gosto de falar em Deus e não rezo, Costumo dizer que faço isso porque de outro modo teria que me zangar muito com Ele Prefiro falar em vida, culpar a vida, agradecer à vida. A vida leva-nos seres queridos, a vida e o ser humano deixam crianças morrerem de fome, permitem que muitas acordem aos sons dos canhões e que por causa deles morram; umas pessoas têm sorte na vida, outras, por mais que tentem, pode dizer-se que nasceram para sofrer. Deus da-nos o livre arbitrio, não interfere nas nossas decisões, foi isso que me ensinaram; sendo assim não vale a pena rezar, pedir; a oração servirá apenas para dar forças a nós mesmos. Cresci a acreditar em Deus, na Sua bondade, no Seu perdão, na Sua perfeição, mas à medida que fui amadurecendo comecei a zangar-me com a Sua passividade perante tudo o que acontece aos indefesos, a todos os seres incapazes de se erguerem e de sobreviverem Não tenho capacidade bastante para compreender certos mistérios e por mais que tente eles continuam cada vez mais misteriosos. Viro-me para a vida e neste caso posso-me zangar, posso mudar um pouco as coisas, posso culpá-la à vontade. Mas... tambem aprendi que Deus é vida e vida ė Deus e portanto há muito que não questiono esse mistério da existência ou não de um Ser Criador de tudo e de todos. Vou fazendo o meu melhor por mim e pelos outros que é isso o que a vida espera de nós e, segundo aprendi, Deus também. Jaime, perder amigos é muito dificil, mas há que aceitar e não deixar que esses amigos morram no nosso coração. Temos um amigo de 66 anos ( andou com o meu marido na Guiné ) que está em coma há duas semanas; já é muito tempo nesse estado e as esperanças começam a ser poucas. Força Jaime e...bonita homenagem. Um beijinho
Emilia
Admiro a forma linda e fácil como escreve. Uma despedida nunca é fácil. Gostei!
Jaime,pelo que entendi essa permissão foi dada pelo Mestre,para que os amigos fizessem a grande viagem ainda muito novos.Mas,não conseguimos e nem conseguiremos compreender o motivo,apenas lhe digo que eles se foram um pouco antes de todos nós para a eterna morada.
Linda homenagem.
Bjs e obrigada pela visita.
Carmen Lúcia.
Jaime, você foi pra guerra?
Só quem sofreu muito pode ter uma sensibilidade mil em escrever vários pedacinhos de uma triste história.
Linda e sofrida poesia
Beijos no coração
Lua Singular
A única certeza da Vida, mas abre o caminho a muitas questões...
Completa-se um ciclo....
Um poema brilhante como sempre...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta
Querido Amigo; A morte é sempre incompreensível - talvez por isso - Deus a tenha feito assim: dura. Perante ela, só nos resta, ajoelhar, rezar, ouvir o rebate dos sinos que martelam a vazia verdade da partida. Não, Jaime, não há cura no Pão divino - há aconchego. Nem o Vinho/Sangue é mão protectora - é presença.
Nada na partida é fácil, mas esta homenagem (embora com algumas dúvidas) é um hino aos que já fizeram a travessia. Está LINDA, meu amigo. Sentida e forte.
Beijo querido amigo e desejo-te um excelente fim de semana
A dor faz-nos duvidar de tudo. Só quem nunca perdeu ninguém, pode ficar indiferente ao seu poema pungente.
Abraço
Ruthia d'O Berço do Mundo
Em várias épocas da minha vida, duvidei, gritei, zanguei-me e afastei-me. Mas como filho pródigo sempre volto. E sabe porquê? Porque até hoje sempre acabei recebendo a resposta que desfaz a dúvida.
O poema é um grito de revolta. Uma perda é sempre uma dor sem tamanho.
Um abraço
Perdi amigos na adolescência, naquelas idades em que não é suposto morrer.
Senti o poema de maneira muito especial, obviamente.
Aquele abraço
KUNG HEI FAT CHOI!!!
Oi Jaime
Voltei para compartilhar com você na perda de seus amigos. Essa poesia doeu muito.
Beijos
Lua Singular
Uma prece. Uma interrogação. Um grito. Uma súplica. As palavras assim magoam e transbordam do coração...
Uma homenagem muito bela aos seus amigos, Jaime.
