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quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

Não provarei do teu mel [460]

 


No binómio do teu oásis longínquo,

na ignorância das abelhas

e no perdido ensejo dos zângãos,

evitavas os néctares

e alimentavas-te das sombras,

da caridade das doçuras amargas

de répteis ocasionais, de que fugias,

e das carícias aprendidas

na puberdade condiscípula dos dedos.

Longe da colmeia, ignoravas as flores e,

dos machos,

desconhecias a volúpia do toque,

mas amavas-te no refúgio secreto

do teu corpo, no receio do pólen alheio.

Mas, mutante, num êxtase polinizador,

perdeste o medo aos estames

e renasceste embebida por geleia real

para seres a abelha-rainha do teu zângão

eleito em voos nupciais.

E eu, zângão sem sorte, que estava

pronto a morrer por ti na vertigem do amor,

não provarei do teu mel.

 

© Jaime Portela, Dezembro de 2022


36 comentários:

chica disse...

Lindo e doce poema...Gostei muito,Jaime! abraços, chica

Cidália Ferreira disse...

.
Um poema sublime. Muito obrigada pela partilha!!
.
Surge, a voz do silêncio ...
.
Beijo. Boa quinta-feira.

Malania Nashki disse...

Maravillosas letras. Me remonté a un tiempo no muy lejano en que estuve acechada por alguien que quiero mucho pero que no amo. El amor correspondido es precioso, es lo más grande que hay. Pero solo Dios sabe por qué a unos se ama y a otros solamente se quiere.
Gracias por escribir desde el alma y el corazón.
Si puedo, lo comparto en mi Facebook.
Buenas tardes.
Abrazo enorme.

Janita disse...

É a vida, caro Jaime. Também eu, abelha obreira sem obra feita, só sinto o sabor amargo das palavras por dizer.

Com um interessante jogo de palavras, construiu um original poema. Gostei de ler.

Um beijo amigo e bom feriado.

- R y k @ r d o - disse...

Poema intenso, profundo, sensual, poderoso, que muito gostei de ler.

Entre abelhas, zangões, flores e mel
É preciso determinação para avançar
Por uma pinga desse líquido a granel
Por uma doce picada me deixaria matar


.
Cumprimentos poéticos
.

brancas nuvens negras disse...

O desengano do amor, foi triste quando aconteceu mas, inspirou o poeta.
Um abraço.

Kalinka disse...


E...mais uma vez,
fico perplexa ao seguir o teu poema
Tão belo e profundo. Parabéns!

Aos poucos estou a regressar aos outros blogues
Ontem fiz 2 posts diferentes em 2 blogues diferentes meus,
que já nada fazia há 4 meses...
mas apareceu matéria para eles e agora convido a ver, aqui:
http://meusmomentosimples.blogspot.com/
http://pensamentosimagens.blogspot.com/
beijinhos meus
Tulipa/Kalinka

Porventura escrevo disse...

Poesia profunda jaime
Com varias analises
Abraço

Betonicou disse...

Amigo, Jaime, gostei imensa da intensidade deste poema. Um versar de enorme beleza. Grande abraço.

A Nossa Travessa disse...

Meu caro Jaimamigo
Um tratado poético da apicultura poderia ser apelidado este teu poema se encarado apenas de forma estrutural escolástica. Mas – e há sempre uma danada de uma adversativa – o traço genial da tua poesia torna-te o zangão cultivador dos versos de mel que me (nos) ofereces deliciosamente. Do néctar fazes nascer a ânsia de dulcificar o quotidiano. Bem hajas!
Abração
Henrique
NB – Não tens passado pel’A NOSSA TRAVESSA. Posso saber porquê?

silvia de angelis disse...

Versi particolarmente nostalgici, accompagnati da immagini originali e di particolare emozione..
Buona serata e un saluto,silvia

Os olhares da Gracinha! disse...

"Longe da colmeia, ignoravas as flores e,
dos machos,
desconhecias a volúpia do toque,
mas amavas-te no refúgio secreto
do teu corpo, no receio do pólen alheio."
(lindo 👏👏👏)... Bj

Roselia Bezerra disse...

Olá, amigo Jaime!
Ignorar as flores, não sentir os perfumes da vida, deixar de lado a formosura dos afetos.
Tenha dias abençoados!
Abraços fraternos

Meulen disse...

Por el libre albedrío cada persona es libre de decidir como conduce su vida y si eso le basta entonces su plenitud es completa.
Buen fin de semana.

