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segunda-feira, 2 de junho de 2025

Chalaça doméstica [618]

 


Escravos do brilho e da cor,

dançamos na verdade e na mentira.

Se não dançamos,

não sabemos do gelo intenso

que há no cimo das montanhas

ou do calor sufocante

no meio dia do deserto.

Mas dançamos e,

sob as vestes,

temos um corpo mortal que resiste

a tudo a que, sozinhos,

pensamos fazer frente,

mas que não é senão

a chalaça doméstica

da verdade em que nos cremos.



© Jaime Portela, Junho de 2025


50 comentários:

ilblogdiolga disse...

Hoi apprezzato molto questa poesia!Olga

silvia de angelis disse...

Osservazioni profonde, e di grande realtà in questo cantico che induce a riflessioni non scontate.
Un caro saluto

Mário Margaride disse...

Assi é amigo Jaime. Vivemos numa chalaça carregada de vozeirões de extravagância, onde os charlatões medem entre si que berra mais alto.
Gostei deste poema, amigo Jaime.
Abraço de amizade, e boa semana!

Mário Margaride

chica disse...

Jaime, gosto muito de tuas poesias que sempre fazem pensar! Linda! abraços, chica

Cláudia disse...

Na muche!

Cláudia - eutambemtenhoumblog

Lucimar da Silva Moreira disse...

Sim amigo Jaime muitos dançam na verdade e na mentira, tenha uma boa semana abraços.

AMALIA disse...

Es para meditar tu gran poema.
Excelentes letras.
Feliz semana.
Un abrazo.

ematejoca disse...

Poema que fala sobre a nossa relação com a verdade, a ilusão e a mortalidade. A ideia de que dançamos entre a verdade e a mentira sugere que muitas vezes vivemos num equilíbrio delicado, sem sempre saber o que é real ou ilusório. Mesmo assim, temos um corpo mortal que resiste às dificuldades, embora muitas vezes seja apenas uma brincadeira doméstica diante da grandeza da verdade.

Abraço, desejando-lhe um mês de Junho bonito e a continuação de profundo pensamento.

Aleatoriamente disse...

Jaime, seu poema me levou a refletir sobre o quanto dependemos desse “dançar” seja de corpos, de palavras ou de histórias para não congelar na realidade dura ou nos assar sob a aridez de viver sem calor. Ao dizer que, se não dançamos, “não sabemos do gelo intenso que há no cimo das montanhas ou do calor sufocante no meio dia do deserto”, você revela que o movimento (físico ou simbólico) é, paradoxalmente, a forma de experimentarmos polos opostos da existência. É como se a dança, na verdade, fosse a única lente capaz de ampliar nossa percepção, tanto do êxtase quanto do sofrimento.
Mas então você nos lembra de que dançar não nos torna invulneráveis. “Sob as vestes temos um corpo mortal que resiste a tudo a que, sozinhos, pensamos fazer frente”. Há um tom de ironia e de doçura nessa imagem: mesmo entregues ao bailar de cores e de ilusões (verdadeiras ou falsas), seguimos frágeis, presos a esse corpo que, por mais que suporte, jamais se eleva totalmente acima de sua finitude. A “chalaça doméstica da verdade em que nos cremos” sugere que a própria certeza de sermos quem somos de entendermos a nós mesmos é, no fundo, um jogo interno de sombras, algo confortavelmente enganoso.
Em resumo, seu texto dialoga diretamente com a condição humana: dançamos para sentir, para aguentar, para comprovar que vivemos intensamente. Mas, por trás da coreografia, segue o corpo finito, insistindo em nos lembrar de que a única verdade definitiva é a transitoriedade de tudo inclusive do brilho e da cor que um instante antes nos aprisionavam em êxtase.Obrigado por essa belíssima provocação poética.

Abraço!

Eros de Passagem disse...

É esse o desafio, Jaime: aprendermos o instante da verdade e da mentira para a compreendermos o sentido da vida, sabendo que a única certeza que só dispomos de um corpo físico para atravessar o caminho...
Aqui há sempre profundidade no fazer poético.
Um grande abraço,

Roselia Bezerra disse...

Olá, amigo Jaime!
Desde criança ouvia dizer que era preciso dançar conforme a valsa...
Fui crescendo e vendo que se vive assim, muitas vezes, até o fim... uma verdadeira chalaça sem fim.
Entretanto, a verdade um dia virá à tona e a transparência resistirá firme nas famílias.
Tenha um junho abençoado!
Abraços fraternos

Marli Soares Borges disse...

Lindo, verdadeiro e dolorido, como é nossa própria condição humana. Assim é seu poema, Jaime, de uma sutileza ímpar. A metáfora da dança é perfeita e traduzo como o fio condutor que nos permite o equilíbrio entre a verdade e a mentira (o que nos parece ser e parece não ser). E envolvendo tudo isso, como um papel de seda finíssimo, está a nossa finitude, a nossa fragilidade diante dos acontecimentos que nos cercam. Embora estejamos vivenciando momentos mágicos de enlevo e encantamento, a precariedade de nosso corpo físico é a comprovação concreta de que somos viajantes desse planeta.
Um abraço.

