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quinta-feira, 31 de março de 2022

Tenho as mãos enterradas [388]

 


Tenho as mãos enterradas

no som minado da palavra,
onde cultivo o vírus da ausência
e onde faço um caminho falho
para transpor o tempo e o espaço
que me separam de ti.

Os cortes do vidro moído

gritam em silêncio
e não há descanso dentro de mim,
rasgo o espaço onde me faltas
e não desfaço os sinais em desatino
na cata cega do acerto.

Recolho os cacos
no avesso da síntese da realidade
sem jamais os conseguir colar e, com eles,
esboçar flores consertadas
que atapetassem o caminho
por onde virias descalça até mim.

Vou tentando,
mas estas mãos só resistem
pelas palavras, que vão morrendo
lentamente com a falta das tuas.

 

© Jaime Portela, Março de 2022


42 comentários:

silvia de angelis disse...

Un dire poetico intenso e raffinato, che non può non emozionare chi legge..
Un caro saluto,silvia

silvia de angelis disse...

Versi intensi, e molto originali, che ho apprezato per il loro dendo contenuto
Un sorriso,silvia

Porventura escrevo disse...

Sempre inícios poderosos, os seus poemas, jaime
E conclusões não menos poderosas
Gostei
Abraço

Os olhares da Gracinha! disse...

Um estado de alma que não se deseja!!!👏...bj

brancas nuvens negras disse...

A falta de alguém... entristece-nos.
Um abraço.

" R y k @ r d o " disse...

Oxalá a amada quando vier de mãos estendidas e descalça não passe por cima do vidro moído. Rsrsrs.
Sem dúvida um poema lindíssimo.
Cumprimentos poéticos

Cláudia disse...

Sem palavras, fortíssimo!

Feliz dia

Leonor C.. disse...


Linda poesia. É com prazer que volto aqui e voltarei mais vezes. Abraço.

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

a ausencia das palavras e não só...

a falta da presença, magoa e deixa marcas.

boa semana.

:)

Caterina disse...

Una poesia struggente, con versi che toccano il cuore. Complimenti, Jaime.

Beatriz Pin disse...

Excelente poema á ausencia da amada. Ri co comentario de Rikardo! Mas acho sublimes todas as palavras e versos.
Bom fim de semana, Jaime.

São disse...

Gostei muito de todo o poema, particularmente do final!

Te abraço com voto de feliz Abril, meu amigo

Eliana disse...

Olá Jaime,

A ausência do ser amado causa um grande estrago ao coração de quem ama. Suas palavras expressam bem a dor causada por essa situação.

Um abraço!

Marta Vinhais disse...

A ausência...faz com que se morra lentamente...
Interessante, belo...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

Glória Vilbro disse...

Boa tarde Jaime
Muito bonito e intenso este poema! As palavras têm tanto poder, não é verdade? Não há como substituí-las por pétalas de vidro moído.
Beijinhos :)

Janita disse...

Um grito de dor sentida, pela ausência de quem queremos bem e nos faz falta.
Gostei muito, amigo Jaime.

Um abraço com apreço.

Majo Dutra disse...

Um canto intenso de saudade e desespero...

Lembrei os militares da Ucrânia...

