Translater

quinta-feira, 13 de abril de 2023

Naufrágio [494]

 


Enquanto o verão

teima em preservar-se murado a ferro e fogo

pelas correntes austeras do inverno europeu,

importado sem barreiras e acrescido

do zelo oportunista dos vendedores,

ardemos lentamente numa espiral inflacionista.

 

É o tempo do regresso aos atos sem escrúpulos

que rejeitam toda a seiva das plantas

e onde as estrelas vão definhando

numa noite a escurecer a cada espirro do algoz

que nos rouba com descontos milagrosos.

 

Brandos, esbulhados e arruinados,

vamos vivendo com esta religião

que nos vende a felicidade dos pobres,

onde a miragem se vai dissipando lentamente.

 

Resta-nos a cabana da impotência,

envolta pelas cerejeiras a florir ao luar

ou pelas águas de Abril

sem medo de tornar o verde ainda mais verde,

onde podemos ruminar o naufrágio

à lareira baça da nossa indignação.

 

© Jaime Portela, Abril de 2023


38 comentários:

Mariazita disse...

Um poema que é mais uma reflexão muito assertiva acerca da realidade que nos cerca.
Os tempos estão muito difíceis e, pela parte que me toca... a esperança em dias melhores cada vez se afasta mais dos nossos dias.
Gostei muito das tuas palavras, amigo Jaime.

Amigo, desculpa demorar tanto a visitar-te, mas tenho estado bastante doente. (há mais de duas semanas que não vinha ao computador). Ainda não estou bem, principalmente no que se refere a forças, que me faltam por completo. Mas enfim, com o descanso que o médico me recomendou, tudo há-de voltar ao normal. Espero!!!

Continuação de boa semana.
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS

Cláudia disse...

Brutal! Que excelente poema!

Bom dia

Cláudia - eutambemtenhoumblog

Porventura escrevo disse...

Um pungente grito de revolta social
Bravo jaime

Marta Vinhais disse...

Um poema forte sobre os tempos complicados que vivemos...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

- R y k @ r d o - disse...

Poema brilhante composto por versos em tom de grito de revolta pelo que se passa atualmente no mundo em geral e Euroas em particular.

Faz-me lembrar a canção de Zeca Afonso: "" Eles comem tudo ... eles comem tudo... e não deixam nada ""
.
Deixando saudações cordiais

lis disse...

E vamos assim Jaime nos equilibrando e gosto muito da idéia de
'tornar o verde mais verde', capaz de não nos deixar afundar...
Um bom dia de abril pra Ti ,amigo querido
com abraços

Ailime disse...

Boa tarde Jaime,
Magnífico poema que reflete a realidade por que estamos passando, uns mais que outros, mas que não deixa ninguém indiferente.
Que a voz do Poeta seja o eco dos que mais sofrem!
Beijinhos,
Ailime

silvia de angelis disse...

Versi davvero intensi e originali per una raffinata lettura poetica.
Un saluto,silvia

ematejoca disse...

Ainda envolvida pelas águas de Abril, li o poema, do qual gostei muito.

Caterina disse...

I miei complimenti una poesia di verità, bellissima. Buona continuazione di settimana, amico Jaime. Un abbraccio.

A Paixão da Isa disse...

woaunh lindo bjs saude

Graça Alves disse...

Maravilhoso!
Beijinhos

AMALIA disse...

Es un gran poema.
Un abrazo.

Cidália Ferreira disse...

Mais um maravilhoso poema!! Obrigada pela partilha!
.
Um olhar perdido, desiludido, ou talvez não
.
Beijos, e uma boa tarde!

brancas nuvens negras disse...

Abril tem significado.
Um abraço.

Manu disse...

Excelente poema que retrata muito bem o cruel e injusto mundo em que vivemos

Lucia disse...

Bonito caro Jaime.
Tenha em si flutuantes
Caso possa naufragar
Pois nem precisará saber nadar.
Boa noite meu amigo poeta.
Beijo!

stella disse...

Que abra para todos una primavera llena de cambios positivos, estamos necesitando ese brote de tranquilidad que nos llena de serena alegría
Profundos tus versos Jaime
Un abrazo

J.P. Alexander disse...

Profundo poema a veces solo nos toca ver la do bello de las cosas mientras sufrimos por el lado mas triste. Te mando un beso.

Pedro Coimbra disse...

Tinha acabado de comentar noutro blogue que essa espiral de loucura em Portugal é ainda mais dolorosa para quem vive fora do país.
Um abraço, bfds

Daniele Verzetti il Rockpoeta® disse...

Versi forti, quasi crudi, veri, duri, importanti, significativi, versi che devono aprirci gli occhi ed una chiosa straordinariamente potente e giustamente indignata.