São disse...

Dancemos até nos ser possível e ao ritmo que nos coube , mas nunca sem perdermos o sentido maior da vida.

Abraço, meu amigo, bom Junho

Ane disse...

Hoje em dia temos que nos esforçar para ter certeza do que é verdade ou o que é mentira. Dançamos sempre. Um abraço e boa semana! (●ˇ∀ˇ●)

Eduardo Medeiros disse...

Jaime, cada poema teu é um soco no estômago!

nós, nossas danças, nossos desafios, nossas escravidões, não passam mesmo de chalaças que nós mesmos produzimos para nosso corpo mortal.

Teresa Isabel SIlva disse...

Quero agradecer a reflexão que nos trouxe!
Aproveito também para desejar uma boa semana!

Bjxxx,
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snobe casamang disse...

WOW very strong poem but so nice to read, I like so much how you can mix easily the opposites, thanks a lot for sharing, hugs.

Silent Movie - ©Theda Bara disse...

The ice is not in the mountains, but inside the people who want to climb to the top of it at any cost.
(ꈍᴗꈍ) Poetic and cinematic greetings.

brancas nuvens negras disse...

E acreditamos na nossa finitude.
Boa semana.
Um abraço.

J.P. Alexander disse...

Profundo poema. Me gusto mucho. Te mando un beso.

Malania Nashki disse...

Hola estimado Jaime.
El tema es que a veces mienten tan bien que no nos damos cuenta. Y cuando ello ocurre, ya es tarde para reaccionar. Los que mienten creen en su propia mentira como que es verdad.
Saludos. Besos

Pedro Coimbra disse...

Uma constante pantomima.
Abraço, boa semana

TORO SALVAJE disse...

Todo parece un chiste malo, una broma de mal gusto.

Saludos.

Isa Sá disse...

Mais um bonito poema.
Isabel Sá
Brilhos da Moda

Marta Vinhais disse...

Caminhamos na corda bamba...à espera de encontrar uma outra verdade diferente da que os outros embelezam de acordo com os desejos.
Beijos e abraços
Marta

Janita disse...

Cada um de nós, à sua maneira, é pantomineiro, chalaceiro, mentiroso, da sua própria verdade.
Se se diz que a poesia não é, nem pode ser, interpretada com rigor, de que adianta expandir-me em longas apreciações sobre um poema que muito insinua e nada diz? Falo por mim, obviamente! Só o poeta sabe ode quis chegar...

Um beijo, caríssimo amigo Jaime.

Emília Pinto disse...

" Se o povo fosse sábio outro galo cantaria ", mas, Jaime, o povo, hoje em dia, desafina muito; a ética nas nossa sociedade há muito está esquecida e por isso os mesmos galos continuam a cantar e aqui vamos nós dançando no meio da decadência que nos cerca. Tentamos não dançar conforme a música, mas torna-se difícil a não ser que nos alheemos, desligando a TV, não lendo jornais e muito menos os faces, istagrans e outras ditas redes sociais; desinformados, mas sossegados no nosso isolamento. Isto também não nos serve e a solução é seguir, tentando destrinçar este emaranhado de informações
contraditórias e tantas vezes falsas. Gosto de certos programas, como o Eixo do mal, principio da incerteza e mais alguns do mesmo género, mas o que vejo, salvo raras exceções é cada um a " puxar o rabo à sua sardinha " e, no fim, ficamos sem saber quem está mais certo. O melhor é ficarmos com a nossa opinião, tentando que ela não seja influenciada pela dos outros. Às vezes consigo, mas há muita gente que nem sequer tenta e vai, simplesmente atrás do que ouve e vê. É a sociedade que temos....é o Portugal que temos
Beijinhos, Amigo e parabéns pelos poemas que connosco partilhas. Fica bem, com saúde, especialmente
Emília 🌻 🌻

Os olhares da Gracinha! disse...

Por vezes... dá jeito acompanhar o bailado! 👏😘

Minas cap disse...

Que interessante essa matéria que acabei de ler, até compartilhei no meu Facebook.https://noticiasdaweb.com.br/vale-cap/

RÔ - MEU DIÁRIO disse...

Oi, tudo bem?
Olha, para não desistir, não releio o que me atrevo a escrever, mas com o comentário que o senhor, tão gentil, deixou no Diário da Rô, eu mudei de ideia. Talvez não dissesse que sou filha de negra casada com homem branco, portanto, sou parda, mulata ou mestiça, talvez. Mas gosto de dizer que sou negra, como mamãe. Minha “tia”, branca, é casada com europeu. Branco também. Ninguém lá em casa, por razões óbvias, é racista, mas infelizmente falei que viriam nos visitar ela e o marido. Acontece que ela não veio acompanhada com um europeu, como falei, mas com um belo senegalês, se me faço entender.
Um abraço, obrigada pela visita e fique com Deus.