J.P. Alexander disse...

Belklo y sensual poema. Me gusto mucho. Te mando un beso.

Pedro Coimbra disse...

Essa abelha ferrou forte.
Abraço, bfds

Elvira Carvalho disse...

Um amor não correspondido é sempre triste, para o comum mortal. Porém os poetas sabem como virar esse desengano em excelentes momentos de poesia como este.
Abraço, saúde e bom fim-de-semana

Marta Vinhais disse...

Desamor, vazio....é a tristeza que pinta os dias...
Choramos com a Lua e fugimos do Sol...
Brilhante como sempre....
Beijos e abraços
Marta

Cláudia disse...

Muito bonito!

Achei imensa graça no bom sentido.

Bom dia

São disse...

O poema é muito bonito e quanto a não provares o mel...pois , não esqueças, muitas vezes acontece o que nem se sonha.

Abraço, meu amigo, bom fim de semana :)

Caterina disse...

Sublime poesia! Bravissimo Jaime, i miei complimenti. Buon fine settimana!

Maria Dolores Garrido disse...

As sensações estão todas lá. Não falta nada, Jaime.
Há outras faltas? Na imaginação e/ou na vida? Se as não houvesse, não haveria tão belo poema assim.
Um abraço

Lucia disse...

Olá caro Jaime.
Bonito poema.
Não te preocupas zangão
Boa noite e bom final de semana.
Beijo!

Mário Margaride disse...

Olá, caro amigo Jaime,
Mais um belíssimo poema aqui nos presenteia.
Onde a beleza poética se conjuga, com o palpitar dos sentidos, e das emoções.
Gostei muito.
Votos de um excelente fim de semana!
Abraço amigo.

Mário Margaride

http://poesiaaquiesta.blogspot.com

Pedro Luso de Carvalho disse...

Olá, amigo Jaime,
gostei muito do seu poema com a bela imagem
das abelhas, com favos de mel do amor, como também gostei de ler
o comentário feito pelo nosso amigo Henrique Antunes Ferreira,
que esteve ausente por mais de três anos do nosso convívio, e
agora, com a saúde perfeita, está entre nós novamente.
Parabéns, poeta!
Votos de um bom final de semana.
Grande abraço.

SOL da Esteva disse...

Mais um daqueles Poemas profundos que te caracterizam.
Sentires-te zangão que não provou o mel da abelha pode indiciar desamor do momento.
Amei, Jaime


Abraço
SOL da Esteva

Isamar disse...

Olá Jaime, espero que esteja tudo bem consigo.
Sou Fã dos seus poemas, das suas palavras inteligentes e sábias. Gabo-lhe a sua enorme inspiração. Parabéns pelo estrondoso talento. Desejo-lhe um excelente fim de semana. Beijinhos

rosa-branca disse...

Maravilhoso poema que amei demais.zangão sem sorte, mas com uma grande alma de poeta. Jaime, boa semana e beijos com carinho

Fá menor disse...

Mestre das palavras, nem sempre o poema corre de feição, no entanto, a poesia sobressai sempre para quem tem a mestria!

Beijinhos e tudo de bom!

Bandys disse...

Aqui sempre lindos poemas, cheios de vida
e sentimentos.
feliz domingo,
bjs

Olinda Melo disse...

Doce como o mel, este poema, caro Jaime.
O destino dos zangãos é esse. Eu até
lastimo tal sorte, mas a mãe-natureza
é que sabe. Fiz em tempos um pequeno
texto tendo como tema um coisa parecida
e terminei dizendo: A fêmea é que decide
sempre" :)
Abraço
Olinda

Mor Düşler Kitaplığı disse...

Hello Jaime,
What a deep poem.. Thanks for sharing. Have a nice week :)

Kinga K. disse...

Está muy bien escrito!

Patrícia Pinna disse...

Boa noite, Jaime. O seu poema é muito belo e interessante, percebi as metáforas e as achei inteligentes, se for realmente o que li, rs.
Certamente haverá um zangão que não terá o amor e a cumplicidade intrínseca da abelha.
Sempre uma honra ler você.
Parabéns e excelente mês.
Beijos na alma.

Ana Bailune disse...

Isto. Foi. Simplesmente. Sensacional.

Ana Freire disse...

Um poema com um fundo de doçura... que vai revelando a amargura de um amor não correspondido! Está muitíssimo bem concebido, Jaime!!! Muito parabéns! Mais uma inspiração de excelência!
Um beijinho!
Ana