TRANSLATION: Versos fortes, quase crus, verdadeiros, duros, importantes, significativos, versos que devem abrir nossos olhos e um brilho extraordinariamente poderoso e justamente indignado.

Mário Margaride disse...

Vivemos de facto, debaixo de um manto de falsos profetas, que nos vendem ilusões.
Excelente poeta, que retrata de uma forma sublime, o dia a dia da nossa inquietação.
Votos de um feliz fim de semana, caro amigo Jaime.
Abraço amigo.

Mário Margaride

http://poesiaaquiesta.blogspot.com

Majo Dutra disse...

Falas nas águas de Abril, mas se nem elas temos!
À sombra do pretexto da inflação por aumento do custo dos combustíveis, vamos sendo enganados pela avareza dos que vendem...
Um excelente poema que aplaudo.

Regressando do meu breve recesso, publiquei no Encontro.
Ótimo fim de semana, Abraço amigo.
~~~

solfirmino disse...

Obrigada pelas visitas, Jaime. Estou lhe devendo faz tempo. Espero que você tenha passado uma ótima Páscoa.
Realmente, resta-nos a impotência diante das circunstâncias.
Estou vendo que só falta um seguidor para que complete 400. Espero que consiga logo. É um número especial. Um abraço

Silent Movie - ©Theda Bara disse...

Another beautiful poem I read here on the banks of your poetic river.
A hug.

São disse...

Reflexão bem certeira da realidade dura que criaturas sem escrúpulos e ávidas nos obrigam a suportar !

Te abraço, meu amigo, bom fim de semana .

Mor Düşler Kitaplığı disse...

What a nice poem! Thanks for your sharing. Have a good weekend :)

SOL da Esteva disse...

A Poesia de Intervenção é ganhadora e tu, Jaime, és o Poeta de Mérito inquestionável. Os teus Versos devem abrir os nossos olhos e a nossa mente.
Tanto pagamos por tão pouco.
Parabéns, Amigo.


Abraço
SOL da Esteva

Graça Pires disse...

Reflexivamente vamos lento este poema, com a certeza que nos resta: não podemos perder a esperança.
Um bom fim de semana, meu Amigo Jaime.
Um beijo.

Elvira Carvalho disse...

Abril é o mês em que a natureza renasce, e os homens renovam a utopia de um mundo de paz, liberdade e amor.
O seu poema, foi publicado an Terça-feira passada. A minha gratidão pela sua permissão.

Tenho estado com problemas com a Internet, que vem intermitente e dura pouco tempo. Ontem estiveram aqui os técnicos trocaram o router, mas a ver se daqui em diante já não há falhas.
Abraço e saúde

lanochedemedianoche disse...

Es un poema espectacular, la realidad está en tus letras, gracias.
Abrazo

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Um belo poema.
Um abraço e bom Domingo.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados

Gracita disse...

Caro Jaime
Nestes tempos de grande dificuldade em que nos encontramos à beira de um naufrágio vamos nos equilibrando naquele tênue fio de esperança de que algo de bom aconteça e o respeito à dignidade humana prevaleça
Vamos acreditar meu amigo
Um feliz domingo
Um abraço

Maria Rodrigues disse...

Um poema sentido e profundo, uma reflexão poética, sobre a triste realidade que vivemos.
Beijinhos e boa semana

tulipa disse...


Enquanto o verão não chega,
aconchego-me nesta primavera
cheia de flores pelos campos
Abril, o meu mês
em que desejo ser feliz.

AMIGO JAIME
percebi perfeitamente o teu poema sobre a inflação
enfim...nada muda, tudo piora, infelizmente

Aqui para os meus lados, andei uns dias sem ir aos blogues mas, quando vou, vou mesmo a sério e entre hoje e ontem fiz 3 posts, cada um no seu blog,
tem que ser...quero continuar a fazer a descrição da minha viagem a SÃO TOMÉ e qualquer dia não me recordo do que os lugares representam,
a memória está má
Convido a ver os ultimos posts, aqui:

http://momentos-perfeitos.blogspot.com/
http://pensamentosimagens.blogspot.com/
http://meusmomentosimples.blogspot.com/
espero que gostes!
Beijinho da Tulipa
Boa semana

Meulen disse...

El hombre ha sido siempre un eterno abusador de otro...de tiempos inmemorables al hoy parece nada cambiar, sino ha empeorado...al menos muchos toman conciencia de eso.

Tengas una renovada semana.

Ana Freire disse...

E é mesmo isto...
De crise em crise, vamos assistindo ao passar das estações, num marasmo de ilusões... e tê-las... ainda será de darmos graças aos deuses...
Um fantástico poema, carregadinho de realidade e actualidade!
Beijinhos
Ana

Fá menor disse...

Muito bom!
Naufragamos assim sem dó!

Beijinhos, amigo Jaime.
Boa semana!