RÔ - MEU DIÁRIO disse...

Saudades da senhora, D. Ane.

RÔ - MEU DIÁRIO disse...

Oi, tudo bem com a senhora? Um bju!!!!

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

Boa tarde JP
Um poema que, com linguagem depurada, nos convida a refletir sobre a condição humana, entre a ilusão e a verdade, entre a dança que disfarça e o corpo que resiste. A imagem do “gelo intenso” e do “calor sufocante” projecta contrastes que espelham a dureza do real. No fim, resta a ironia subtil: a verdade que julgamos possuir talvez não passe de uma encenação doméstica. Uma leitura que ecoa depois do último verso.
Muito bem escrito.
Deixo um abraço.
:)

Luiz Gomes disse...

Boa tarde e um excelente terça-feira meu querido amigo Jaime. Desejo um mês de junho, com muita inspiração e cheios de belas poesias.

Ailime disse...

Boa noite Jaime,
Um poema magnífico com muitas metáforas, mas que interpreto como sendo a realidade política que temos no nosso país e que, com verdades e mentiras, nos fazem "dançar" como se fossemos fantoches.
Um beijinho e continuação de boa semana, amigo Jaime.
Emília

Lucia disse...

Olá caro Jaime.
Um poema bem expressivo.
Gostei imensamente meu amigo poeta.
Uma feliz semana pra você.
Beijo 💋

lis disse...

São dois polos que se atraem ,Jaime
E seus temas sempre pertinentes , obrigada por fazer-nos pensar,,,
meu abraço e boa semana

Garfield disse...

Vivemos na ilusão até que tropeçamos nela e batemos o rosto no chão. 😺

O conteúdo do seu blog é muito interessante.

Já estou entre seus amigos.

Venha se juntar aos meus amigos, agora nessa minha experiência na blogosfera.

Abraços 🐾 Garfield Tirinhas.

L e n a disse...

Belo poema para refletir Jaime

Gostei muito

Beijinhos

Isa Sá disse...

Mais um belo momento de escrita.
Isabel Sá
Brilhos da Moda

Pedro Luso de Carvalho disse...

Olá, amigo Jaime,
o amigo e poeta português, escreveu um
singular poema que gostei muito de ler.
Uma ótima semana, paz e saúde.
Grande abraço.

Olavo Marques disse...

Olá talentoso Jaime!

Vivemos entre verdades e mentiras que criamos para aguentar a vida. Gostei muito do poema!

Abraços! 🤗

stella disse...

Nos invitas con tu poema Jaime a la reflexión, a interiorizar y ser justos con nosotros mismos y nuestros actos en la vida, hay que saber llevar el ritmo del baile que nos toque para afianzar nuestros pasos
Entrar a tus versos es aprender con ellos, gracias poeta
Un abrazo

Mário Margaride disse...

Olá, amigo Jaime,
Passando por aqui, para desejar um bom fim de semana, com tudo de bom.

Abraço amigo!

Mário Margaride

http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com

SOL da Esteva disse...

As ilusões sobram e são de todos os gostos. Não esxistem verdades verdadeiras.
Delícia de Poema. Parabéns, Jaime.

Abraço,
SOL da Esteva

Olinda Melo disse...

Na nossa verdade habitamos e ai de quem
nos faz ver que há outras verdades.
Interpretamos o que vemos à nossa maneira
e nem sempre conseguimos vislumbrar que,
talvez, tudo não passe de uma grande mentira.
Bom domingo, amigo.
Abraço
Olinda

Ana Tapadas disse...

É assim mesmo, meu amigo!
Este poema é a própria vida, a de cada um de nós, a vida doméstica e ilusória...
Dancemos, meu caro poeta.
Um abraço

Mário Margaride disse...

Boa noite, amigo Jaime
Passando por aqui, para desejar uma boa semana, com tudo de bom.
Abraço de amizade.

Mário Margaride

http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com

Parapeito disse...

Gostei, gostei.
A vida é assim.
Umas vezes dançamos sem ritmo, outras" dancing in the rain" e outras ainda "dance me to the end of love"
Sempre bom ler os seus sentires.
Abraço e brisas doces ****

Meulen disse...

Este poema plantea una reflexión sobre la dualidad entre la ilusión y la realidad, la fragilidad del cuerpo y la resistencia del espíritu. La imagen de bailar en "la verdad y la mentira" sugiere que la vida se mueve entre lo auténtico y lo ilusorio, y que la acción misma de participar—de danzar—es lo que nos permite conocer el mundo, su hielo y su fuego.
Quizás el alejarnos de las creencias profundas que nos legaron nuestros ancestros , nos hace deambular más por los laberintos sin destino claro.
Abrazos.