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segunda-feira, 13 de novembro de 2023

Cemitérios de crianças [534]

 


O peso do sono

em que vivemos há séculos

tem permitido que sejam derrubadas

muitas pontes.

Agora,

é difícil atravessar para a outra margem

e abrir acessos por entre ideias contrárias

sem levar um tiro.

 

E chegámos à babel

onde nenhum hábil violinista

é capaz de acompanhar uma orquestra,

porque todos os músicos

andam aos pontapés nas partituras

enquanto os maestros,

de batutas quebradas à solta,

procuram novos e velhos papéis.


Entretanto,

enquanto os extremos

se lavam dos mortos nas trevas dos deuses,

os cemitérios enchem-se de crianças.

 

 

© Jaime Portela, Novembro de 2023


39 comentários:

Cláudia disse...

Fortíssimo poema

Bom dia

Cláudia - eutambemtenhoumblog

Betonicou disse...

Bom dia caro amigo, Jaime. Seu texto é de uma profundidade imensa e nos leva a uma introspecção reflexiva. Infelizmente, são as crianças que mais sofrem nas guerras, como vemos em notícias de conflitos ao redor do mundo onde elas são desproporcionalmente afetadas. Seu poema é muito intenso e evocativo. Ele parece refletir sobre a divisão e o conflito na sociedade contemporânea, sugerindo uma sensação de desesperança e desunião. Você conseguiu transmitir uma mensagem poderosa de uma maneira muito poética. Ótima semana e um grande abraço.

Daniele Verzetti il Rockpoeta® disse...

Io, di fronte ad un tale struggente capolavoro, mi inchino e mi onoro di essere apprezzato da un poeta del tuo valore.

Ailime disse...

Bom dia Jaime,
Como é triste e de lamentar a realidade em que o mundo vive, com consequências desastrosas para os mais vulneráveis.
Magnífico poema que muito apreciei.
Beijinhos e uma boa semana.
Ailime

silvia de angelis disse...

Una visione tristissima, d'una realtà palpabile, cui non vorremmo essere abituati..
Versi molto belli.
Buona settimana e un saluto.

Porventura escrevo disse...

Uma referência à tragedia de gaza
Obrigado por isso jaime

ematejoca disse...

“Cemitérios de crianças” é de uma actualidade e virtuosidade incrível.

Eu choro por todas as crianças mortas, sejam elas israelitas ou palestinianas; ucranianas ou russas. Choro também pelas crianças que morrem de fome em África. Eu não tenho qualquer ideologia política, portanto choro por todas as crianças.

Abraço forte e solidário da amiga que admira a sua POESIA 🕊

Silent Movie - ©Theda Bara disse...

We often sleep to forget our problems and when we wake up, the problems are there, climbing the Tower of Babel, becoming less and less understandable.
(ꈍᴗꈍ) Poetic and cinematographic greetings.

Marta Vinhais disse...

Um Mundo destruído, perdido de si e em si..
Como sempre, brilhante...
Beijos e abraços
Marta

Graça Pires disse...

Parece impossível que o mundo esteja assim: triste, desumano, violento.
"Mas as crianças, Senhor, por que lhes dais tanta dor", dizia o nosso poeta.
Um poema a envolver-nos em compaixão e revolta.
Tudo de bom, meu Amigo Jaime.
Uma boa semana.
Um beijo.

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Triste realidade.
Um abraço e boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados

São disse...

Os cemitérios de crianças multiplicam-se por todo o planeta, desgraçadamente.

No caso palestiniano estamos assistindo em directo ao genocidio do futuro de um povo , ele próprio martirizado por uma colonização sionista impiedosa.

EUA e UE continuam a praticar uma vergonhosa duplicidade de critérios : aplicam sanções à Rússia , mas auxiliam Israel; existe um mandato de captura para Putin, mas não para Netanyahu.

Abraço , meu querido amigo

Janita disse...

Enquanto os músicos
não afinarem todos
pelo mesmo diapasão,

Não haverá paz
crianças felizes
saúde e pão.


Peço desculpa pela divagação, Jaime, mas não consigo falar em cemitérios de crianças nem de guerra.

Um beijinho.

R's Rue disse...

Poignant.
www.rsrue.blogspot.com

brancas nuvens negras disse...

Um poema bem construído com imagens significativas do caos que temos hoje no mundo. As crianças... morrem sem se aperceberem da sua desdita.
Um abraço.

Regina Graça disse...

A história da humanidade em vertiginoso retrocesso... A matança dos inocentes... Como possível?

Beijinho, mais uma semana para resistir escrevendo

Roselia Bezerra disse...