Um bom fim de semana.
Um beijo.
Boa tarde, enganar a fome e a sede é possível até um certo ponto, enganar a dor não se consegue, mais que se tente, ela tema em ser permanente. o poema é de mestre.
AG
A partida dos que amamos é sempre um grande abalo.
Nesta oração sofrida há meditação e questionamento. Sente-se, em cada palavra, uma badalada de saudade.
Bom fim de semana. Beijinho, caro amigo.
As Memórias e as recordações são para serem preservadas e guardadas.
A Homenagem é fruto da saudade pela ausência da presença da Amizade/Amor que nos faz falta.
É bom ter Amigos... mesmo que já se tenham separado de nós; sabemos que continuam connosco.
Abraço
SOL
Meu querido amigo Jaime
É um poema para meditar...Muito Belo
Bjo e desejo-te um bom final de semana
Boa homenagem a quem partiu, cedo no seu tempo.
A vida é um mistério a que a morte vem adensar.
Li há muito tempo o livro de Bertrand Russell, filósofo, "Porque não sou cristão" e aí encontrei algumas respostas para as minhas dúvidas de então.
Os nossos medos e anseios levam-nos a fixar um credo num ser superior, que tudo cria e onde tudo é sua obra.
Daí as religiões espalham dogmas difíceis de aceitar.
Respeito quem assim pensa e tem fé.
Para mim essa obra seria o meu 'eu' compreender.
Sem compreender não posso crer.
E isso não me aconteceu até hoje.
Não fui 'iluminando'.
O que eu vejo e compreendo é a terrível injustiça que grassa neste bocadinho de calhau a viajar num cosmos sem princípio e sem fim.
Talvez Deus ande distraído, ou cansado de tanto trabalho, ou desiludido da obra criada.
Dizem que os seus desígnios são insondáveis, mas se fôssemos feitos à sua imagem, seríamos deuses.
E não vale o 'pecado original', pois sendo assim, todos os seres vivos deste pequeníssimo planeta estariam condenados à incompreensão e ao pecado.
Um abraço.
Belíssima homenagem!
r: Fico contente por ter gostado :)
Obrigada e igualmente*
Jaime, muito lindo o seu poema, é difícil dizer adeus à alguém que amamos, que se foi prematuramente, deixando aquela saudade que bate no peito, que fala baixinho como uma oração, esperando que o inverno passe, que a ausência passe... Um beijo e ótimo fim de semana para você.
OLÁ JAIME
Li o seu poema
não me vou manifestar sobre o mesmo
apenas deixo no ar a mesma pergunta:
Será que Tu existes?
Nada me custou tanto como perder 2 sobrinhas,
uma com 18 anos e outra com 26 anos
Enfim... sem comentários!!!
Muito obrigada pela sua presença,
em 2016
em alguns dos meus posts
Foi através da Blogosfera que nos conhecemos...
andamos nestas lides há algum tempo.
Eu comecei há 12 anos, com o meu kalinka em 2005
(criado precisamente por uma dessas sobrinhas)
Outros fui criando
e neste momento escrevo em quatro.
Felizmente não me desmotivei ainda,
cá continuam abertos e activos.
2017 já chegou há 28 dias
e...não tenho estado muito assídua,
nas visitas aos blogues dos amigos
Peço desculpas.
O frio não ajuda, fico com as mãos dormentes
Enfim...
esperemos que em Fevereiro eu consiga visitar mais amigos na Blogosfera.
NOVO ANO - expectativas e sonhos!
Bom fim de semana. Beijinho
Olá:
Bonita homenagem.
Nunca mais foste ouvir os vídeos.
Estive doente e explico tudo no sonhar comigo
Beijinho doce
Perfeita poesia.
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Jaime,
Pensei que não tivesse respondido o comentário.
Uma linda noite
Beijos no coração
Lua Singular
A única coisa que temos como certa e que nos surpreende sempre e magoa .
E quando a mágoa é grande aparece , na maioria das vezes , a tal pergunta .
A resposta está em nós , nas nossas crenças.
Gosto muito do poema , uma belíssima homenagem aqueles que não vemos , mas sentimos , porque apenas estão do outro lado do caminho .