Muito belo, amigo Jaime. Abraço
~~~~~~~

Franziska disse...

Las palabras que expresan la amargura de una ausencia están dominadas por pensamientos que no se relacionan con el amor, como avanzar descalza sobre cristales para alcanzar la mano que te tienden. Por supuesto es una metáfora y puede ser que yo no entienda bien porque no conozco el idioma, lo sentiría y le pido perdón por el error. Saludos cordiales.

Lucia disse...

Olá caro Jaime.
Bonito e triste seu texto.
Cacos por vezes miúdos e pontiagudos
Mesmo que na ânsia de querer juntá-los
Colá-los, trocá-los por flores inteiras e perfeitas
Existirá o pó e não pode passar sem ferir.
Não faltará palavras
Se caminhar ao encontro
Sem que precise esperar
Sem que precise sentir a ausência.
Beijos e feliz restinho de semana.

Paula Saraiva disse...

Um poema intenso, em grito de quem nos faz falta!

Gostei bastante.

Boa Tarde. Beijinhos

Cidália Ferreira disse...

Intenso e muito belo!:)
*
Embriaguei meu coração ...

Beijos. Boa noite

Maria Lucia (Centelha) disse...

Ah, poema apaixonado que bem representa esta sua leitora , poeta Jaime!!
Essa espera triste que dói, dói, como cortes na alma quase sem esperança.
Adorei, muito bom.
Beijo carinhoso

Fábio Murilo disse...

Só se fazem poesias de ausência, despedida, dor, separações. Porque senão, a vida seria uma poesia em si, viva. Poesia é um desabafo, ânsia incontida, grito abafado.

J.P. Alexander disse...

Triste y bello poema. Es triste estar con el corazón roto. Te mando un beso

Pedro Coimbra disse...

Este poema tinha de ser especial porque o número é muito auspicioso pars os chineses.
Abraço, bfds

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Gostei deste excelente poema.
Um abraço e bom fim-de-semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

Reflexos Espelhando Espalhando Amig disse...

Jaime,
Lindos versos que traduzem
um pouco do que
o sentir a ausência.
A poesia é assim um remédio
e um conversor de emoções.
Bjins
CatiahoAlc.

Rosa-branca disse...

Distantes as mãos...unidos os sentires. Maravilhoso poema que amei demais. Jaime, boa semana e beijos com muito carinho

Rosa-branca

Mário Margaride disse...

Olá, caro amigo Jaime,
Um belíssimo poema aqui nos presenteia.
Onde a nostalgia da saudade, faz emergir as emoções.

Gostei muito.

Parabéns!

Votos de um excelente fim de semana.

Abraço amigo.

Mário Margaride

http://poesiaaquiesta.blogspot.com

Fá menor disse...

"Os cortes do vidro moído" e os 'gritos' "em silêncio" ferem sempre as palavras. Mas as tuas são sempre bem articuladas.

Beijinhos e bom fim-de-semana!

SOL da Esteva disse...

"[...]Recolho os cacos[...]
sem jamais os conseguir colar[...]"
A esperança vale mais que cacos e o Amor vence as quebras.
Belo Poema.
Parabéns, Jaime.


Abraço
SOL da Esteva

AMALIA disse...

Me ha gustado tu poema.
Un abrazo.

Mariazita disse...

Abençoadas mãos que resistem pelas palavras, e assim vão construindo poemas de grande beleza, como o que acabei de ler.
Parabéns, amigo Jaime.

Bom Fim de Semana.
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS

Ana Tapadas disse...

Os ausentes trazem impressões que, como vidros, retalham...

Forte poema.

Beijo, meu amigo.

Rainbow Evening disse...

powerful and beautiful words....

Have a wonderful weekend

Fatyma Silva disse...

Como sempre um lindo poema, amigo Jaime!

Gratidão pelos comentário em minha página.

Te desejo um ótimo domingo.

Um abraço amigo.

Olinda Melo disse...


Imagens fortes nos traz neste poema, caro Jaime,
com palavras que fazem pensar. A dor da ausência
aqui sentida e dita.
Versos que focam os desencontros da vida.
Bom domingo.
Abraço
Olinda

Elvira Carvalho disse...

A consciência de que não estamos inteiros se nos falta alguém que amamos.
Abraço, saúde e boa semana

Mário Margaride disse...

Olá, caro amigo Jaime.
Passando por aqui, relendo este excelente poema que muito gostei, e desejar uma excelente semana, com muita saúde.

Abraço amigo.

Mário Margaride

http://poesiaaquiesta.blogspot.com

... disse...

WOW great poem very strong, I loved..

Parapeito disse...

A ausência doí sempre muito.
A dor de saber que não estamos completos e depois os cacos que sabemos não conseguir colar...o morrer lentamente.
Lindo e envolvente
brisas doces *

Isamar disse...

Gostei especialmente desta passagem.

"Os cortes do vidro moído
gritam em silêncio
e não há descanso dentro de mim,
rasgo o espaço onde me faltas
e não desfaço os sinais em desatino
na cata cega do acerto."

Querido Amigo Jaime tenha uma semana feliz. Beijinhos