Boa tarde de paz, amigo Jaime!
A dor que está em nosso coração é demasiada.
Os cemitérios cheios de crianças inocentes e nosso lar cheio de tristeza.
Um poema realista de um mundo bem cruel.
Tenha uma nova semana abençoada!
Abraços fraternos

AMALIA disse...

Muy buen poema!!.
Te deseo una excelente semana.
Un abrazo.

Mário Margaride disse...

Infelizmente, as crianças são as primeiras vítimas das guerras. Que como diz e bem o título do poema, são o cemitério das crianças.
Excelente e corrosivo poema, que muito gostei, caro amigo Jaime.
Votos de uma feliz semana.
Abraço amigo.

Mário Margaride

http://poesiaaquiesta.blogspot.com

Lucia disse...

Olá caro Jaime.
Poema verdade e triste.
Essa é a realidade
Pobre das crianças
Boa noite amigo poeta,
Boa semana.
Beijo!

El Sentir del Poeta disse...

Amigo, bello y triste poema y es una realidad que duele.
Cariños y gracias por levantar tu vos en tus letras en defensa de tantos niños.

J.P. Alexander disse...

Profundo poema de una realidad tan dura. Te mando un beso.

Pedro Coimbra disse...

Quando Guterres o afirmou era visível a emoção no rosto.
Abraço

Olinda Melo disse...


Caro Jaime

As palavras com que construiu este poema trouxeram-me
lágrimas aos olhos. O meu coração sofre por tantas e
tantas crianças que, neste mundo de Cristo, não conhecem
a infância e partem sem saberem porquê...

Grande abraço
Olinda

Chape Samma disse...

Caríssimo poeta,
tenho enorme alegria em
conhecer esse seu espaço cheio
da tranquilidade que a poesia
me trás.
Voltarei para beber mais
dessa fonte inspiradora.
Abraço do novato
ChapeSama

Lucinalva disse...

Olá, Jaime
Poema profundo. Muito triste ver a realidade de muitas crianças, quanto sofrimento, que Deus tenha misericórdia delas, um forte abraço.

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

JP

um poema profundo e que não deixa ninguém indiferente, para o tema em causa.
muito comovente e triste.

boa semana com saúde.
:(

Fá menor disse...

Verdade, inquietante... :(
E outras nem direito a cemitério têm... :(

Beijinhos, amigo Jaime.

Gus O. disse...

I bambini pagano l'odio dei grandi. Gli indifferenti osservano e contano i morti.

teresadias disse...

Um inspirado e comovente grito de revolta, Jaime.
A morte de crianças em guerras diabólicas envergonha a humanidade.
Beijo, boa semana.

Maria Rodrigues disse...

Uma triste e horrível realidade, retratada de forma magistral, neste poderoso e sentido poema.
Beijinhos

LeoVegas UK disse...

Brilho radiante em sua postagem! Esclarecedor, bem articulado e um prazer de ler. Obrigado por compartilhar sua valiosa perspectiva.

LeoVegas UK disse...

Estou grato pela nova perspectiva que você trouxe para a mesa. Muito bem!

Mário Margaride disse...

Olá, amigo Jaime,
Passando por aqui, relendo este triste, mas belo poema que muito gostei, e desejar um bom fim de semana, com muita saúde e paz.
Abraço amigo.

Mário Margaride

http://poesiaaquiesta.blogspot.com

SOL da Esteva disse...

Maestros sem batuta e músicos sem pauta, de que valem os instrumentos?
Já as crianças...
Intervenção que merece o meu aplauso, Jaime.
Parabéns

Abraço
SOL da Esteva

rosa-branca disse...

Uma triste realidade que me dói muito. Um poema que é um grito de revolta e dor, mas os maestros só enchem as pautas do poder com tudo menos paz.
Amigo Jaime, Bom fim de semana e beijos com carinho

Elvira Carvalho disse...

O mundo desagrega-se dia a dia, consequência de ambições. lutas pelo poder, ódios racistas, Falta de amor, do Homem, pelo Homem.
Abraço e saúde

Ana Freire disse...

São os novos mártires dos tempos modernos... crianças, mulheres, idosos, feridos... e noutros patamares... médicos, funcionários das organizações internacionais, e jornalistas, que tentam prestar ajuda, e dar a conhecer os cenários de guerra, com o grau de sofrimento, que se pudesse, nos seria ocultado... para que andássemos indiferentes, mais uns séculos...
Mais um poema notável, Jaime, que nos traça um preciso enquadramento, das guerras de agora... que me causam uma revolta profunda, não tendo já adjectivos suficientes, para as qualificar... ou desqualificar, como será mais o caso!
Beijinhos! Continuação de um excelente e inspirado Novembro!
Ana

Ana Tapadas disse...

Poema lúcido, forte e necessário!

Abraço