Um beijo , Jaime ,
Maria
Um poema encantador ♥
JP
uma homenagem sentida, em forma de conversa com Ele, em jeito de oração, em resquícios de alguma revolta, perguntas e súplicas.
sentido e emocionante poema.
bom domingo
beijinhos
:)
Bela homenagem com belas e sentidas palavras!
Beijinho
Jaime,
gostei muito do poema.
eloquente homenagem
forte abraço, meu amigo
oiii! bom finalzinho de tarde!
Poesia tocante.
Morrer jovem é a contramão da história. A volta de uma viagem que nem sequer chegou a existir.
Te desejo um finalzinho de domingo encantador e uma semana regada de muita alegria! Beijo grande:)
Quando os nomes ficam na memória...
Deus existe mas a morte dói sempre, mesmo a anunciada. Custa assistir quando se trata de gente ainda com tanto por dar!
Por alguma razão, teve de ser assim, as razões de Deus são diferentes da nossa. Deus, está muito acima de nós! Digo eu, se acreditarmos que a morte pode ser um estado maravilhoso de alma... a alma não morre jamais, o corpo sim. A minha mãe um dia disse uma "coisa" linda; "As pessoas que partem , vão viver em Jerusalém" e eu fiquei a pensar... faz todo o sentido... afinal que aconteceu à Jerusalém que se conhece? ... Não teria sido um projecto de Deus? E quem mais deixaria mensagens plenas e perfeitas acerca do AMOR?
E que culpa tem Deus dos erros da Humanidade?
Qualquer pai, cansa-se, farta-se de um filho rebelde, mal agradecido,mal intencionado, um filho que sepulta o próprio pai mas recorre a Ele sempre que precisa!
Meu amigo JP
adorei ler o teu poema, sentido e com dúvidas naturais de um ser humano! Boa semana
Beijo
Certamente Ele terá os seus desígnios...
E os anjos... sempre fazem falta em qualquer outro lado... apenas convivemos com eles... por empréstimo... durante algum tempo... e é por esse privilégio, que devemos ser gratos... podiam nem sequer ter feito parte das nossas vidas...
Uma bela e sentida homenagem! Num registo bem diferente do habitual... mas do qual gostei imenso!
Beijinho! Boa semana!
Ana
Claro que Ele existe! Lindo poema :)
Com muito carinho,
Diamonds In The Sky, Daniela Silva ♡ Fanpage do blog, põe um gosto!
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Um poema que me doeu e muito pois pensei no meu irmão. Toda a minha vida questionei muitas coisas até q me habituei a viver com as dúvidas e hoje já não procuro respostas. Ainda a semana passada partiu uma amiga tão nova. É uma revolta mas não está nas nossas mãos. Linda homenagem num maravilhoso poema que adorei. Jaime, tem uma boa semana e beijos com carinho
Jaime
o belo e interessante poema, não será apenas o lembrar pessoas que marcaram, mas também o agradecer à vida o continuarmos ainda por cá, sabendo recordar e viver.
Abraço
Oi Jaime
Desculpa, esqueci desse blog meu. Ainda não estou bem.
Obrigada pelo carinho
Beijos no coração
Minicontista2
Os desígnios de Deus são insondáveis.
Beijinhos
Olá Jaime,
Estou a retribuir a visita que me fez.
Pelos poemas! Emocionei-me com este e lembrei e rezei pelos meus mortos.
Jaime, eu vou voltar.
Beijo.
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Caros amigos, obrigado pelos vossos comentários. Voltem sempre.
Entretanto, acabei de publicar um novo poema. Espero que gostem.
Continuação de boa semana para todos.
Saudações poéticas.
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De que nos vale o pão e o vinho se o sino nos tira a corda?
Os amigos ausentam-se por vezes de forma tão inesperada que nos deixam nús.
Gostei do poema que é também um exercício de memória.
Abraço.
Jaime, gostei imensamente desse seu poema o qual questiono muitas coisas, também sobre a vida, sobre o nosso morrer. Vê-se sentida homenagem da sua parte aos amigos que se foram.
E ressalvo o ótimo comentário da Emília, que aliás, muito parecido com que penso.
Beijo, meu amigo.
Gosto mesmo muito do que escreve.Abraço
Estive a ler alguns poemas e detenho-me neste, para comentar. É de uma sensibilidade muito especial e diz-nos como és um bom carácter, além de Poeta.
bjs
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